IBGE apura queda de 7% no acumulado de vendas do varejo até maio
Recuo de 0,9% nas vendas do varejo restrito em maio ante abril é o maior para o mês desde 2001. Diante disso, Alencar Burti, presidente da ACSP e da Facesp, defende parada no aumento de juros

As vendas do varejo ampliado, que inclui as atividades de material de construção e de veículos, caíram 1,8% em maio ante abril, na série com ajuste sazonal.
Na comparação com maio do ano passado, sem ajuste, as vendas do varejo ampliado tiveram queda de 10,4% em maio deste ano. Nesse confronto, as projeções variavam entre queda de 11,00% e recuo de 7,00%, com mediana negativa de 8,80%.
Até maio, as vendas do comércio varejista ampliado acumulam queda de 7,0% no ano e recuo de 5,0% nos últimos 12 meses.
Alencar Burti, presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), afirma que os dados confirmam a tendência de desaceleração mais acentuada do comércio em todos os segmentos.
"As informações mais atualizadas da ACSP revelam que, em junho, a queda nas vendas se acentuou e a confiança do consumidor atingiu o nível mais baixo da série histórica, sinalizando que os consumidores estão cautelosos e não se mostram propensos a comprar bens de maior valor nos próximos meses. Isso indica a necessidade de o Banco Central fazer uma parada em sua política de aumento de juros, para evitar um aprofundamento muito forte da recessão”, afirma Burti.
Segundo o Balanço de Vendas da ACSP, em junho o comércio paulistano apresentou recuos médios de 12,3% ante maio e de 5,15% sobre junho do ano passado.?
Os dados do IBGE mostram que as vendas do comércio varejista restrito caíram 0,9% em maio ante abril, na série com ajuste sazonal.
Na comparação com maio do ano passado, sem ajuste sazonal, as vendas do varejo tiveram queda de 4,5% em maio deste ano.
Até maio, as vendas do varejo restrito acumulam queda de 2% no ano e recuo de 0,5% nos últimos 12 meses.
O recuo de 0,9% nas vendas do varejo restrito em maio ante abril é o mais intenso para o mês desde 2001, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Naquele ano, a queda também foi de 0,9%, segundo o instituto.
Já a queda de 4,5% nas vendas em relação a maio de 2014 foi a maior, considerando todos os meses, desde agosto de 2003 (-5,7%). Levando em conta apenas os meses de maio a retração foi a mais intensa desde 2003 (-6,2%).
O resultado mostra que o Dia das Mães não foi suficiente para estancar a desaceleração vivida pela atividade de comércio. Setores antes preferidos pelos brasileiros para presentear as mães viveram, em 2015, o pior momento em anos.
Os setores de tecidos, vestuário e calçados encolheram 7,7% no período, o pior desempenho desde maio de 2009. Já nos móveis e eletrodomésticos, a queda de 18,5% nas vendas em maio ante igual mês de 2014 foi a maior já registrada em toda a série, iniciada em 2000.
No varejo ampliado, que inclui veículos e materiais de construção, a queda de 1,8% em maio ante abril, além de ser a sexta consecutiva, é a mais intensa para o mês desde o início da série, em 2003, apontou o IBGE. Já o recuo de 10,4% em relação a maio de 2014 é o 12º seguido e idêntico ao observado em fevereiro deste ano (-10,4%).
Para Natalia Cotarelli, economista do Banco ABC Brasil, o resultado de maio mostra que o segundo trimestre de 2015 deve ser o pior do ano. "Não esperamos nenhuma recuperação robusta do varejo neste ano. No último trimestre, talvez, a economia como um todo tenha uma leve recuperação", diz a especialista.
Para Natalia, é preocupante o fato de a queda nas vendas do setor estar disseminada e que um dos destaques do resultado ruim seja o setor de supermercados, que tem um peso significativo no indicador.
VAREJO AMPLIADO
O recuo de 1,8% nas vendas do varejo ampliado em maio ante abril foi puxado por sete das dez atividades pesquisadas no setor, informou o IBGE. O segmento de veículos e motos, partes e peças, depois de subir 3,6% em abril, voltou a cair em maio, com perda de 4,6% nas vendas em relação ao mês anterior.
Outros destaques negativos em maio ante abril foram hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-1,1%), móveis e eletrodomésticos (-2,1%), combustíveis e lubrificantes (-0,1%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (-0,4%), livros, jornais, revistas e papelaria (-2 1%) e material de construção (-3,8%).
O segmento de equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação, por sua vez, registrou aumento de 5 5% nas vendas em maio ante abril. O resultado, porém, sucede a queda de 11,9% verificada em abril ante março. Também cresceram as vendas, em maio ante abril, dos segmentos de outros artigos de uso pessoal e doméstico (1,7%) e tecidos, vestuário e calçados (2,7%).
As vendas de veículos recuaram 22,2% em maio ante maio de 2014. Foi a queda mais intensa entre os segmentos do varejo ampliado e a 12ª taxa negativa consecutiva para o setor.
"É um setor que vem tendo impacto direto da (menor) renda das famílias. Com essa conjuntura econômica diferente, menor poder de compra das famílias, o setor está sofrendo mais", explicou Juliana Paiva Vasconcellos, gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do órgão.
As vendas de móveis e eletrodomésticos, por sua vez, tiveram queda de 18,5% em maio ante maio de 2014, apontou o IBGE. Também tiveram recuo nesta comparação hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-2,1%), livros, jornais, revistas e papelaria (-11,8%), combustíveis e lubrificantes (-4,2%) e material de construção (-11,3%).
Atualizado às 14:35