Experts em ceia trabalham duro para rechear o caixa

Ana Maria Lopes, da Casa Santa Luzia, vai ficar atrás do balcão por três dias para orientar o cliente sobre pratos natalinos. Gleusa Guimarães Ferreira, da Rotisserie Bologna, só deixará a cozinha após o último pedido

Fátima Fernandes
19/Dez/2016
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Experts em ceia trabalham duro para rechear o caixa

Da próxima quinta-feira até sábado (24/12), quem for à Casa Santa Luzia, na Alameda Lorena, no Jardins, vai ver atrás de um balcão, a partir das 7h, Ana Maria Silva Lopes, uma das herdeiras da empresa, pronta para ajudar as clientes com dicas para a ceia de Natal.

Bem perto dali, Gleusa Guimarães Ferreira, sócia-proprietária da Rotisserie Bologna, na Rua Augusta, vai permanecer nesses dias até às 22h de olho na cozinha para garantir que a produção de pratos e doces natalinos saiam a tempo e deem água na boca da clientela.

Dezembro sempre foi um mês importante de faturamento para a Casa Santa Luzia e para a Bologna, chegando a representar quase 30% da receita anual. 

As duas lojas são das mais antigas em produção de ceias em São Paulo. Na Santa Luzia, a elaboração de pratos natalinos completa 90 anos neste mês. Na Rotisserie Bologna, 95 anos em 2016. 

Em ano de crise, a data ganhou ainda mais peso, levando a família Lopes a pensar em ações para estimular as vendas desde o meio deste ano.

No final novembro, a Casa Santa Luzia, que completou 90 anos no último dia 13 , Dia de Santa Luzia, exibiu, no segundo andar, uma completa ceia de Natal para lançar o cardápio e as cestas natalinas.

No ano passado, o supermercado comercializou 300 ceias de Natal, número que deve repetir neste ano.

Até o momento, as vendas de cestas corporativas estão 25% menores do que as realizadas em igual período do passado e a expectativa é fechar o mês com queda menor, entre 10% e 20%.    

É a primeira vez que a loja monta uma ceia no meio do salão. É a primeira vez também que a casa, que cultiva uma clientela fiel, se viu compelida a fazer uma ação de marketing diferenciada para chamar a atenção do público.

A mostra da ceia faz parte de programa da loja de intensificar a proximidade com o cliente, identificar o que ele deseja, orientá-lo, além de produzir na casa pratos prontos para todos os bolsos e demandas no ano todo.

Os consumidores, de acordo com Marcos Shiguihara, diretor de controladoria da loja, estão bem mais indecisos em relação aos presentes neste final de ano de crise. Por essa razão, a loja decidiu criar opções mais em conta.

Neste ano, há cestas natalinas de R$ 56, com três itens (espumante, panetone e caixa de bombom) e até R$ 5.155, com 61 itens, incluindo whisky, champanhe e vinho franceses, azeite português e mostarda alemã.

O quilo do peru assado custa a partir de R$ 177 (sem recheio), do peito de peru, a partir de R$ 126 (recheado com ameixa e damasco), do bacalhau, de R$ 155 (desfiado com batatas ao forno) a R$ 225 (à provençal).

Não é de hoje que a Casa Santa Luzia se esforça para que os 554 funcionários se comportem cada vez mais como consultores, não apenas como vendedores. Neste mês, essa prática será seguida à risca.

Além das 250 ceias, vendidas por encomenda, o supermercado se preparou para vender comidas natalinas prontas, para quem deixou para a última hora o preparo da festa. É esta seção que Ana Maria vai coordenar nas vésperas do Natal.  

Para que nada dê errado e haja comida pronta até às 17h do dia 24 de dezembro, Ana Maria vai hospedar a equipe de produção por três dias em um hotel perto do supermercado.

 

ANA MARIA, SÓCIA DO SANTA LUZIA: OPERAÇÃO DE GUERRA PARA FATURAR COM O NATAL

“Nestes dias há uma verdadeira operação de guerra na loja, pois os produtos são perecíveis e não dá para prepará-los com antecedência”, diz.

Em situações como essa, de acordo com Ana Maria, é muito importante o envolvimento do dono da loja com a equipe e os clientes.

“Somos modelo para eles e o fato de estar junto com eles é algo que nos une, fortalece a equipe e reforça o nosso diferencial de atendimento ao cliente. Participamos de um momento íntimo das famílias e isso é muito gratificante”, diz.

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A Rotisserie Bologna se preparou para vender cerca de 300 ceias neste ano. A novidade neste Natal é que a loja não vai trabalhar com os tradicionais combos, como em anos anteriores.

“Neste Natal, o cliente escolhe o que ele quer, com as combinações que preferir. O consumidor está mais retraído e só leva o que vai consumir, não compra mais para sobrar”, diz Gleusa.

A Bologna informa que manteve os preços de 2015. O quilo do peru custa R$ 120, do tender, R$ 175, do lombo, R$ 98, e do leitão, entre R$ 110 e R$ 150.

Uma ceia para quatro pessoas, com peru, massa ou arroz com frutas, farofa e doces sai entre R$ 250 e R$ 300

Neste Natal, de acordo com Gleusa, as famílias estão oprtando por ceias menores para economizar. "Cada família vai ficar no seu cantinho", diz.

COM A AJUDA DO CARLOTA

A rede Pão de Açúcar, que também tem tradição na produção de ceias, decidiu contratar a chef Carla Pernambuco, dona do restaurante Carlota, para aprimorar o menu natalino.

O supermercado preparou 30 sugestões de entradas, acompanhamentos e pratos principais, como o tradicional peru com frutas secas e o escalope de filé mignon com molho de frutas vermelhas.

O kit ceia clássica, que serve de dez a 12 pessoas, custa R$ 59,50 por pessoa, e o boa festas, com camarão e bacalhau, que serve de quatro a seis pessoas, R$ 32,90 por pessoa.

CEIA MAIS CARA

Apesar da crise, dados do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da FGV mostra que o preço de uma cesta de produtos tipicamente natalinos subiu 10,19% entre dezembro de 2015 a novembro de 2016, como uma inflação média de 6,76%, no período.

Os produtos que mais subiram de preço foram azeite (17,52%), vinhos (16,95%) e frutas frescas (16,91%).

Para conter despesas neste ano de crise, de acordo com o Procon- SP, é importante planejar o cardápio da ceia, incluindo todos os alimentos, bebidas e ingredientes que serão utilizados.

Alguns estabelecimentos costumam fazer promoções de produtos que estão com prazo de validade próximo, o ideal, de acordo com o Procon, é comprar a quantidade que será consumida neste período para evitar riscos à saúde.

Outra dica é avaliar as condições de higiene, armazenamento e iluminação do local e também ficar atento quando o preço do produto registrado pelo caixa for diferente do informado na gôndola. Vale sempre o menor.

TRATAR BEM O CLIENTE

O bom atendimento de uma empresa está se tornando um quesito cada vez mais importante para o consumidor na hora de decidir pela comprar. Pesquisa realizada pela Shopper Experience, em parcaria com o Grupo Padrão, revela que 40% dos brasileiros valorizam a maneira como são tratados em uma empresa.

As ações de Ana Maria e Gleusa de colocar a mão na massa na melhor época de vendas do ano reveIam que elas estão no caminho certo.

O problema é que para 47% dos consumidores a ceia de Natal será mais magra, de acordo com a pesquisa Nacional de Hábitos de Consumo da Boa Vista SCPC. Para 42%, a ceia será igual à do ano passado e para apenas 14%, mais farta.

O levantamento mostrou ainda que o valor médio gasto com as festas de fim de ano não deve ultrapassar R$ 449,84.

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FOTOS: Fátima Fernandes

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