Comércio: vendas caem 1,5% em janeiro ante dezembro

Queda na produção industrial paulista é a mais grave desde a crise financeira de 2009, revela IBGE. Alencar Burti, presidente da ACSP, recomenda aos lojistas cuidado com o fluxo de caixa

Estadão Conteúdo
10/Mar/2016
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Comércio: vendas caem 1,5% em janeiro ante dezembro

As vendas do comércio varejista caíram 1,5% em janeiro de 2016 ante dezembro de 2015, na série com ajuste sazonal, informou nesta quinta-feira (10/03), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

 Na comparação com janeiro de 2015, sem ajuste sazonal, as vendas do varejo tiveram baixa de 10,3% em janeiro de 2016.

Nesse confronto, as projeções iam de declínio de 7,20% a 13,50%, com mediana negativa de 8,95%. As vendas do varejo restrito acumulam retração de 5,2% em 12 meses.

Quanto ao varejo ampliado, que inclui as atividades de material de construção e de veículos, as vendas caíram 1,6% em janeiro ante dezembro do ano passado, na série com ajuste sazonal.

O resultado veio dentro do intervalo das estimativas dos analistas ouvidos pelo AE Projeções, que esperavam queda entre 0,60% a 2,50%, e em linha com a mediana de - 1,60%.

Na comparação com janeiro de 2015, sem ajuste, as vendas do varejo ampliado tiveram baixa de 13,3%. Nesse confronto, as projeções variavam de retração de 8,20% a 14,90%, com mediana negativa de 13,40%. Até janeiro, as vendas do comércio varejista ampliado acumulam queda de 9,3% em 12 meses.

PARA ENTENDER

A queda de 10,3% nas vendas do comércio varejista em janeiro ante janeiro de 2015 foi o pior resultado para o mês desde o início da série da Pesquisa Mensal de Comércio, em 2001, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Considerando todos os meses do ano nesse tipo de comparação, a queda no volume vendido em janeiro foi a mais acentuada desde março de 2003, quando teve retração de 11,4%.

Ainda de acordo com o IBGE, apenas duas atividades do comércio varejista escaparam de uma retração nas vendas na passagem de dezembro de 2015 para janeiro de 2016. Os artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos tiveram ligeira alta de 0,1% no período, enquanto os Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação avançaram 1,6%.

Os principais destaques negativos para a queda de 1,5% no varejo restrito no mês foram de Móveis e eletrodomésticos (-4,3%), Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,9%) e Combustíveis e lubrificantes (-3,1%).

Os demais recuos foram de Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-1,8%); Tecidos, vestuário e calçados (-0,5%); e Livros, jornais, revistas e papelarias (-0,1%).

No varejo ampliado, a redução de 1,6% no volume vendido foi influenciada também pelas retrações em Material de construção, (-6,6%) e Veículos e motos, partes e peças (-0,4%).

Para Alencar Burti, presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), o resultado ruim já era esperado. “Esse mau desempenho do comércio varejista se deve aos fatores macroeconômicos, como redução da massa salarial, aumento do desemprego, retração do crédito e também por causa da instabilidade política. Tudo isso derruba a confiança dos consumidores e dos empresários”, diz Burti.

Ele lembra que até mesmo o segmento de farmácias, que há até pouco tempo resistia à crise, teve resultado negativo. “Em outras palavras, não há mais nenhuma atividade do comércio que está crescendo. E salta aos olhos a forte queda nos supermercados, provocada pela inflação dos alimentos e pela queda nos salários”, diz Burti.   

Para Burti, o empresário deve ter muita cautela ao longo do ano e ficar de olho no fluxo de caixa, que está muito volátil. "Caso não tenha condições de fazer promoções e liquidações, deve evitar repassar aumentos para não perder o cliente. O consumidor já não está mais fiel: ele está atrás de preço”, diz

INDÚSTRIA

A queda da produção da indústria de São Paulo -maior parque industrial do País -entre janeiro passado e janeiro de 2015 foi a maior da série histórica da Pesquisa Industrial Mensal do IBGE.

O recuo de 16,1% na produção durante o período superou as quedas vistas na virada de 2008 para 2009, fase mais aguda da crise financeira internacional.

O desempenho da indústria paulista na comparação entre meses de janeiro foi pior do que a média nacional. A queda de 13,8% na produção industrial brasileira foi anunciada semana passada pelo IBGE, e foi a retração mais acentuada desde abril de 2009, quando a perda foi de 14,1%.

Rodrigo Lobo, economista da Coordenação da Indústria do IBGE, explicou que, na comparação anual, o desempenho da indústria paulista ficou pior do que o da média porque a única atividade industrial que teve desempenho positivo em 2015, a indústria extrativa mineral, não ocorre em São Paulo.

"A indústria extrativa não é medida em São Paulo, apenas a indústria da transformação", afirmou Lobo.

Entre as atividades, a que mais puxou a produção industrial de São Paulo para baixo na comparação com janeiro de 2015 foi a fabricação de veículos.

O desempenho da indústria extrativa também explica a alta na produção industrial do Pará.

Com avanço de 10,5% na mesma base comparativa, o Estado da região Norte foi uma das três únicas regiões com desempenho positivo no período. Segundo Lobo, a indústria extrativa responde por 80% da atividade industrial paraense - uma das maiores minas de minério de ferro do mundo é o complexo de Carajás, que fica no Pará e é operado pela Vale.

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