Quase 100 mil vagas de emprego formal foram fechadas em janeiro

O saldo ficou negativo em 99.694 postos de trabalho e o setor que liderou esse movimento foi o comércio, segundo o Caged

Estadão Conteúdo
26/Fev/2016
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Quase 100 mil vagas de emprego formal foram fechadas em janeiro

Depois de registrar o fechamento de 1,5 milhão de vagas formais de emprego em 2015, o país iniciou o ano com mais um dado negativo do mercado de trabalho. 

O saldo de empregos em janeiro foi negativo em 99.694 postos, pior que o apresentado em janeiro do ano passado, quando ficou negativo em 81.774 vagas pela série sem ajuste.

O resultado, fruto de 1.205.040 admissões e de 1.304.734 desligamentos, é o pior para o mês desde 2009, quando o saldo de empregos em janeiro foi negativo em 101.748 postos, pela série sem ajustes.

Os números foram divulgados nesta sexta-feira (26/02) pelo Ministério do Trabalho e Previdência Social.

O saldo líquido de empregos formais no mês ficou dentro do esperado pelo mercado.

A série sem ajuste considera apenas o envio de dados pelas empresas dentro do prazo determinado pelo MTE. Após esse período, há um ajuste da série histórica, quando os empregadores enviam as informações atualizadas para o governo.

SETORES

Dados do Caged mostram ainda que o comércio foi o setor que mais fechou vagas de trabalho com carteira assinada em janeiro. No total, foram encerrados 69.750 postos no mês passado, fruto de 286.509 admissões e 356.259 desligamentos.

O segundo pior destaque ficou com o setor de serviços, que apresentou retração de 17.159 vagas no mês. O dado foi acompanhado pela indústria de transformação, com menos 16.553 postos, seguido da construção civil, que fechou 2.588 vagas, e da indústria extrativa mineral, que teve menos 1.220 empregos.

O único setor com desempenho positivo em janeiro foi a agricultura, que abriu 8.729 vagas formais de emprego.

PIOR JANEIRO

Newton Camargo Rosa, economista-chefe da SulAmérica Investimentos, diz que este foi um dos piores janeiros desde 2009, em referência ao período após o estouro da crise financeira global, em setembro de 2008.

Em janeiro, o comércio eliminou 67.750 empregos e os serviços, 17.159, liderando os cortes. Indústria e construção civil aparecem em seguida, com 16.553 e 2.588, respectivamente.

Para Camargo Rosa, este é um claro sinal de que o ajuste no emprego feito na indústria pode estar chegando ao fim. "A indústria saiu na frente nas demissões e já não tem muito mais onde cortar. Por outro lado, o comércio e os serviços ainda têm alguma gordura e estão sentindo os impactos da recessão econômica", afirmou.

Pelos cálculos do especialista, se a tendência dos últimos meses se mantiver, o Brasil perderá 1,9 milhão de empregos formais neste ano.

"Não vejo nada no quadro econômico que possa trazer algum sinal de alívio para o mercado de trabalho", afirmou o economista-chefe da SulAmérica Investimentos. Em 2015, as demissões totalizaram 1,542 milhão.

Segundo o banco britânico Barclays, sazonalmente ajustado o Caged de janeiro significa a eliminação de 129.235 postos de trabalho, ante o número também ajustado de 154 mil em dezembro.

"No geral, o resultado de janeiro parece marginalmente melhor, entretanto, se a eliminação de vagas continuar nesse ritmo, chegará a 1,5 milhão este ano, após o recorde de 1,6 milhão de 2015", diz o banco em relatório, assinado pelo economista Bruno Rovai.

Segundo o Barclays, o forte nível de fechamento de vagas reforça a visão de contínua deterioração no mercado de trabalho, o que vai pressionar o consumo das famílias de novo este ano, sendo um dos principais fatores para a recessão prevista para 2016.

"Os números marginalmente melhores em janeiro não nos deixam otimistas sobre uma recuperação no Brasil, mas reforçam nossa visão de que a recessão este ano pode ser levemente mais contida do que em 2015", afirma o texto.

FOTO: Thinkstock

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