Crise chega ao mercado de beleza
Brasil é o terceiro mercado mundial de produtos de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos, mas, em 2016, as coisas podem mudar

Mesmo se apresentando como o setor mais resistente ao momento econômico do país, o mercado de beleza também sofrerá com os efeitos da crise econômica neste ano.
Habituado a reagir bem às mudanças na economia, o mercado foi incluído na rota da recessão no fim de 2015, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abhipec). No ano passado, o faturamento da categoria apresentou queda real de 8% em relação a 2014.
O segmento de cabelos, tradicionalmente responsável pela maior fatia do faturamento do setor, caiu 14,2% no ano passado, de acordo com a Abhipec.
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Nesse ano, a coisa deve piorar. A pesquisa Beauty Plan 2016, desenvolvida pela área de Beauty Intelligence da Glambox, clube de assinatura de itens de beleza e cosméticos, mostrou que as brasileiras estão menos dispostas a investir em produtos do gênero.
Por outro lado, a pesquisa mostra que mesmo com a crise, existem certos cuidados dos quais as mulheres não abrem mão, como a pele do rosto. “Queríamos entender o planejamento de beleza de nossas assinantes e conhecer a sua cesta básica de beleza”, diz Flora Singer, diretora comercial da Glambox. “Os resultados poderão ser usados pelas marcas para o planejamento de ações de marketing no futuro.”
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Questionadas sobre o valor mensal gasto com produtos de beleza, sem contabilizar gastos com serviços e procedimentos, 60% afirma ter gasto entre R$ 51 e R$ 200 em 2015. Ao serem perguntadas sobre o plano de gasto para 2016, 9% responderam que pretendem aumentar os gastos, enquanto 52% pretendem manter, contra 24%, que irão diminuir o valor mensal. “Descobrimos com a pesquisa que, mesmo com a necessidade de conter gastos, a cesta básica de beleza não é tão básica assim”, afirma Flora.
FLORA, DA GLAMBOX, ACREDITA QUE BRASILEIRAS GASTARÃO SOMENTE COM O ESSENCIAL
Ainda sobre o gasto mensal, 46% responderam que pretendem comprar somente o essencial, contra 18% que pretende pesquisar mais sobre promoções.
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O resultado da pesquisa pode estar associado ao ritmo de correção da inflação, que registrou um aumento de 1,46% para 2,41%, em abril, no segmento de saúde e cuidados pessoais, de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
*Foto: Thinkstock