Vendas caem 5,3% em julho
Cidade de São Paulo registra queda nas vendas do comércio pelo quarto mês seguido. Alta dos juros e restrição ao crédito podem justificar o baixo desempenho

As vendas no varejo da cidade de São Paulo seguiram em baixa em julho. O Balanço de Vendas da ACSP (Associação Comercial de São Paulo) registrou queda média de 5,3% no movimento de vendas no comércio da capital em comparação com o mesmo período do ano passado.
Na comparação mensal, o efeito foi positivo porque o calendário de julho tem dois dias úteis a mais, e com isso, as vendas avançaram em média 4,6% em julho sobre o mês anterior (+1,1% a crédito e +8,1% à vista).
Julho é o quarto mês seguido de queda, segundo o Balanço de Vendas. Em 2015, o único mês que apresentou saldo positivo foi março.
À VISTA E A PRAZO
De acordo com o indicador de vendas a prazo e à vista, em julho, as vendas apresentaram recuo de 5,5% e de 5,1%, respectivamente. No acumulado do ano, o varejo paulistano já apresenta retração média de 4,1% (-3,7% a prazo e -4,5% à vista).
Para Alencar Burti, presidente da ACSP e da Facesp (Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo), o desempenho das vendas pode ser explicado pela alta dos juros e pela maior restrição ao crédito.
“A roda da economia está girando para trás. Para combater a inflação, o Banco Central continuou a subir a taxa de juros. Com isso, o crédito fica mais caro, e as vendas, sobretudo a prazo são afetadas”, diz. “A confiança do consumidor está cada vez mais baixa com o aumento do desemprego.”
INADIMPLÊNCIA
O IRI (Indicador de Registro de Inadimplentes), que mede os atrasos nos carnes das lojas - sem contabilizar débitos bancários nem dívidas com tarifas públicas (luz, água) e outros serviços, apresentou queda de 4,9% na comparação interanual. No acumulado do ano, o encolhimento foi de 7,8%.
O IRC (Indicador de Recuperação de Crédito), que mensura o cancelamento de dívidas – registrou diminuição de 8,8% em julho ante julho do ano passado. No acumulado de 2015, o recuo foi de 10,6%.
“A inadimplência está caindo porque as pessoas não estão comprando. Ao mesmo tempo, quem já estava endividado não consegue sair da inadimplência, porque não tem mais sobras no orçamento para quitar ou renegociar esses débitos”, diz Burti.
O presidente da ACSP diz que a dificuldade de sair da inadimplência é reflexo do aumento do desemprego, da alta na inflação dos alimentos e da elevação da taxa de luz. “Em outras palavras, mercado e consumidor estão se ajustando à nova realidade. É o que o governo também deveria fazer, ajustando seus gastos”.
*Foto: Daniel Teixeira/Estadão Conteúdo