Petrobras e Eletrobras perdem grau de investimento pela S&P
Ao todo, 24 empresas foram rebaixadas, o que significa que terão piores condições para captar recursos no mercado

A agência de classificação de risco Standard & Poor's (S&P) retirou o selo de bom pagador - a nota de grau de investimento - de 24 empresas nesta quinta-feira (10/09), após rebaixar o rating do Brasil. Na prática, isso significa que elas terão condições piores para captar recursos no mercado.
Ao todo, a S&P rebaixou a nota de 31 empresas brasileiras. Entre as empresas que perderam o grau de investimento estão a Petrobras, Eletrobras e subsidiárias, Comgás, Itaipu Binacional, Ecorodovias, Ecovias, Autoban e CCR.
A S&P rebaixou os ratings da Petrobras de BBB- para BB, em escala global. A perspectiva da nota é negativa e ficou menor do que a brasileira, que é BB+. Dessa maneira, a Petrobras perde o grau de investimento pela agência, após rebaixamento de dois níveis.
Em escala nacional, o rating foi rebaixado de brAAA para brAA, sendo o terceiro nível mais alto do rating local. Isso significa que a agência já não considera a estatal uma boa pagadora de seus débitos, o que complica ainda mais a situação da companhia, que é a petroleira mais endividada do mundo.
Sem o grau de investimento, o acesso a novos financiamentos fica mais difícil e a empresa pode ter de pagar juros maiores que os que conseguia até agora.
A agência Moody’s já havia retirado o grau de investimento da Petrobrás em fevereiro, quando rebaixou o rating de crédito corporativo da estatal de Baa3 para Ba2, além de cortar todas as outras notas da empresa.
Segundo a agência, o rebaixamento refletiu uma maior preocupação com as investigações de corrupção que vêm sendo feitas dentro da Operação Lava Jato, da Polícia Federal. A agência também citou na época que a Petrobras terá dificuldade em reduzir significativamente sua elevada dívida nos próximos anos.
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Segundo a S&P, a companhia foi rebaixada para BB devido ao rebaixamento do rating do Brasil em moeda estrangeira, de BBB- para BB+, uma vez que a empresa tem forte ligação com o rating soberano do país.
Em nota, a Petrobras informou que financiabilidade dos projetos da companhia, no médio prazo, foi alcançada por meio de recursos captados neste ano junto a instituições financeiras no Brasil e no exterior.
"Os financiamentos não possuem cláusulas atreladas ao rating das agências classificadoras de risco. Ou seja, a reclassificação não provocará alterações nos contratos vigentes", informou.
A Standard and Poor's rebaixou também o rating da Eletrobras de BBB- para BB+ com perspectiva negativa. Dessa forma, a estatal perdeu o grau de investimento pela agência. O rating em moeda local foi mantido em brAAA.
A S&P afirmou que o rebaixamento da nota da Eletrobras está em linha com os critérios da agência para as empresas que têm relação com o governo federal.
"Nós vemos a possibilidade de um apoio extraordinário por parte do governo como 'praticamente certa', então igualamos o rating da empresa com o rating soberano", disse a agência.
OUTRAS EMPRESAS
Segundo nota da S&P, 31 entidades brasileiras tiveram o rating rebaixado. Do total, 24 perderam grau de investimento e 14 tiveram a perspectiva alterada para negativa.
"Nós continuaremos a monitorar as condições econômicas para incorporar ainda mais impactos em potencial sobre os ratings dessas empresas", divulgou a S&P.
Entre as empresas que perderam o grau de investimento, estão a Eletrobras e subsidiárias, Comgás, Itaipu Binacional, Ecorodovias, Ecovias, Autoban e CCR.
Já as empresas Globo, AmBev, Ultrapar, Multiplan e Votorantim tiveram os ratings rebaixados em um nível.
A agência também colocou os ratings da Braskem, Klabin e Odebrecht em observação para possível rebaixamento.
13 BANCOS ENTRARAM NA LISTA
A S&P anunciou o rebaixamento dos ratings de crédito em escala global de 13 bancos brasileiros e os ratings em escala nacional de 20 instituições financeiras do país.
A medida, anunciada na quarta-feira (09/09), seguiu o rebaixamento da nota do Brasil. Alguns dos bancos que perderam grau de investimento foram Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, BNDES, Bradesco, Itaú Unibanco e Santander Brasil.
Segundo a S&P, foram revisadas as perspectivas em escala global de companhias de serviços financeiros, e em escala nacional de seis companhias de estável para negativa.
"Também mantivemos a perspectiva negativa de 11 entidades na escala global, e de 16 em escala nacional. Colocamos os ratings de duas entidades em observação para possível rebaixamento, e mantivemos duas na observação 'em desenvolvimento'", diz a nota.
FOTO: Estadão Conteúdo / *Atualização às 20h48