Governo têm saldo negativo de R$ 14 bilhões, o pior da história
Deterioração torna mais difícil o cumprimento da meta fiscal das contas do setor público de superávit primário de 0,15% do Produto Interno Bruto

A piora das contas do governo federal não dá trégua e aumenta as dificuldades para a equipe econômica.
O Governo Central, que reúne as contas do Tesouro Nacional, INSS e Banco Central, registraram no ano até agosto o pior resultado da história.
A forte queda na arrecadação de tributos federais e o acerto de contas que foram pedaladas (atrasadas) pela equipe econômica anterior levaram a um déficit (saldo negativo) primário nas contas do Governo Central de janeiro a agosto de R$ 14,013 bilhões, o equivalente a 0,37% do PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas do país).
Os dados foram divulgados nesta terça-feira (29/09) pelo Tesouro Nacional.
A deterioração fiscal até agosto torna mais distante o cumprimento da meta fiscal das contas do setor público de superávit primário de 0,15% do PIB.
O Governo Central terá que entregar um superávit de R$ 5,8 bilhões (0,10% do PIB). A meta foi reduzida e, mesmo assim, o governo encontra obstáculos para alcançá-la diante da recessão econômica e da crise de confiança no governo.
Em agosto, as contas do Governo Central registraram um déficit de R$ 5,081 bilhões.
Conforme dados divulgados pelo Tesouro, é o pior resultado para o mês desde 2014. O resultado foi deficitário, apesar do pagamento de adiantamento do 13º salário dos aposentados e pensionistas da Previdência social não ter sido feito em agosto, como ocorre todos os anos.
Em 12 meses, o déficit do Governo Central acumulado é de R$ 37,5 bilhões - o equivalente a 0,65% do PIB.
As receitas do Governo Central acumulam até agosto uma queda real de 4,8% em relação ao mesmo período do ano passado. Sobre agosto do ano passado, a queda foi de 12,7%.
Já as despesas apresentam uma queda real no ano de 2,1%. Em relação a agosto do ano passado, o recuo é de 17,5%.
DIVIDENDOS
O caixa do governo federal recebeu um reforço extra em agosto. O Tesouro contou com 2,041 bilhões em dividendos pagos pelas empresas estatais em agosto. Desse total, R$ 1,945 bilhão foram pagos pela Caixa, R$ 21,8 milhões pelo IRB e R$ 47,4 milhões pelas demais. No acumulado do ano, as receitas com dividendos somaram R$ 5,507 bilhões, queda de 66% em relação ao mesmo período do ano passado.
Já as receitas com concessões totalizaram R$ 71,8 milhões em agosto e R$ 32,702 bilhões no acumulado do ano.
INVESTIMENTOS
Os investimentos por parte do governo registraram uma queda expressiva. Segundo o Tesouro, o resultado foi 42,1% menor em agosto do que no mesmo período do ano passado e 37,2% menor no acumulado do ano. De acordo com dados do Tesouro, os investimentos totais de agosto pagos somaram R$ 4,195 bilhões.
Os investimentos com o PAC (Programa de Aceleração Econômica) somaram R$ 3,746 bilhões em agosto e R$ 27,662 bilhões nos oito primeiros meses do ano.
As despesas com o PAC caíram 59,5% em agosto e 41% no acumulado do ano. Em agosto, o programa Minha Casa Minha vida registrou uma queda de 31,6% nos investimentos. Já no acumulado do ano, a queda foi de 27,8%.
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