Confiança do comércio é a menor desde março de 2011
Indicador da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo mostra que houve um recuo de 1,7% em julho

O aumento da confiança dos empresários do comércio em junho não se sustentou, e o indicador recuou 1,7% em julho ante o mês anterior, informou nesta segunda-feira (03/08) a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Com o resultado, o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) atingiu 85,0 pontos, o menor nível da série, iniciada em março de 2011. Na comparação com julho do ano passado, o indicador cedeu 21,6%.
O resultado negativo na comparação mensal foi influenciado principalmente pelo recuo de 1,6% na intenção de investimentos dos empresários e pela queda de 5,0% no subíndice que mede a percepção sobre as condições econômicas atuais.
Esse resultado, segundo a CNC, revela um elevado grau de insatisfação dos empresários do comércio, especialmente na região Sudeste.
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Segundo a CNC, 92,8% dos cerca de seis mil empresários consultados pela pesquisa em todas as capitais do país apontam que houve piora no cenário econômico nos últimos 12 meses.
O índice que mede a expectativa dos empresários do comércio retornou à tendência de deterioração após dois meses de crescimento, com queda de 0,6% em julho ante junho e recuo de 8,5% em relação a julho do ano passado.
O grau de otimismo dos empresários é o único dos três índices pesquisados que se mantém na zona positiva, acima de 100 pontos, mas segue em tendência de piora.
A CNC manteve a previsão anterior para o setor, de queda de 1,1% no volume de vendas do varejo restrito.
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"Para alguns segmentos, porém, especialmente aqueles voltados para a venda de bens de consumo não duráveis, a expectativa para a segunda metade do ano tem se mostrado mais favorável diante da perspectiva de arrefecimento da inflação", diz a CNC em nota.
RECUPERAÇÃO EM 2015 ESTÁ DESCARTADA
Uma recuperação nas vendas do comércio ainda este ano já não passa mais pela cabeça dos empresários, que cada vez mais ajustam suas previsões de investimentos e contratações de acordo com a perspectiva desfavorável para os próximos meses.
Em julho, as expectativas dos empresários ficaram 8,5% menores do que em igual mês do ano passado.
"Antes, o empresário tinha expectativa de recuperação rápida. Agora, ele não acha mais isso, não vê recuperação no curto e médio prazos.Se a expectativa está ruim, o empresário não contrata", diz o economista Bruno Fernandes, da CNC.
No mês passado, a perspectiva de investimento em funcionários recuou 24,8% na comparação interanual. Em relação a junho, a queda foi de 3,2%.
Segundo Fernandes, a inflação elevada, o crédito caro e escasso e a baixa confiança das famílias permitiu que o pessimismo se disseminasse no setor varejista.
Nos cinco primeiros meses do ano, as vendas no segmento restrito (sem veículos e materiais de construção) recuaram 2,0% em relação a igual período de 2014.
A segunda metade do ano deve ser um pouco melhor para o setor, diante de uma inflação menos pressionada pelos preços administrados, avalia a CNC.
"Mesmo assim, um pouco melhor que a gente diz significa menos ruim", esclarece Fernandes.
A entidade prevê queda de 1,1% nas vendas do varejo restrito este ano, o pior resultado desde 2003.
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