Esse é o trio que trouxe a Wendy's ao Brasil
Marcel Gholmieh, empresário de restaurantes, Marcos Silva, franqueado nos EUA, e Mike Yurick, chefe de operações da rede americana se uniram para disputar o mercado nacional de fast-food

O sonho do brasileiro Marcos Silva, 45 anos, filho de um pintor e de uma dona de casa que foi morar nos Estados Unidos ainda criança, vai se materializar nesta quinta-feira (14/07).
Ao lado dos sócios Marcel Gholmieh --também sócio do Jamie Oliver e do Hooters- e da própria cadeia americana, ele inaugura hoje a primeira loja da rede Wendy´s no Brasil.
O lugar é nobre: Avenida Juscelino Kubitschek, esquina com a Rua Professor Atílio Innocenti, no Itaim Bibi, bairro que concentra uma população com maior poder aquisitivo.
Marcos, de 45 anos, é presidente da Starboard Group, uma das maiores franqueadas da Wendy’s nos Estados Unidos.
“Saí do Brasil com uma mala e agora realizo o desejo de voltar com um negócio e com possibilidade de crescer muito no país. Vamos abrir um restaurante com entrega rápida e produtos de alta qualidade”, afirma.
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Fundada em 1969 por John T. Schuessler e Dave Thomas, a Wendy´s é uma das cinco maiores redes americanas de lanchonetes.
Possui cerca de 5,4 mil unidades no mercado americano e 512 mundo afora - espalhadas no México, Venezuela, Porto Rico, Chile, Argentina e Japão.
A Starborad, comandada por Marcos, está entre as franqueadas mais ativas da rede, operando 182 unidades em nove estados americanos.
A entrada desse brasileiro no negócio é recente. Silva sempre foi apaixonado por informática. Estudou nos Estados Unidos, construiu uma carreira e chegou a ser dono de uma empresa de TI.
Um amigo e ex-sócio da área de informática, que começou a tocar cinco lojas da rede Wendy’s, quase que por acaso, o convidou para ajudar no negócio. Ele topou.
Em 2009, Marcos e o sócio tinham 63 franquias da rede. “Tivemos um crescimento incrível em cinco anos”, afirma.
O que levou os três sócios a investir no setor no Brasil em meio à mais grave crise econômica, quando até restaurantes tradicionais estão fechando as portas ?
“A crise assustou todo mundo. Houve uma forte desvalorização da moeda. É triste ver o que o Brasil está passando. Mas nós acreditamos no potencial da economia brasileira, especialmente nas regiões de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais”, diz Marcos.
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Diferentemente do que ocorre nos Estados Unidos, a Wendy’s não pretende se tornar concorrente direta das rivais McDonald’s e Burger King, que travam uma guerra de preços na disputa por clientes.
“Vamos competir com restaurantes, padarias, redes de fast food. Nosso posicionamento é servir pratos rápidos, sanduíches e saladas, com qualidade e preços competitivos”, diz Gholmieh, CEO da Infinity Services.
Os sanduíches do restaurante Wendy's, internacionalmente conhecidos pelo formato quadrado, vão custar de R$ 7 a R$ 24.
Acompanhados de fritas e refrigerantes saem por pouco menos de R$ 30. O Garlic Aioli, com frango grelhado, molho de alho, tomate e alface será vendido por R$ 16,50. Acompanhado de fritas e refrigerantes, R$ 24,50.
O cheeseburger Deluxe, com hambúrguer angus temperado, maionese, ketchup, picles, cebola roxa, tomate, alface e queijo cheddar, custa R$ 14,50. Com fritas e refrigerante, R$ 22,50.
A decisão de trazer de volta a rede Wendy’s ao Brasil foi tomada há cerca de cinco anos, período em que a economia crescia. Em nenhum momento houve intenção dos sócios de desistir do negócio.
Nesse período, ocorreu todo o processo para aprovação de investimentos (não revelados), localização de pontos e contratos para a realização das parcerias.
A construção da loja da Juscelino Kubitschek levou quatro meses. Dentro de algumas semanas, outra unidade dever ser inaugurada na Rua Funchal, na Vila Olímpia (também na zona sul).
Mais dois ou três restaurantes deverão ser inaugurados até o final do ano na capital paulista.
“Crise e oportunidade andam juntas. Abrir e fechar uma empresa é algo que sempre ocorre nos negócios", diz Gholmieh. "Acreditamos no nosso negócio: montamos um ‘dream team’ para operá-lo”, .
O mercado brasileiro de food service movimenta o equivalente a US$ 100 bilhões em vendas a cada ano, em média.
"É tamanho suficiente para atrair uma rede consolidada como a Wendy's", de acordo com Sergio Molinari, sócio da Food Consulting, consultoria especializada em food service.
O fato, segundo ele, é que o mercado americano de fast food apresenta limites. A própria Wendy´s, que faturou US$ 1,87 bilhão em 2015, vem registrando queda de vendas nos últimos três anos, em contraponto aos US$ 2,44 bilhões atingidos em 2012, seu melhor resultado.
O McDonald´s, o maior dos seus rivais, registra um faturamento dez vezes superior.
"Redes que querem crescer precisam fazer parcerias para sair do país", diz Molinari. "O que prospera nos Estados Unidos são as cadeias posicionadas entre os restaurantes fast food e os casual dinning (como o Outback), que atuam no chamado fast casual".
Não faz sentido, segundo Molinari, considerar que a chegada de novas redes internacionais é motivada por taxa de câmbio favorável. "Essas redes estudam durante anos os mercados. Se estão vindo para cá é por decisão estratégica."
Outra rede americana, a Taco Bell, inspirada pela cozinha mexicana, também se prepara para abrir a primeira unidade no Brasil, por iniciativa do empresário Carlos Wizard Martins.
As cadeias Planet Hollywood e The Cheesecake Factory também estão fazendo as contas para decidir se fincam pé no país.
A OPERAÇÃO
A Wendy’s vai operar de maneira diferente dos concorrentes. Não haverá balcões para atendimento. O cliente faz o pedido para uma atendente em um minibalcão instalado no meio da loja.
Após concluído, ele recebe um ‘pager’ e retorna à mesa. Assim que o prato fica pronto, um funcionário o leva até a mesa. O tempo de atendimento previsto para entrega dos sanduíches é de 2 minutos.
A loja também vai servir café da manhã com jeitinho nacional. Vai vender pão na chapa, pão de queijo e sobremesas típicas.
Se as projeções da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) se concretizarem, a rede Wendy’s tem um campo grande para explorar no país.
Paulo Solmucci Júnior, presidente executivo da Abrasel, diz que os gastos com alimentação fora de casa devem crescer no Brasil -de atual um terço das despesas com alimentação para 40%, nos próximos dez anos.
O segmento de fast food, de acordo com a Abrasel, deverá ser um dos mais beneficiados, uma vez que opera com preços mais condizentes com o orçamento doméstico apertado dos brasileiros.
Em 2015, o faturamento real dos bares e restaurantes caiu 4,3% ante o ano anterior.
Os mais atingidos, com queda de até 30% nas vendas, foram os restaurantes com tíquete médio entre R$ 25 e R$ 70.
Já os estabelecimentos com tíquete médio abaixo de R$ 15 obtiveram aumento de 15% na receita. Os fast food estão nesta faixa de preço.
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FOTOS: Fátima Fernandes/Diário do Comércio
Rede norte americana Wendy's abre loja em São Paulo

Funcionários recebem treinamento final antes da abertura da loja

Especialidade do restaurante: hamburguer

Cardápio do restaurante Wendy's

Cliente faz pedido em mini balcão no meio da loja

Loja do restaurante antes da inauguração

Funcionária com fantasia do logotipo da marca se prepara para receber os clientes
