Mercado imobiliário do interior de SP dribla a crise com otimismo

Números do interior de São Paulo apontam regiões, como São José do Rio Preto (na foto), com alto potencial para o desenvolvimento imobiliário, mesmo diante do cenário de crise

Mariana Missiaggia
03/Set/2015
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Mercado imobiliário do interior de SP dribla a crise com otimismo

O interior de São Paulo e a Baixada Santista apresentaram grande crescimento econômico nos últimos anos. Acompanhado do crescimento populacional, essas regiões concentram 64% do PIB (Produto Interno Bruto) do Estado e 21% do PIB nacional.

No setor imobiliário, não foi diferente. O número de lançamentos nas regiões de Jundiaí, Campinas, Piracicaba, Bauru, Sorocaba, São José do Rio Preto, Vale do Paraíba, Baixada Santista, e ABCDM tem sido fundamental para o fortalecimento da economia local. 

De acordo com Flávio Amary, vice-presidente do Secovi-SP e diretor da regional Sorocaba do Secovi-SP, cerca de 50 mil novos lotes são aprovados por ano no interior, que nos últimos 10 anos recebeu um acréscimo de 1,9 milhões de domicílios.

Para Amary, o preço mais baixo, terrenos maiores, melhor qualidade de vida e melhora na infraestrutura são alguns dos atrativos do interior do Estado. Em entrevista ao Diário do Comércio, Amary comenta o panorama do mercado imobiliário do interior. 

Qual é a principal diferença entre o mercado imobiliário da capital e do interior do Estado?

Na verdade, se trata de outro mercado, embora possuam as mesmas características.  Dependendo de um momento econômico, o interior pode até ter mais força que a capital. Hoje, estamos assim. Segundo nossos estudos, o interior apresenta menor ritmo na velocidade na queda de vendas, e no número de lançamentos em várias das cidades em que atuamos. Mas, pode acontecer o oposto em outro período. Essa variação depende muito do estoque, e dos lançamentos de cada cidade. 

Por que São José do Rio Preto é considerada um ponto fora da curva?

Rio Preto possui uma grande quantidade de loteamentos horizontais. E até meados de 1995, houve uma forte verticalização. Hoje, são 65 condomínios e loteamentos fechados. Esse dado, por exemplo, pode fazer como que Rio Preto se destaque. A cidade é forte em prestação de serviços, e tem acesso a duas importantes rodovias – Washington Luís e BR 153. Também podemos destacar a área de educação com três polos de medicina, referência em produção de válvulas cardíacas. 

Além disso, nos últimos anos, Rio Preto é a região com maior número de lançamentos de loteamentos. Outros atrativos são a própria característica da região, a demanda e a oferta de terra, os incentivos do Plano Diretor, a estrutura de água e tratamento de esgoto. Ainda mais que isso, acredito que seja a vontade do cidadão de comprar seu terreno e construir sua própria casa, seja de alta ou baixa renda porque, hoje, a região possui empreendimentos que atendem toda a gama de classes socioeconômicas.

Existe alguma cidade do interior que já esteja saturada?

Não existe. Pois demanda existe e sempre existirá. As pessoas continuam nascendo, as famílias continuam aumentando, as pessoas continuam migrando para o interior, se casando e se separando. Tudo isso gera demanda. Podemos ter cidades com estoque maior do que a demanda (exemplo Campinas e Santos), mas que será consumida em seis meses, um ano ou dois. Ou seja, o mercado vai se ajustando, e tentando encontrar o equilíbrio. 

Hoje, vivemos uma turbulência econômica que nos traz um mar infinito de oportunidades no mercado imobiliário. É preciso equilíbrio e discernimento para buscar oportunidades, seja empreendedor, incorporador, loteador ou intermediador. Os consumidores também estão num momento impar para buscar oportunidades e fazer bons negócios. 

A crise tem efeitos diferentes no interior em relação à Capital? O interior é mais resistente?

Cada cidade tem uma característica diferente. Algumas são dependentes do setor automobilístico, outras da indústria exportadora, outras de serviços, e com renda per capita maior ou menor. Temos que tomar cuidado com a generalização, e prefiro manter uma dose de otimismo. Na verdade, a crise existe para todo o país, não é exclusiva de nenhum município.

Alguns sentem menos, e outros mais. De qualquer forma, o mercado habitacional residencial existe e vai continuar existindo. Ninguém deixa de engravidar ou se casar porque o dólar subiu. Se algumas pessoas não podem comprar um imóvel, elas optam pela locação, e talvez o mercado de locação esteja aumentando a receita. Se as pessoas não conseguem comprar imóveis de três dormitórios porque o preço subiu, ou a renda caiu, elas vão buscar um imóvel menor, um pouco mais afastado e com menor preço. Por isso, o mercado residencial tende a sofrer menos que o mercado comercial e industrial, que tem uma relação mais direta com a atividade econômica.   

*Foto: Prefeitura de São José do Rio Preto/Divulgação

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