O que aprender com a Basf: boas práticas para inovar
A líder mundial da indústria química mantém parcerias com pesquisadores acadêmicos e startups, fomenta sugestões criativas de funcionários e desenvolve projetos com outras empresas

Fundada em 1865, a Badische Anilin & Soda Fabrik (Fábrica de Anilina e Soda de Baden), especializada na produção de corantes, deu origem à maior indústria química do mundo, a Basf.
Mais de 150 anos após a fundação, a empresa tem receitas globais superiores a 70 bilhões de euros e opera diretamente em mais de 80 países.
A empresa é referência em inovação. Nos últimos cinco anos, participou três vezes da lista das cem empresas mais inovadoras do mundo, realizada pela Thomsom Reuters.
Em 2015, a Basf ganhou outro reconhecimento, foi eleita a terceira empresa mais inovadora do Brasil pela consultoria A.T.Kearney, que avalia companhias de acordo com suas estratégias de criação de produtos, serviços ou modelos de negócios.
Para manter o posto de “fábrica de invenções”, a Basf tem reforçado as práticas de inovação aberta, que consiste em criar relações de cooperação com universidades, institutos de pesquisa, fornecedores e clientes para encontrar novas oportunidade de negócios e solucionar desafios que podem ter impacto na empresa e em seu mercado.
“Criar um ambiente de confiança mútua entre os envolvidos é a chave para sucessos em cooperações”, afirma Rony Sato, gerente de inovação e tecnologia da Basf para América do Sul, responsável pela gestão unificada de todos os projetos de inovação da companhia.
Conheça alguns programas de inovação desenvolvidos pela Basf Brasil.
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FOMENTO À PESQUISA CIENTÍFICA
O Top Ciência é uma iniciativa que fomenta projetos de pesquisa conjunta com instituições e pesquisadores acadêmicos.
Instaurado em 2006, o programa surgiu para solucionar um imprevisto. Um consultor agrônomo identificou que um novo fungicida da Basf tinha um efeito colateral – fazia com que a soja crescesse com mais vigor.
A Basf, então, reuniu dez pesquisadores, entre eles professores da ESALQ, e descobriu a razão do fenômeno: um efeito fisiológico benéfico na planta.
O fato motivou a criação de um novo conceito de negócio, batizado de AgCelence, linha de produtos de proteção de cultivos que garante melhor rendimento em diversas culturas, como feijão, trigo e cana-de-açúcar.
Hoje, cerca de 1.200 pesquisadores participam do Top Ciência. A cada dois ano é realizado um evento para premiar os melhores estudos. Os pesquisadores premiados conhecem centros internacionais de pesquisa da Basf e aumentam o network acadêmico.
Uma solução recente decorrente do Top Ciência é o Digilab, aplicativo que permite ao agricultor capturar imagens de potenciais pragas e doenças agrícolas e as compare com um banco de imagem para agilizar o diagnóstico de ameaças em lavouras.
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SUGESTÕES DE FUNCIONÁRIOS
Criado em 1981, o Eureka é um programa de sugestões internas que estimula, capta e implementa ideias de funcionários.
Qualquer funcionário pode submeter uma ideia de melhoria, geralmente inovações incrementais em processos. As ideias são avaliadas em dois critérios: relevância e originalidade (existe um banco de dados com todas as ideias sugeridas).
As ideias são monitoras por um ano após a implementação para mensuração do benefícios. O autor de uma ideia, então, é premiado com honrarias simbólicas ou prêmios em dinheiro.
Um caso relevante foi o de um operador que sugeriu uma nova maneira de armazenar produtos em contêineres de exportação. A medida aumentou em 20% a capacidade de armazenamento e diminuiu os custos logísticos.
Frequentemente, a Basf cria campanhas temáticas, como segurança e eficiência energética, para manter o engajamento. Em 2015, houve cerca de 2.000 sugestões.
“O programa fomenta a cultura da inovação entre os funcionários, que sentem de forma prática os benefícios de suas ideias”, diz Rony.
COCRIAÇÃO EM NOVOS PRODUTOS
Em comemoração aos 150 anos da companhia, a Basf lançou o Creator Space, um plataforma de cocriação que reuni clientes, fornecedores, cientistas e funcionários da empresa em diversos workshops e debates sobre soluções em qualidade de vida nas metrópoles, energia limpa e renovável e alimentação sustentável.
O programa tem como objetivo captar boas ideias que podem ser transformadas em projetos que receberão financiamento da empresa.
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Um dos projetos nascidos do Creator Space é a Casa Econômica, uma edificação construída em São Paulo que utiliza soluções acessíveis da Basf e de empresas parceiras.
A casa é uma proposta de habitação de baixo custo – e uma solução para a demanda por moradia, estimada pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção em 23 milhões de unidades até 2022.
A residência possui, por exemplo, o sistema construtivo Elastopir, composto por telhas e painéis de chapa de aço e espuma rígida que garante maior velocidade na construção, redução de mão de obra, menos resíduos e maior durabilidade.
O sistema também reduz em até 90% a transferência de calor entre os ambientes, sendo 20 vezes mais isolante que tijolos e 80 vezes mais que o concreto.
A Casa Econômica foi criada em conjunto com empresas que oferecem produtos acessíveis e sustentáveis, como a Isoeste (construtivos térmicos), Daikin (ar-condicionado), Redimax (energia solar), Magazine Luiza (mobiliário) e Consul (eletrodomésticos).
ACELERAÇÃO DE STARTUPS
Uma das últimas empreitadas da Basf em busca da inovação é o AgroStart, programa de aceleração de startups criado em parceria com a ACE, eleita três vezes a melhor aceleradora de startups da América Latina.
O Agrostart contempla todo o processo necessário para que uma startup possa validar e escalar seu negócio no mercado agrícola num prazo de até dez meses.
O programa é focado em negócios que atuam em agricultura de precisão; automação em cultivos e criação animal; reposição contínua na cadeia agro; gestão de lavoura e rastreabilidade de produtos (da preparação do solo à gôndola do supermercado).
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Ao se aproximar de startups, a intenção da Basf é desenvolver novos serviços e tecnologias complementares ao portfólio da empresa.
A primeira turma de aceleração recebeu 66 inscrições vindas do Brasil, Chile, Argentina, Peru, Costa Rica e Colômbia. Duas startups foram selecionadas. A segunda turma está com inscrição aberta até janeiro.
As startups selecionadas recebem investimento de até R$ 150 mil, coaching e mentoria de profissionais com experiência em agronegócio, acesso exclusivo a outros investidores e usufruem da estrutura e base de clientes da Basf.
Ao término do programa, a Basf poderá realizar, por meio de sua subsidiária Basf Venture Capital, investimentos, aquisição ou distribuição dos produtos e serviços.
FOTO: João Athaíde/Divulgação