STF estende prisão de Esteves; BTG Pactual negocia Rede D´Or
Justiça converte em preventiva a prisão do banqueiro André Esteves e BTG Pactual vende, em caráter de emergência, participação na rede de hospitais, um de seus maiores ativos

O ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), converteu a prisão temporária do banqueiro André Esteves, do BTG Pactual, em preventiva, a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Com isso, não há mais data de vencimento para a detenção do executivo. Sem a decisão de Zavascki, Esteves poderia ser solto a partir desta segunda-feira, 30, quando expirava o prazo de cinco dias da prisão temporária.
A mesma medida foi adotada também para o chefe de gabinete do líder do governo no Senado, Delcídio Amaral, o assessor Diogo Ferreira.
Os dois foram presos na última quarta-feira (25/11), por tentativa de obstruir as investigações da Operação Lava Jato. No caso de Delcídio e do advogado Edson Ribeiro, as prisões já eram preventivas desde o início.
Os quatro são suspeitos de tentar barrar as investigações sobre corrupção na Petrobras e comprar o silêncio de Nestor Cerveró.
De acordo com Zavascki, em nota divulgada pelo STF, os depoimentos prestados desde a realização das prisões e o material coletado em buscas "permitiram o preenchimento dos requisitos para a decretação das prisões preventivas".
Pela legislação penal, a prisão preventiva pode ser decretada para garantir a ordem pública, conveniência da investigação criminal ou assegurar a aplicação da lei, quando há prova da existência do crime e indícios sobre o autor do delito.
A expectativa é de que Delcídio, Esteves, Diogo Ferreira e Edson Ribeiro sejam denunciados pela Procuradoria-Geral da República no início desta semana por tentativa de dificultar as investigações.
VENDA DE PARTICIPAÇÃO
Em negociação iniciadas neste domingo (29/11), o BTG Pactual, na esteira da prisão de André Esteves e do derretimento de suas ações desde a última quarta-feira, se prepara para se desfazer de um de seus principais ativos: a participação de 12% na rede de hospitais D'Or, que tem entre seus sócios o fundo de private equity americano Carlyle e o fundo soberano de Cingapura, o GIC.
Segundo apurou o jornal O Estado de S. Paulo, o GIC deve fechar rapidamente a compra da fatia remanescente do BTG na rede de hospitais, segundos fontes próximas à operação. O valor da negociação estaria próximo de R$ 2 bilhões.
Ao fechar o negócio, o BTG tenta mostrar ao mercado que está bem capitalizado e pode atravessar o período de turbulência provocado pela prisão de Esteves.
O GIC entrou no negócio, fundado pela família Moll, em maio deste ano, ao comprar por R$ 3,2 bilhões uma fatia de 16%, em uma venda em que tanto o BTG quanto os fundadores se desfizeram de participação.
O BTG havia comprado 25,6% da rede de hospitais em 2010 (por R$ 600 milhões), mas, com dificuldades em sua área de private equity, começou a se desfazer de participações no início do ano. Em abril, o banco já havia tido a participação diluída no negócio quando o Carlyle investiu R$ 1,75 bilhão no D'Or e passou a ter 8,3% do negócio.
A preferência pela negociação emergencial com o D'Or, segundo uma fonte com conhecimento do assunto, se dá pela capacidade financeira do fundo soberano GIC de tomar decisões rápidas. "Eles gostam do negócio, estão satisfeitos e têm condições de agir rápido", afirmou a fonte.
A rede D'Or está presente sobretudo em São Paulo e no Rio e tem uma cadeia de 27 hospitais próprios, além de ser responsável pela administração de outros dois empreendimentos.
Na área de negócios, a rede D'Or é considerada o melhor ativo do BTG. O banco foi criticado por vários investimentos que se revelaram malfadados, como a Sete Brasil, cuja tese de investimento foi colocada em xeque após o início da Operação Lava Jato, e BR Pharma, que passa por ajustes e pode exigir novos aportes por parte do banco.
Há ainda a rede de lojas Leader, cujo negócio está sendo reestruturado com a ajuda do consultor Enéas Pestana, ex-presidente do Grupo Pão de Açúcar.
Procurados pela reportagem, GIC, BTG e Rede D`Or não retornaram os pedidos de entrevista até o fechamento desta reportagem.
FOTO: Fábio Motta/Estadão Conteúdo