Ilan Goldfajn, o melhor economista de sua geração

É o que afirma Edmar Bacha. De acordo com seus colegas, o novo presidente do Banco Central não será flexível e tolerante com a inflação

Estadão Conteúdo
18/Mai/2016
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Ilan Goldfajn, o melhor economista de sua geração

"Melhor economista de sua geração." É com essa frase que o também economista Edmar Bacha, um dos pais do Plano Real, define Ilan Goldfajn, o novo presidente do Banco Central. Bacha leva em consideração o que qualifica de "rica experiência acadêmica e profissional" do colega.

Além do doutorado pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), Goldfajn foi professor assistente na Universidade de Brandeis, em Massachusetts, período em que atuou no Fundo Monetário Internacional. No Brasil, é sempre lembrado por ter ocupado o cargo de diretor do Banco Central na gestão de Armínio Fraga, mas também foi sócio das gestoras Gávea e Ciano, além de professor do Departamento de Economia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).

"Graças à sua rica experiência profissional, no Brasil e no exterior, que inclui contribuições acadêmicas e vivência profissional, tanto no setor privado quanto no governo, Goldfajn vai ajudar o Meirelles na questão fiscal", diz Bacha.

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Em outras palavras, a perspectiva é que haja a partir de agora uma melhor afinação entre a gestão das contas públicas e o controle da inflação. Apesar de o próprio Goldfajn ter escrito em artigos e relatórios que haveria espaço para o Banco Central reduzir a taxa de juros a partir do segundo semestre, quem acompanha mais de perto o seu trabalho duvida que essa perspectiva se materialize com ele à frente da instituição.

"Ele não será 'dovish'", diz o economista Luiz Fernando Figueiredo, sócio da Mauá Sekular Investimentos, contemporâneo de Goldfajn no Banco Central. Dovish, ou pombo, é o jargão usado para definir quem é mais pacífico e flexível com a inflação.

"Ilan participou da implantação do sistema de metas de inflação e duvido que irá ver com bons olhos uma queda da taxa de juros até que a inflação esteja caminhando para dentro da banda, ao menos no teto da meta", diz a economista Monica de Bolle, pesquisadora do Instituto Peterson de Economia Internacional.

Hoje o centro da meta de inflação é 4,5% e o teto, 6,5%. Mas a inflação está em 9,28% em 12 meses.

Para Monica, Goldfajn também pode acelerar o processo de retiradas dos contratos de swaps cambiais, um instrumento que equivale à venda de moeda estrangeira no mercado futuro e foi muito utilizado pela instituição para intervir no controle da taxa de câmbio. Esse tipo de instrumento é incorporados às despesas com juros da dívida pública e acaba pesando sobre as contas do governo.

Considerado no trabalho uma pessoa acessível, Goldfajn é afeito a formalidades. Prefere o blazer e, sempre que pode, dispensa o terno, a gravata e as abotoaduras.

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Quem trabalha com ele diz que não é preciso marcar hora para discutir qualquer assunto e, se ele precisar falar com um estagiário, dificilmente manda chamar, ele mesmo vai lá conversar. Seu e-mail está à disposição da equipe.

Prefere ter a caixa de mensagens do computador carregada de e-mails a ficar de fora de uma boa discussão ou troca de ideias. "O que mais impressiona os colegas é o fato de ele parecer que leu todos os livros e artigos - as vezes a gente até seleciona um, com a certeza que ele não conhece mas, que nada: ele já leu. É impressionante", diz um amigo que prefere não ter o nome revelado. 

O ex-presidente do BC, Gustavo Franco também fez elogios a indicação de Goldfajn. Na avaliação de Franco, o economista, indicado para o comando do BC, “é o nome da mais alta qualificação”. O ex-presidente do BC, no entanto, evitou dizer se Goldfajn deve ou não acelerar o processo de redução da Selic, a taxa básica de juros. Sugeriu, mesmo assim, que o momento adequado para a queda da Selic tem se aproximado. “Passada essa próxima reunião (do Copom, em junho), já tem gente que acha que o tema está ficando maduro”.

*Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

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