Preços de alimentos caem e inflação recua para 0,10%
É o que prevê a FGV para setembro ao revisar para baixo o Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) da Fundação Getulio Vargas (FGV)
A desaceleração do grupo Alimentação na terceira leitura de setembro levou o coordenador do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) da Fundação Getulio Vargas (FGV), Paulo Picchetti, a revisar a projeção para o dado fechado de setembro.
A estimativa passou de 0,30% para 0,10%. "É uma boa notícia para setembro. A trajetória da maioria dos itens, principalmente alimentícios, está conduzindo para desaceleração do IPC-S, que pode fechar com um número favorável, mais próximo de 0,10%", explicou.
Se a projeção de 0,10% for confirmada, ficará aquém do resultado de agosto deste ano, de 0,32%, e também menor que o de setembro de 2015, quando foi de 0,42%.
O alívio nos preços dos alimentos é praticamente generalizado, com exceção de carne bovina. Houve elevação de 1,16% na terceira leitura do mês, após 0,09%.
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Segundo Picchetti, o movimento desta classe de produto contraria a sazonalidade, quando normalmente os preços tendem a cair ou pelos menos ficar estáveis. "Na ponta (pesquisas recente), os preços de vários cortes de carnes estão acelerando a alta", adiantou.
Contudo, o economista disse que as altas em carnes são insuficientes para apagar o alívio em outros preços de alimentos.
"Mais que compensa. O grupo todo está desacelerando", observou. Picchetti citou como exemplo a descompressão em leite longa vida, cuja variação ficou negativa em 7,02% na terceira leitura do mês, depois de retração de 3,58% na segunda.
Os in natura também cederam, com destaque para hortaliças e legumes, com recuo de 7,10%, ante -5,95%. Cebola (-9,86%) e batata (-22,5%) ficaram mais baratas, assim como o tomate, que diminuiu o ritmo de alta para 10,91%, depois de 14,65%. "Na ponta, batata está caindo mais de 25%", disse.
De acordo com Picchetti, outro sinal de suavização no IPC-S até o fim do mês deve vir dos gastos com alimentação fora de casa, que são estimulados pela renda e que começam a sentir o peso negativo da recessão econômica.
O item refeições em bares e restaurantes passou de 0,64% para 0,46% na terceira quadrissemana - últimos 30 dias terminados nesta quinta-feira, 22. "Parece que o efeito chegou. Na ponta, está mostrando queda. Se confirmada, será algo novo", afirmou.
QUEDA
Cinco dos oito grupos pesquisados tiveram queda com destaque para alimentação (de 0,44% para 0,11%). Nesta classe de despesa, o índice teve o impacto, principalmente, dos laticínios que ficaram em média 1,86% mais baratos. No levantamento anterior, os preços destes produtos já tinham recuado 0,21%.
A pesquisa do IPC-S é feita pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) em sete capitais: Recife, Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Brasília e Porto Alegre.
Em educação, leitura e recreação houve alta de 0,39%, bem abaixo do aumento verificado na segunda prévia (0,72%). No grupo transportes, a variação caiu de 0,04% para 0,02%; em saúde e cuidados pessoais (de 0,39% para 0,37%) e despesas diversas (de -0,22% para -0,28%).
Já em habitação, houve elevação no ritmo de aumento (de 0,21% para 0,27%) e o mesmo foi constatado em vestuário (de 0,05% para 0,33%) e comunicação (de -0,01% para 0,01%).
Os itens que mais pressionaram a inflação no período foram: plano e seguro de saúde com alta de 1,05%; banana-nanica (28,69%); refeições em bares e restaurantes (0,46%); tomate (10,91%) e passagem aérea (9,61%).
Entre os que ajudaram a conter a inflação estão: leite tipo longa vida (-7,02%); batata-inglesa (-22,50%); gasolina (-1,03%); banana-prata (-6,01%); feijão-carioca (-4,68%).
*Com informações de Agência Brasil