Dívida de R$ 100 milhões leva a Barred´s a recorrer à Justiça

Rede especializada em moda feminina entra com pedido de recuperação judicial para renegociar dívidas com bancos, fornecedores, funcionários e shoppings

Fátima Fernandes
16/Mar/2016
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Dívida de R$ 100 milhões leva a Barred´s a recorrer à Justiça

Uma dívida de pouco mais de R$ 100 milhões levou a Barred´s, uma das mais tradicionais redes de lojas de moda feminina do país, a entrar com pedido de recuperação judicial no início deste mês.

Criada em 2005, a rede, que chegou a operar quase 160 pontos em shoppings e lojas de ruas de vários Estados brasileiros, não resistiu à queda de vendas e ao crescimento do endividamento com bancos, fornecedores e funcionários.

O pedido pleiteando processo de recuperação judicial está na 1ª Vara de Falência e Recuperações Judiciais da Cidade de São Paulo desde o último dia 3.

O juiz Daniel Carnio Costa determinou uma perícia prévia nas lojas, que se encerra na segunda feira (21/03).

Até o final da próxima semana deve ser deferido ou não o pedido da empresa, de acordo com Rogério Nicola, advogado do escritório Nicola, Saragossa e Campos Advogados, que representa a rede no processo.

Se o pedido for aceito pela Justiça, a Barred´s, que mantém atualmente 118 lojas abertas -cerca de 80 em shoppings-, terá 60 dias para apresentar um plano de reestruturação de negócio e mais 120 dias para renegociar as dívidas.

O prazo para quitar os débitos depende de negociação com os credores. Pode se estender por mais de um ano ou mais. A Justiça vai acompanhar o cumprimento do acordo no período de até dois anos.

A situação da Barred´s é semelhante à de muitas redes que tiveram de enfrentar queda de vendas e aumento de custos desde o ano passado.

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“Os custos, especialmente nos shoppings, subiram com a explosão da inflação, assim como as dívidas com os bancos devido à alta dos juros", diz Nicola. "O faturamento caiu e a empresa passou a enfrentar problemas financeiros.”.

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A Barred´s, que tem como um dos sócios José Valberto Siqueira Mangabeira, possui aproximadamente 300 credores, considerando bancos, fornecedores, shoppings, importadores, funcionários e ex-empregados.  

Além das lojas, a empresa possui uma confecção e um centro de distribuição no Parque Novo Mundo, em São Paulo. A rede tinha planos para crescer. Chegou a dar início a uma operação em Cuiabá (MT), que foi provisoriamente suspensa, de acordo com Nicola.

Os problemas financeiros se intensificaram quando o Bradesco declarou vencido um empréstimo bancário feito pela empresa. “A divida virou uma bola de neve a partir disso”, acrescenta Nicola.

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Os funcionários das lojas paulistanas estão com dificuldades para receber o salário em dia, de acordo com o Sindicato dos Comerciários de São Paulo.

“O vale-transporte para os empregados está sendo entregue semanalmente na boca do caixa das lojas, o que revela a dificuldade financeira da rede para tocar o negócio”, afirma Josimar Andrade, diretor de relações sindicais do sindicato.

A pedido de funcionários, o Sindicato dos Comerciários de São Paulo já realizou ações na porta de várias lojas da rede na cidade, além de ter solicitado à Delegacia Regional do Trabalho que fiscalizasse as lojas. A DRT tem poder de autuar as empresas.

“Vamos continuar com as manifestações, até que o trabalhador receba o que tem direito”, diz Andrade.

De acordo com Nicola,  a dívida trabalhista da empresa é proporcionalmente pequena, da ordem de R$ 300 mil. Os débitos com os bancos são da ordem de R$ 12 milhões. A maior parte do endividamento resulta de compromissos com fornecedores, shoppings e importadores.

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