Pequenas inovadoras | A pegada 'saudável' da Natue

Como a sociedade entre um médico e uma economista originou o maior e-commerce nacional de produtos naturais que já alcançou o mercado de três mil municípios brasileiros

Mariana Missiaggia
11/Mar/2015
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Pequenas inovadoras | A pegada 'saudável' da Natue

O desejo de empreender uniu o caminho de Priscila Capellato, 29 anos, economista, e Fábio Katayama, 34 anos, médico. Desde pequeno, em São Paulo, Katayama observava a rotina de seu pai a frente de um escritório de construção civil, e de sua mãe com uma agência de exportação. Priscila cresceu em Valinhos, no interior paulista, vendo o pai administrar a empresa de transporte da família. “Sem dúvida, esse cenário foi determinante para o nosso futuro. Guiou nossas escolhas e postura profissional”, diz a economista.

Priscila se formou e acumulou experiência em startups e empresas de consultoria estratégica. Ao mesmo tempo, Katayama se preparava para se tornar cirurgião. No entanto, a especialização em administração hospitalar e gestão de sistemas de saúde ampliou suas possibilidades. “Durante a residência observei uma lacuna bem interessante a ser explorada na gestão de saúde e negócios. E então, tudo mudou.”

Em 2012, os atuais sócios se conheceram em um evento de empreendedorismo e descobriram que procuravam o mesmo – vender saúde, ou melhor, produtos que possibilitam uma vida mais saudável. Um mercado que, segundo projeção do Euromonitor, movimenta um total de US$ 21,5 bilhões no Brasil. 

Óleo de côco comercializado pela Natue

A sociedade entre um médico e uma economista em uma loja virtual de produtos naturais parecia perfeita. Mas, ainda faltava uma base tecnológica para impulsionar o negócio. Faltava também algo ainda mais vital, dinheiro. 

Na mesma época chegava ao Brasil a Project A Ventures, uma aceleradora alemã, com 50 milhões de euros (cerca de R$ 150 milhões)  destinados a investimentos em empresas de internet e mobile. “Tudo fez muito sentido, pois a Project A trazia exatamente o apoio tecnológico e financeiro que precisávamos”, diz Katayama. 

Em setembro do mesmo ano, a dupla deu início ao plano de negócios e o projeto ganhou nome: Natue. Em um mês, a empresa recebeu o primeiro aporte, responsável pelo investimento inicial, e em dezembro o site já estava no ar.

Snacks naturais, um dos produtos disponíveis no e-commerce

Tudo começou com o empenho de Priscila e Katayama, a ajuda de duas nutricionistas, e a venda de 500 produtos de 40 fornecedores. O próximo passo foi contratar um profissional de compras que já tinha uma relação com fornecedores e entrou para o time um mês depois. 

“O e-commerce fazia muito sentido para nós porque tínhamos experiência. Alavancamos muito rápido. A Project A já tinha uma plataforma pronta para ser adaptada para o Brasil”. Em 2014, o e-commerce brasileiro registrou um crescimento de 24%, ante o ano anterior, e vendeu R$ 35,8 bilhões– resultado dos 103,4 milhões de pedidos feitos, segundo a E-bit. Ao todo, o Brasil soma 61,6 milhões de e-consumidores únicos, aqueles que já fizeram ao menos uma compra online. 

CRESCIMENTO VELOZ

Após o primeiro aporte da Project A Ventures, a Natue recebeu um investimento de R$ 16 milhões dos fundos estrangeiros Alstin e Lakestar, em 2013. Junto com o capital, crescia também o volume físico da loja. Hoje, a empresa emprega 75 funcionários, e oferece 6 mil produtos de cerca de 200 fornecedores.

A vasta variedade de produtos oferecidos inclui grãos, como granola, linhaça, chia, farinhas, óleo de coco, encapsulados, bebidas, como chá de hibisco, café verde, chocolates funcionais, termogênicos, vitaminas, cosméticos naturais, além de suplementos para a nutrição esportiva. 

Priscila e Katayama, no novo endereço da Natue, na Vila Leopoldina

Em apenas dois anos de existência, o atual endereço na Vila Leopoldina, na zona oeste, já é o terceiro da empresa. “Começamos em uma pequena sala, na Vila Mariana, dentro do escritório da Project A. Eram duas salas de 70 metros quadrados, uma para nós e outra para o estoque”, diz Priscila.

De lá, a Natue foi para a Aclimação, um espaço maior, porém ainda limitado.  “Há um ano nos mudamos novamente. Nosso crescimento já justificava um investimento num galpão maior (mil metros quadrados), e já trabalhamos no processo de verticalização do estoque para ficar mais um tempo aqui.” 

Sem revelar o faturamento e volume de vendas, a dupla afirma que o negócio cresceu 400%, em 2014 e já alcançou clientes em dois terços do país – mais de três mil municípios. Mesmo com essa marca, eles admitem que a logística é o maior desafio do e-commerce. “É extremamente complexo e caro entregar no Brasil todo.” 

NUTRICIONISTAS EM TODA A EMPRESA

Muito presente nas mídias sociais e com 150 mil seguidores no Facebook, por exemplo, a Natue aposta no diálogo com os clientes. Outro diferencial da marca é a presença de nutricionistas em todos os departamentos da empresa – 11 no total, inclusive no atendimento ao cliente. “Ter nutricionistas no time é fundamental para todas as etapas do processo”, diz Katayama.

Além da boa fama no mercado, a Natue possui a certificação diamante da E-bit, que significa satisfação máxima, segundo os consumidores. ”Prezamos por qualidade, não podemos errar em nada. Nem mesmo no português, porque o cliente vai associar isso ao nosso serviço”, diz Katayama.

Adepta da musculação e da corrida, Priscila é devota do suco verde e dos produtos comercializados pela Natue, mas acredita em alimentação com equilíbrio. “O importante é garantir o bem-estar com consciência”, diz 

Com a proposta de espalhar um estilo de vida mais saudável pelo Brasil, Priscila e Katayama pretendem ser mais que um e-commerce. “A ideia é promover uma mudança com equilíbrio. Quem adquire bons hábitos, dificilmente os deixa para trás”, diz.

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