No Dia da Mulher, três histórias de empreendedorismo feminino
O Brasil tem mais de 10 milhões de mulheres donas de seus próprios negócios, como as empreendedoras Creuza Aseka (dir.) e sua filha Gabriela, que lançaram a marca de dermocosméticos veganos ASK
O Brasil é o sétimo país do mundo com o maior número de mulheres empreendedoras à frente dos mais variados tipos de negócios, mas principalmente os ligados à beleza, saúde, moda e alimentação. São mais de 10,3 milhões, sendo a maioria nas classes C, D e E, o que representa 34% do total.
Os dados são do Sebrae, que ainda apontam que 14,2 milhões de mulheres foram atendidas pelo serviço nos últimos 5 anos. No Dia Internacional da Mulher, o Diário do Comércio conta a ascensão de mulheres que se destacaram no mercado e criaram marcas reconhecidas com cases de sucesso.
SEXO COMO NEGÓCIO
Com apenas 19 anos, Natali Gutierrez fundou, em parceria com o atual marido Renan de Paula, a Dona Coelha em 2011. Superando preconceitos e desafios, ela transformou a empresa de sexshop em uma das mais conhecidas do país.
Com um investimento inicial de apenas R$ 600, a marca alcançou um faturamento de R$ 10 milhões em 2023.
Natali atuava como relações públicas em uma empresa de comunicação e nunca tinha pensado em empreender. “Comecei com um blog que abordava pautas sobre sexualidade e o mercado de artigos eróticos. Comecei a receber mensagens de leitoras indagando onde elas poderiam comprar tais produtos. Foi quando surgiu a primeira ideia de apostar no empreendedorismo”, lembra.
Ela começou a vender óleos e fragrâncias afrodisíacas para conhecidos e colegas de trabalho paralelamente ao seu trabalho fixo em comunicação. Todo o dinheiro era revertido para o negócio. Mas a demanda só crescia e a busca por variedade também.
Então, em 2017, Natali lançou a loja virtual Dona Coelha, com uma grande gama de produtos com uma linguagem moderna. Ela pediu demissão para se dedicar ao negócio e cada vez mais se especializou neste universo.
Além de empresária, Natali é uma defensora da educação sexual e da valorização feminina e atua na produção de conteúdos sobre saúde íntima, autoestima e desmistificação da sexualidade.
O público inicial da loja era formado por leitores de seu blog, Instagram e canal no YouTube. Atualmente, a Dona Coelha possui parcerias com influenciadoras de destaque para promover seus itens. É ela quem cuida de todos os produtos e experiências da loja. O marido cuida da TI e do marketing da empresa.
BOUTIQUE DE BISCOITOS
A Biscoitê, marca de biscoitos artesanais e presentes, nasceu em 2012 pelas mãos de Carolina De Nadai Matos com o objetivo de criar a primeira boutique no segmento. Ela se uniu ao marido, Raul Matos, que já tinha trabalhado em diversas empresas de alimentação, para formatar o projeto.
Com receitas exclusivas, criadas internamente e originárias de viagens nacionais e internacionais, a Biscoitê começou com um único quiosque de 17m² e hoje fatura cerca de R$ 40 milhões com mais de 50 boutiques espalhadas pelo Brasil.
Anualmente, a Biscoitê trabalha com cerca de 60 lançamentos, com produtos feitos em fábricas conectadas a empresas ou por ateliês terceirizados comandados por pequenos produtores. As embalagens são criadas por uma equipe de designers interna que buscam criar produtos criativos e exclusivos, que tenham sinergia com os produtos.
“Nosso propósito é despertar a memória afetiva dos clientes por meio dos produtos. E queremos que nossos franqueados tenham a mesma paixão pelos biscoitos que eu tenho desde o começo quando criei a Biscoitê”, diz Carol.
COSMÉTICOS VEGANOS
Em plena pandemia, a empreendedora Creuza Aseka, depois de mais de 40 anos trabalhando no segmento de beleza, tirou do papel um sonho de vida. Com a consultoria da sua filha, a médica dermatologista Gabriela Aseka, lançou a marca, 100% nacional, de dermocosméticos veganos ASK.
A linha tem 90% de produtos veganos, ou seja, não contém ingredientes de origem animal. “Trabalhei durante mais de 40 anos com venda de produtos de beleza e adquiri conhecimento em formulações, princípios ativos e fabricação”, conta Creuza.
A empresária queria criar uma marca que trouxesse tudo o que nunca tinha visto no mercado. “Então, juntei a minha experiência em vendas com a parte técnica da minha filha, e criamos o nosso sonho, que é a ASK Dermocosméticos. É uma marca brasileira feita por mulheres e composta por produtos que acima de tudo visam devolver a saúde da pele”, completa. A ASK tem vendas direta ao consumidor por meio da loja virtual.
QUEM SÃO ELAS?
Já que o Brasil possui mais de 10 milhões de mulheres empreendedoras, afinal, quem são elas e quais os motivos que as levaram a se tornar proprietárias de uma empresa? A Pesquisa Global de Empreendedorismo GoDaddy 2024, divulgada na semana do Dia Internacional da Mulher, foi descobrir.
As empreendedoras no Brasil são predominantemente jovens, com 50% entre os chamados Millennials (entre 25 e 39 anos), superando a Geração X (30%), a Geração Z (14%) e os Baby Boomers (7%).
O estudo ainda aponta as motivações que as mulheres têm para abrir uma empresa. E as respostas foram a necessidade de mais flexibilidade de horários (23%), uma forma de seguir uma paixão (22%) e o desejo de uma fonte adicional de renda (18%).
Além disso, 68% das mulheres informaram que eram mães, o que ilustra ainda mais sua dedicação à busca de um trabalho significativo enquanto administram as demandas da maternidade.
A pesquisa foi realizada pela Advanis em janeiro de 2024 no Brasil, Espanha, México, Colômbia, Índia, Alemanha, Áustria, Suíça, Filipinas, Malásia, Paquistão, Egito, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita.
SÉRIE SEBRAE
O Sebrae lançou na semana do Dia Internacional da Mulher a nova série Olha Elas! , feita por mulheres e para as mulheres que empreendem. O objetivo é que elas compartilhem suas histórias e inspirem outras empreendedoras que atuam em todo o país.
Os vídeos serão publicados ao longo de todo o mês de março e nas primeiras semanas de abril, no perfil do Sebrae no Youtube.
Em formato de bate-papo, as convidadas vão tratar sobre a participação das mulheres em todos os espaços e temáticas: o empreendedorismo feminino preto, o combate à violência contra a mulher, a importância das redes de apoio, a discriminação de gênero, as crenças limitantes e as competências emocionais.
IMAGENS: divulgação