Demissões no comércio de SP continuaram crescendo no 1º tri
Homologações no Sindicato dos Comerciários de SP somaram 28.218, número 10% superior ao de igual período de 2016

Três anos depois do início da recessão econômica, seus efeitos continuam a ser sentidos no comércio varejista de São Paulo.
É o que revelam as homologações de rescisões de contrato de trabalho, que somaram 28.818 no primeiro trimestre deste ano - número 10% superior ao de igual período de 2016 (26.219) e 5% maior sobre o primeiro trimestre de 2015 (27.465).
Os números do Sindicato dos Comerciários de São Paulo sugerem que a crise enfrentada pelo comércio, iniciada em 2014, se estende para o primeiro trimestre deste ano, de acordo com Josimar Andrade, diretor do sindicato.
O comércio emprega aproximadamente 500 mil pessoas na cidade de São Paulo. Historicamente, a média de homologações feitas pelo sindicato da categoria é de 9 mil a 11 mil por mês.
O setor tem uma rotatividade alta, da ordem de 66%, de acordo com levantamento feito pelo Dieese. Ou seja, de cada 100 funcionários, 66 saem do emprego no intervalo de um ano.
O que mudou com a recessão econômica é que boa parte das homologações efetuadas deriva do fechamento de vagas, e não da troca de funcionários, como ocorria até 2014.
A rede de atacado Seta, com 50 lojas de atacarejo espalhadas por São Paulo, Rio de Janeiro e Amazonas, lidera o ranking das homologações no primeiro trimestre deste ano, com 1.200 demissões.
No começo do ano, a empresa fechou sete lojas na cidade de São Paulo. Procurados para falar sobre esse assunto, representantes da rede Seta não foram localizados.
A rede Pão de Açúcar é a segunda colocada no ranking de demissões, com 1.066 homologações realizadas na cidade de São Paulo, de acordo com o sindicato dos comerciários.
Procurado pelo Diário do Comércio, o grupo Pão de Açúcar informou que as homologações não representam somente “fechamento de vagas, pois compreendem, também, desligamentos voluntários (pedidos de demissão).”
Em comunicado, também informou que emprega 46 mil funcionários na Grande São Paulo, considerando as redes Assaí, Extra, Pão de Açúcar, Ponto Frio, Casas Bahia, GPA Malls e estruturas administrativas, e que a rotatividade médio da empresa é de 30%, menor do que o de mercado. A companhia não informou separadamente o número de empregados da rede Pão de Açúcar.
“O problema da rede Seta não é só em São Paulo. Eles dispensaram 7 mil pessoas neste ano no país. No caso da rede Pão de Açúcar, está havendo reestruturação de lojas, as não rentáveis estão sendo fechadas”, diz Andrade.
O número de homologações do primeiro trimestre surpreendeu o sindicato dos comerciários. “Achávamos que as dispensas iriam diminuir, mas ainda persistem."
No primeiro trimestre deste ano, a Casas Bahia dispensou 373 pessoas, o Carrefour, 219, a Lojas Marisa, 207, o Sonda, 183, a Riachuelo, 130, e a C&A, 111.
O comércio paulista eliminou pouco mais de 102 mil vagas nos últimos dois anos, de acordo com a CNC (Confederação Nacional do Comércio), com base em dados do Caged (Cadastro Geral de Emprego e Desemprego), do Ministério do Trabalho (MT).
Dessas 102 mil demissões realizadas em 2015 e em 2016, 49 mil foram feitas por lojas localizadas na Região Metropolitana de São Paulo. Outras 28,5 mil ocorreram na capital paulista.
Até que a economia dê sinais de recuperação, esses números só devem crescer, na avaliação de Nelson Barrizzelli, consultor de varejo.
Ele avalia que a economia dá sinais de que só parou de encolher, mas não está crescendo. Quando reagir, o emprego volta a subir. O consultor estima que isso ocorra a partir de 2018, se a crise política não atrapalhar a recuperação econômica.
De acordo com Barrizzelli, a crise no país atingiu o fundo do poço, e nele caminha na horizontal. “Ainda é preciso achar a escada para começar a subir.”
Enquanto as condições macroeconômicas são incertas - e os indicadores sobre o pulso da economia ainda são contraditórios -, os lojistas devem voltar a atenção para o que acontece dentro da empresa.
O desemprego é elevado, mas boa parte da população está empregada. Os lojistas devem observar atentamente esse público.
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“É preciso conhecer o consumidor que quer atingir, conversar com ele, fazer pesquisa, prestar atenção em seus hábitos, que estão mudando o tempo todo”, diz.
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Foto: Fátima Fernandes/ Diário do Comércio