Inadimplência cresce entre as empresas
Levantamento da Boa Vista SCPC mostrou alta de quase 10% no último trimestre de 2015. Mais endividadas, as empresas buscam menos crédito, que recuou 1,9% no ano passado

A inadimplência das empresas em todo o país aumentou 8,9% em 2015, de acordo com dados da Boa Vista SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito). O indicador é um somatório dos principais mecanismos de apontamento de inadimplência empresarial, isto é, cheques devolvidos, títulos protestados e registros realizados na base da Boa Vista SCPC.
A inadimplência acumulada em quatro trimestres tornou a acelerar 0,9 ponto percentual com relação aos quatro trimestres anteriores, quando registrou elevação de 8,0%. Na comparação do último trimestre de 2015, ante igual trimestre do ano anterior, foi observada alta de 9,5%.
Já comparando o quarto trimestre de 2015 com o trimestre imediatamente anterior, o aumento foi de 1,8%, expurgados efeitos sazonais.
Com exceção do primeiro trimestre de 2015, a inadimplência das empresas permaneceu ao longo do ano em patamares superiores a 8%, consideravelmente elevado quando comparados aos últimos três anos.
A piora do indicador é resultado de um cenário de forte incerteza econômica, com retração da atividade econômica, do crédito para as empresas, de aumento dos níveis de inflação e juros, entre outros fatores.
Com poucas chances de mudanças positivas no cenário econômico no curto prazo, espera-se que para 2016 o fluxo de empresas inadimplentes mantenha a tendência de alta.
CRÉDITO
Com o aumento do endividamento as empresas têm buscado menos crédito. Depois de apresentar aumento de 5% em 2014, a procura de crédito por parte de pessoas jurídicas diminuiu 1,9% no ano passado, no pior resultado dos últimos três anos.
Os dados fazem parte do Indicador Serasa Experian de Demanda das Empresas por Crédito. Em 2013, a demanda tinha ficado estável.
A maior queda, de 19,3%, ocorreu no segmento das empresas de médio porte, seguido pelas grandes empresas com recuo de 14,3%.
Entre as micro e pequenas empresas a queda foi bem mais branda, de apenas 0,7%. A Serasa Experian atribuiu o melhor desempenho das empresas menores aos avanços no processo de formalização e ampliação do número de microempreendedores individuais (MEIs).
Por setor, na indústria foi onde mais encolheu a procura por crédito (-7,8%). No comércio, a busca foi 2,5% menor do que em 2014 e o setor de serviços foi o único a registrar alta, com crescimento de 0,4%.
Na análise por região, foi detectado aumento apenas no Norte do país, onde a demanda cresceu 0,6%. No Sul, a procura caiu 0,2%; no Sudeste, 3,6% e no Centro-Oeste, 3,7%. O Nordeste apresentou a maior queda, de 4,6%.
Os economistas da Serasa Experian avaliaram que “a recessão econômica, a queda dos níveis de confiança dos empresários e o custo do crédito cada vez mais caro determinaram a retração da procura das empresas.”
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