Crise na rua Amauri abre oportunidade de negócio

No endereço há 14 anos, a Forneria San Paolo passou a oferecer café da manhã para atender público de cafeteria fechada em abril

Mariana Missiaggia
07/Ago/2015
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Crise na rua Amauri abre oportunidade de negócio

Berço dos restaurantes mais premiados de São Paulo, a rua Amauri, no Itaim Bibi, está passando pelo mesmo processo que outras ruas comerciais da cidade. O abre e fecha nos estabelecimentos comerciais do endereço, no último ano, deixou inúmeros espaços sem locatários e mexeu com o fluxo e, quem sabe, com o prestígio da badalada via. Até a unidade do Starbucks que era localizada na rua acabou fechando as portas – e foi a primeira unidade da rede no país a encerrar as operações.

PRIMEIRO STARBUCKS A FECHAR NO BRASIL - UNIDADE NÃO DEU O RETORNO ESPERADO/FOTO: DIVULGAÇÃO

Engrossam essa lista outros três estabelecimentos: a casa noturna Rokbar; o restaurante Dressing, que agora só recebe eventos privados; e o Porto, que servia frutos do mar.

MERCADO ROTATIVO

Para Denise Schirch, 35 anos, diretora do grupo de restaurantes Forneria San Paolo, a rotatividade é um movimento natural do mercado de alimentação. No endereço desde 2001, Denise garante ter enfrentado outros períodos preocupantes, e que aprendeu a lição

“É natural que a cada cinco anos o cenário se renove restando somente os restaurantes mais consolidados”, diz. “Qualquer lojista que tenha mais de dez anos no mercado já viveu momentos semelhantes a esse, e descobriu que o segredo é se antecipar à crise”, diz.

HÁ DOIS MESES, FORNERIA COMEÇOU A SERVIR CAFÉ DA MANHÃ/FOTO: RÔMULO FIALDINI

Denise também admite que o fluxo de clientes mudou, nos últimos anos, e assim obrigou a Forneria a se reinventar. “Tínhamos um movimento na madrugada, que há um ano se perdeu. Não sabemos se em razão de segurança pública, ou mudança de hábito.” Sem perder tempo, Denise implantou o serviço delivery, que já corresponde a 10% do faturamento da Forneria.

Outra estratégia para não perder clientes é investir em um método preventivo, e um trabalho forte de marketing. “Resgatar cliente é muito trabalhoso. No entanto, esse movimento não me parece preocupante, porque os grandes restaurantes e que são os carros-chefe da rua, como o Yellow Giraffe, Forneria, Ecco, Trindade e Parigi estão firmes e fortes”, diz.

“Somos sobreviventes, e inclusive, alavancamos a clientela de outros restaurantes. Estamos atentos as tendências, e sempre com novos serviços.”

OPORTUNIDADE

A saída da cafeteria Starbucks, por exemplo, abriu espaço para a Forneria apostar em um novo serviço e crescer. Mesmo com um bom fluxo de clientes, o restaurante passou a oferecer café da manhã. “Desde 2010 pensamos nessa possibilidade, mas demos preferência as inaugurações nos shoppings JK Iguatemi e Higienópolis”, diz.

PARA DENISE, RESTAURANTES CONSOLIDADOS APRENDERAM A LIÇÃO E IRÃO SOBREVIVER À CRISE/FOTO: LUIZ HENRIQUE MENDES

Denise acreditava que a saída da cafeteria deixaria um público carente, que além de tomar café da manhã, utilizava o espaço para reuniões ou para ler quando chegava muito cedo ao trabalho por conta do rodízio. 

No entanto, desde o lançamento do novo formato em 8 de junho, Denise tem se surpreendido com a clientela. À espera de um público com perfil executivo, a Forneria recebe moradores do entorno e muitos alunos de uma academia próxima. “Imagino que ainda temos muito para crescer, pois a adesão já é muito significativa”, diz. “Ou seja, tem público para todo mundo. Basta saber oferecer. Hoje, já não vejo concorrência na proposta oferecida pelo Starbucks.” Em nota, a rede Starbucks afirma que a rede continua em fase de plena expansão com recentes inaugurações das lojas no novo Shopping Cidade São Paulo, Plaza Niterói e no SP Market.

Com uma média de 30 clientes, Denise espera receber até 150 pessoas a cada manhã. Servido a la carte, o café da manhã tem opções como combos a partir de R$ 30 (suco de frutas, café, sanduíche ou salgado). 

CRISE É NACIONAL

Também presidente da Amera (Associação dos Moradores e Empresários da Rua Amauri), Denise destaca que a crise não se restringe à rua Amauri. “Estamos em clara recessão. O momento é de cuidado, mas já sobrevivemos a outras crises, e superamos. Quem passou de 20 anos já não é mais parâmetro para falar de crise.”

O conselho de Denise é estar focado no seu negócio e no que de fato o influencia. “Não defina o momento como o pior. Outras mudanças também podem dar instabilidade ao seu negócio, como a abertura de um concorrente perto de você, ou até mesmo, uma mudança no trânsito que pode impactar o movimento de clientes.” “Não podemos perder tempo lamentando, temos que nos adaptar e agir”, diz.

*Foto de abertura: Rômulo Fialdini

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