Temer: prós e contras

Estivemos e continuaremos esperando qualquer sinal de ‘Estado mínimo’, mesmo porque, por incrivel pareça, isso ainda parecer ser um palavrão

Nelson Barrizzelli
13/Mai/2016
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Para manter as esperanças, primeiro os PRÓS:

1. Os agentes econômicos notáveis, mantiveram a sua boa fé no petismo até 2013. Mas, nos últimos 2 anos e meio, com os interesses contrariados, esses agentes passaram a acusar o governo federal de que tudo estava dando errado no país.

Na verdade tudo já vinha dando errado desde 2009, mas ninguém queria ver, porque todos estavam ganhando a curto prazo e isso é mais importante do que pensar o Brasil do futuro.

Certamente com a saída da Presidente Dilma o humor do chamado “mercado” vai mudar. É bom ficar de olho na Bolsa e no dólar nesses próximos 90 dias.

Ótima oportunidade para ganhos elevados no mercado financeiro. Além disso, como haverá mais boa vontade por parte dos principais agentes econômicos, isso pode ensejar, um pouco mais à frente, um ambiente favorável para os negócios que hoje estão parados.  

2. Como sempre, um novo governo tem um período de “graça”. Geralmente são os 100 dias mágicos. Mas Temer não terá esse período todo.

Ele  precisa mostrar a que veio logo de saída. Em tempos de impeachment, 100 dias é longo prazo. Certamente nesse período o país pode parar de piorar. Infelizmente é um período muito curto para a volta do crescimento, mas parar de cair já é uma boa notícia.

3. Novas quedas do PIB além do prevista para este ano, são quase impossíveis. Portanto, mesmo que as expectativas favoráveis não se concretizem, como dizia o Tiririca, “pior não fica”.

4. A única reforma de que o Brasil precisa neste momento a Reforma Política. Esta é a MÃE de todas as reformas. Mas dela pouco se fala.

No entanto, aqui e ali, parece existir um consenso de que precisamos de profundas mudanças na legislação que rege nossas leis nesse campo. Só a existência desse consenso já é uma boa notícia. Claro que o ideal seria que isso fosse pra frente, mas parece que estamos dando o primeiro passo nessa direção.

Agora, os CONTRAS:

1. Como o desemprego não parou de cair e a economia não volta a crescer a curto prazo, é possível que ainda mais pessoas ficarão desempregadas nos próximos 6 meses.

Isso coloca em alerta quem está empregado e diminui mais a demanda por bens e serviços. Portanto não haverá uma reversão instantânea no consumo, mesmo porque ainda temos cerca de 12 milhões de desempregados e o país precisa voltar a crescer para que esse contingente possa ser reabsorvido pelo mercado de trabalho.

2. Como esta crise é uma somatória de problemas econômicos e má vontade política, não podemos esquecer que o novo Presidente é apenas um interino.

Persiste a possibilidade (ainda que remota) de que a Presidente afastada volte. E isso pode mudar o humor do mundo político, como mudou rapidamente nestes últimos dois meses.

Esse humor muda com muita facilidade, porque o político busca a “SUA” sobrevivência no ambiente no qual transita e não o crescimento do país. Aqueles que bajularam Lula e Dilma, agora bajulam Temer. Mas podem mudar de lado, como mudam de roupa todos os dias.

3. Do ponto de vista das práticas que tem infernizado nossas vidas, persiste o “toma lá, dá cá” na formação do novo governo.
Mais uma vez temos uma invasão nos Ministérios, dos políticos devidamente aquinhoados nos 3 períodos passados (ainda que alguns não tanto). Trata-se da tradicional “mudanças das moscas”.

A redução no número de ministérios é típica. Na prática, nada mudou. Houve apenas uma redistribuição de cargos funções. Por exemplo: é absolutamente inadmissível que o Ministério da Ciência e Tecnologia fique na mão de políticos.

O mesmo vale para outros Ministérios de igual quilate, que passam a ser ocupados pelas mesmas “figurinhas carimbadas” apareceram em “albuns” anteriores.

Isto mostra o desprezo com o qual os nossos políticos tratam o futuro do Brasil. Além disso, pelo menos por enquanto, existe apenas o discurso de que o governo será profundamente enxugado e de que o modelo de centralização total das atividades econômicas vitais ao país, será abandonado em favor das esperadas privatizações.

Estivemos e continuaremos esperando qualquer sinal de ‘Estado mínimo’, mesmo porque, por incrivel pareça, isso ainda parecer ser um palavrão. Quanto menos Estado, menos oportunidades para acomodar colegas de partido, amigos, candidatos não eleitos, compadres, etc, etc.

Conclusão

Como se pode ver, continuo com uma visão mais pessimista do que otimista, em relação aos próximos meses. O PMDB, por longo tempo, sempre esteve ao lado dos governos de turno.

Não treinaram para administrar o país com seriedade, pois foram apenas adesistas. Eram meros “suportes” e não protagonistas.
Só deixaram de ser governo nos últimos 3 ou 4 meses.

O PSDB por seu lado, jamais foi oposição. Acostumados a governar, ficaram envergonhados em agir, quando o Brasil precisava de energia e mudanças desde os episódios do Mensalão.

Deu no que deu. Vamos ver no que DÁ agora.

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