10 insights da Zee.Dog para inovar com a marca própria
Diferente do conceito tradicional, modelo de negócio da pet tech cria produtos disruptivos com a própria marca, como coleiras de neoprene e roupas para os donos dos pets, para se destacar em um mercado com pouca diferenciação
Para fazer valer o seu slogan "Conectando cachorros e pessoas", a Zee.Dog, pet tech fundada em 2012 pelos gêmeos cariocas Felipe e Thadeu Diz e o amigo de infância Rodrigo Monteiro, sempre investiu pesado em inovação. É assim que a empresa se destaca em um mercado sem diferenciação, mas que deve crescer 14% e lucrar R$ 60 bilhões em 2023, segundo o Instituto Pet Brasil.
A Zee.Dog se diferencia atuando como uma espécie de fast fashion de produtos premium para animais de estimação, lançando coleções a cada três meses. Entre elas, caminhas de R$ 500, coleiras de neoprene, guias e peitorais com estampas da franquia Star Wars ou Nintendo "para cachorros de atitude", e até roupas para os donos.
No mercado tradicional de marcas próprias, que ganha cada vez mais espaço entre consumidores atraídos pela dobradinha preço baixo e qualidade, um player empresta seu nome bem conceituado para vender itens de supermercado ou farmácia. Já no modelo de negócio da Zee.Dog, a criação de produtos diferenciados é que consolida sua própria marca no mercado.
Adquirida em 2021 pela gigante Petz por R$ 715 milhões, a meta da Zee.Dog é ser mundialmente conhecida como o "melhor ecossistema pet até 2025". Presente em mais de 50 países, agora também conta com o Petz Innovation Studio para dar conta de tanta novidade.
Para desenvolver artigos cada vez mais inovadores para conectar pets e humanos, Pedro Zunzunegui, co-fundador e CIO (diretor de inovação) da pet tech, lista dez passos fundamentais. Confira:
1 - DESIGN DE CIMA PARA BAIXO - Uma marca de sucesso é feita por líderes que acreditam 100% no negócio - vide a simbiose Apple-Steve Jobs, segundo Zunzunegui. Para o diretor de inovação, é fácil descartar mudanças por causa de custos ou qualquer valor que não seja financeiro. "Se não gera experiência, se não acredita, a marca sempre morre."
2 - PRODUTOS PARA NÓS, POR NÓS - Quando o produto nasce de uma "dor", ou seja, de uma necessidade, certamente vai satisfazer quem tem a mesma - caso do Zee.Now, app de entrega em até 30 minutos que funciona 365 dias por ano das 7h às 23h, e que bombou nos tempos nada saudosos de isolamento social. "Quando não tem dor envolvida no processo, nem vale desenvolver o produto."
3 - QUEBRAR AS REGRAS - Não basta uma casinha, é preciso uma cama para cachorro. Essa é a Zee.Bed, que vem dentro de uma caixa, é forrada com viscoelástico, impermeável e até antialergênica. Para Zunzunegui, "se a marca quer fazer sucesso, tem que fazer diferente da concorrência."
4 - FAZER DEZ VEZES MELHOR QUE A CONCORRÊNCIA - Das roupas de mergulho à evolução em termos de coleira de cachorro, confeccionada em neoprene, a linha de guias da marca própria da Zee promete resistir à água e à ação do tempo. É esse diferencial que garante o sucesso, segundo o CIO, pois um produto aparentemente tão commodity se destaca por deixar de ser só mais um no mercado.
5 - COMETA ERROS, MAS RESOLVA RÁPIDO - Sempre vá corrigindo tudo o que acontece com um produto. Se deu errado, aprenda com o erro, corrija e lance de novo. Zunzunegui explica que a importância de lançar o produto no mercado ajuda na sua evolução - como a Banana, brinquedo de morder recheável com guloseimas para controle de ansiedade, que às vezes não resistia à avidez das brincadeiras dos doguinhos, se desfazendo em pedaços que colocavam sua saúde em risco.
"Vendemos muitas, mas também tivemos muitas reclamações", lembra. Após realizarem pesquisas e trocarem o material emborrachado por TPE (tipo de borracha termoplástica resistente à rupturas), recolocaram a banana no mercado. "Hoje ela está no nosso top 10 dos brinquedos mais vendidos."
6 - 80/20 - Usar o Princípio de Pareto para tudo - 80% dos efeitos surgem de apenas 20% das causas - é uma forma de dar velocidade aos negócios. Ou seja, 80% do faturamento vêm de 20% do esforço para criar novos produtos, já que a Zee.Dog não faz estudos de mercado, mas pergunta direto para as pessoas o que elas precisam, e observa atentamente a concorrência, segundo o CIO. "Além de dar velocidade ao processo de inovação, tira o medo do risco", afirma.
7 - POUCAS REUNIÕES E CANAIS INFORMAIS - Para tomar uma, ou algumas boas decisões, 90% do dia precisa ser livre de reuniões, destaca o executivo. Caso contrário, não sobra muito tempo para trabalhar, e trabalhar é sinônimo de tempo para pensar. Principalmente em inovações.
"Manda uma mensagem rápida, um gif para a equipe e acabou. Dá para tomar pelo menos 10 decisões por segundo e avançar rápido, sem Powerpoint para mostrar gráficos nem perder tempo."
8 - SE NÃO É UM "UAU", É UM NÃO - Há uma norma da Zee que prega que o produto que for criado tem que ser postado no Instagram para as equipes das lojas próprias e das franquias avaliarem.
Se ninguém se chocar, nem ficar entusiasmado, nem precisa seguir em frente com a ideia, diz. "Nem faz. O nível de exigência tem de ser alto para não deixar o produto cair na mediocridade."
9 - INSPIRE-SE EM OUTRAS INDÚSTRIAS - Copiar e adaptar alguma ideia, ou "olhar sempre para o lado", conforme diz Zunzunegui, é importante para inovar de acordo com cada modelo de negócio - caso da Guia Mãos Livres da Zee.Dog, que permite ajustar a coleira ao corpo do dono do cachorro para que andem ou corram juntos.
Ou seja, as mãos ficam desocupadas, mas o pet continua em segurança junto ao dono. "Ficar olhando só para a sua indústria faz você perder oportunidades."
10 - VISITE AS FÁBRICAS - Essa é a grande diferença de se criar tantos produtos de marca própria: acompanhar a produção regularmente. A equipe da Zee.Dog viaja a cada seis meses para acompanhar as fabricantes chinesas, ou o Zee.Lab, na Espanha.
"Uma coisa é olhar de longe. Outra é acompanhar de perto para oferecer produtos melhores, tecnologias novas e preço justo. É isso o que nos ajuda na inovação", diz o CIO.
IMAGEM: Zee.Dog/divulgação