3 empresas que estão faturando com a crise
Serviços que ajudam o empresário a reduzir seus custos de operação viram a salvação de quem não quer fechar as portas mas precisa se ajustar

“O pão quente do momento é vender economia para as empresas.” A frase é de Rafael Carrenho Batista diretor-executivo de Beconomy, mas poderia estar na boca de qualquer empresário no país.
O número de falências medido pela Boa Vista SCPC cresceu 36% no primeiro bimestre deste ano. O micro e pequeno empresário está no clima do “salve-se quem puder” – quem quiser se manter de pé até que a tormenta vá embora, vai ter de melhorar a eficiência, aumentar a produtividade e, principalmente, cortar custos.
Não é por acaso que as empresas que prestam serviços nesse sentido estão ganhando dinheiro na crise. Um ditado popular de origem desconhecida retrata fielmente o papel dessas empresas neste momento do mercado: “enquanto uns choram, outros vendem os lenços”.
Batista é um desses “vendedores de lenços”. A Beconomy é uma consultoria orientada para redução de custos com tecnologia da informação, estrutura de dados e telefonia dentro de empresas. Nascida em 2015, precisou acelerar sua entrada no mercado para acompanhar esta onda que, para eles, seria positiva. “O número de contatos que recebemos das empresas já aumentou 26% –destas, metade fecha contrato.”
Uma vez contratada, a Beconomy vai direto para as contas da empresa. Todos os custos são mapeados, comparados com o mercado e renegociados. A economia acontece quanto maior for o volume de empresas fechando novos contratos com fornecedores de telefonia e tecnologia. “Como eu fecho 6 ou 7 contratos ao mesmo tempo, consigo redução de preço no fornecedor e as empresas pagam menos.”
O lucro da Batista vem do resultado alcançado – a empresa fica com uma parcela do total que conseguiu economizar. A má notícia – ou a oportunidade de negócio, a depender do apetite ao empreendedorismo do leitor – é que a Beconomy ainda não atende as micro empresas – o serviço é exclusivo para companhias com faturamento a partir de R$ 1 milhão.
MEU BOX, MINHA VIDA
Ao contrário, da Beconomy, a Metrofit tem atendido a empreendedores de todos os tamanhos – especialmente as menores. As empresas que trabalham com estoque estão encontrando nos self storages uma alternativa mais barata e eficiente ao aluguel de galpões e imóveis.
O termo em inglês é utilizado para nomear aqueles grandes imóveis que ofertam o aluguel de boxes para armazenamento de todo o tipo item. O contratante aloja seus produtos, tranca o box e é o único responsável pela gestão e manuseio do que há la dentro.
“Temos sido procurados como uma uma ferramenta estratégica para flexibilizar a aquisição de espaço conforme a demanda”, diz Arthur Ostrovsky, gerente Geral de Operações na MetroFit. “Se em um mês a empresa tem mais estoque, ela pega um box de 50 metros quadrados. Se o estoque cai, ela troca para um box menor.” A economia pode chegar a 40%.
Mas esta não tem sida a única modalidade utilização do self storage. Ostrovsky tem recebido na Metrofit móveis de empresas que demitiram seu pessoal por conta da crise. Para se livrar mais rápido do custo dos imóveis, empresas chegam a alugar 500 metros quadrados para depositar o mobiliário do escritório desativado.
A demanda de empresas pelo serviço já aumentou 50% desde o final do ano passado. Um dos clientes mais recorrentes, segundo Ostrovsky, são as empresas de e-commerce que utilizam a Metrofit como uma forma de adequar seus estoques ao menor custo possível.
FRETE AMIGO
E por falar em comércio eletrônico, quem tem um sabe que o empacotamento e o transporte dos produtos é um dos momentos do processo que exige mais atenção. Manter uma equipe inteira para esta parte do serviço está ficando cada vez mais difícil para as empresas – e é por isso que a Mandaê está crescendo.
A Mandaê é uma empresa que faz a coleta, o empacotamento e o frete de produtos. Atualmente, 60% do seu faturamento vem dos pequenos e-commerces. “As empresas grandes têm condições de suportar um departamento de logística”, explica Marcello Farias, gestor de comunidades da Mandaê. “Para uma empresa pequena, o custo fica alto demais.”
Não se trata apenas do preço do envio pelos Correios ou por empresas terceirizadas – a equipe para manuseio e empacotamento também custa dinheiro, assim como o risco de extravio e danos no produto durante o processo de embalagem. “As empresas acabam economizando tempo, material e pessoal.”
Com todo mundo de olho na redução de custos, não poderia ser diferente: a empresa espera aumentar em dez vezes o seu faturamento este ano – com crise e tudo. Fundada em 2014, a Mandaê conta hoje com cerca de 50 funcionários e faturou R$ 3,2 milhões no ano passado