Na crise, vá de arroz doce

Inspirado em modelo norte-americano, empresário do ABC investe em quiosque de arroz doce. O negócio deu tão certo que virou franquia em três meses

Mariana Missiaggia
22/Set/2015
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Na crise, vá de arroz doce

O arroz doce é tão comum na vida dos brasileiros, que parece até que a receita nasceu aqui. Mas não. O doce precisou viajar muito até chegar à nossa mesa. Há quem diga que ele veio de Portugal, outros na África do Sul. 

No entanto, bastou chegar para ganhar uma infinidade de adaptações.

O cravo, a canela, o coco, o creme de leite e a paçoca, por exemplo, já fazem parte da versão brasileira, que de tão famosa levou o empresário Júnior Leite, 39 anos, a deixar para trás a empresa familiar de automação residencial, na qual ele trabalhou durante 20 anos.

ARROZ DOCE DA DONA HORTÊ

Foram quatro anos procurando algo que lhe permitisse inovar. O discurso de um antigo professor lhe martelava a cabeça. “Ele (professor) dizia que tínhamos que escolher um produto que nos permitisse atualizar a cor, o tamanho e o sabor. Além disso, tinha de ser algo com uma embalagem atraente”, diz.

INSPIRAÇÃO

Foi então que Leite conheceu a Rice to Riches, de Nova York – uma loja especializada em arroz doce.

Com uma vitrine em formato de grão de arroz, a loja exibe a sobremesa num modelo parecido com os de sorveterias. São 21 opções que se renovam a cada estação, totalizando 100 sabores. 

RICE TO RICHES, EM NOVA YORK

A partir dessa ideia, Leite se lembrou da receita da mãe. Foram semanas comendo arroz doce até chegar ao formato final.

“Estava com a mente totalmente aberta a qualquer novidade. Além de todas as possibilidades que o alimento me permitia, o arroz doce também tem a característica de nos remeter a uma lembrança familiar”, afirma.

“O arroz doce é um prato que 90% dos brasileiros amam, e 10% odeiam.”

FORMATO

Além de garantir a receita do negócio, dona Hortênsia, mãe de Leite, inspirou também o nome da franquia, que se chama Dona Hortê, e leva em seu logo o retrato da própria.  

LOGO DA DONA HORTÊ LEVA RETRATO DA MÃE DO EMPRESÁRIO

Com um investimento inicial de R$ 800 mil, o empresário comprou todo o equipamento necessário para equipar a cozinha, transformou o modelo de negócio em franquia, contratou uma equipe de nutricionistas e engenheiros de alimentos, e inaugurou a primeira loja própria da Dona Hortê há três meses, no Shopping ABC, em Santo André.

O montante investido pode parecer absurdo para um quiosque, que normalmente custa um terço do investimento em loja, mas Leite afirma que o valor garantiu que formato, identidade visual e equipamentos fossem ajustados às necessidades do produto. 

No cardápio, há quatro sabores diferentes. Além do tradicional, há também coco, doce de leite, amendoim (R$ 10,00) e creme de avelã (R$ 12,00), vendidos em potinhos de 180 gramas.

“Vendemos mil unidades na primeira semana”. Hoje, o campeão de vendas é o de doce de leite. São 3 mil potes por mês.

Além do sabor, o empresário credita o sucesso da marca ao processo de congelamento desenvolvido por sua equipe.

“Trata-se de um produto fácil de se perder. Mas alinhamos uma técnica na qual o produto chega a loja congelado e é servido resfriado”, diz.

VANTAGENS

Por se tratar de um produto único e inédito no mix de variedades do shopping, e dado o cenário econômico de baixos investimentos, Leite garantiu seu ponto comercial por um valor 20% abaixo do praticado. 

Optei pelo shopping porque é um ponto tradicional, e minha cozinha fica próxima. No segundo mês atingi um ponto de equilíbrio e no terceiro, um pequeno retorno.”

“Esse é o momento certo para entrar no mercado, quando todos estão com medo. Provavelmente, eu perderia se esperasse”, afirma.

LEITE E SUA MÃE NO QUIOSQUE DA DONA HORTÊ

Apesar de ter realizado um alto investimento, Leite diz que a abertura de uma franquia Dona Hortê custa cerca de R$ 90 mil.

Leite planeja inaugurar, em outubro, mais uma unidade própria no Grand Plaza Shopping, em Santo André, e conta que tem três franqueados definindo pontos para instalação (dois na Capital e um no ABC).

PARA VENDER MAIS 

Vender o mesmo produto o ano todo exige criatividade para chamar a atenção do público e garantir o volume de vendas. No inverno, por exemplo, estação em que a marca foi lançada, a campanha “Quentinho é mais gostoso” agradou o paladar dos clientes, que recebiam a iguaria quente. 

“Para o verão, apresentaremos uma campanha mais refrescante, e esse jogo é muito importante para que os clientes entendam a versatilidade do meu produto. A ideia é que ele seja lembrado e procurado em todas as épocas do ano por alguma peculiaridade”, diz. 

O sexto sabor a ser lançado, de bicho de pé, será uma edição limitada e especial para o Dia das Crianças – entre 1 de outubro  e 15 de novembro.

FOTOS: Divulgação 

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