Comércio só deve reagir com a volta do emprego e inflação menor

Para economistas e especialistas em varejo, como Eneas Pestana, que também é CEO da JBS na América do Sul, ânimo e perspectivas dos empresários começam a melhorar. Por isso, as empresas precisam se preparar para a nova fase de crescimento

Fátima Fernandes
17/Mai/2016
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Comércio só deve reagir com a volta do emprego e inflação menor

O impedimento de Dilma Rousseff e a entrada em cena de Michel Temer deve gerar pouco impacto no comércio neste ano.

Para que o consumo reaja, parte considerável dos 11 milhões de desempregados precisaria voltar ao mercado de trabalho. Inflação e juros também deveriam mostrar tendência de queda.

Essa é a análise de especialistas em varejo, economistas e lojistas entrevistados pelo Diário do Comércio.

“As principais mudanças que podem contribuir com a retomada da demanda de consumo, dependem de medidas estruturais capazes de melhor indicadores fundamentais para o setor do varejo (emprego, taxa de juros e inflação) e, possam assim, resgatar a confiança do consumidor”, diz o consultor Enéas Pestana, que também é CEO da JBS na América do Sul.

Os ânimos e perspectivas dos consumidores e dos empresários, de todo modo, já começam a melhorar.

“As empresas devem trabalhar para se tornarem mais ágeis e eficientes para que possam estar prontas para a fase de crescimento que virá”, diz ele.

Nos próximos meses, o que pode se esperar é uma diminuição do ritmo de queda de vendas do comércio. “Um crescimento de vendas deve começar a ser sentido daqui a um ano ou pouco mais.

Até lá, as vendas devem cair menos, atingindo a estabilidade”, diz Emílio Alfieri, economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).

O que o governo discute neste momento, de acordo com Alfieri, são medidas para acertar as contas públicas, uma política fiscal restritiva. “E isso não traz, de imediato, alívio para as famílias, para o varejo”, diz.

Nelson Barrizzelli, consultor de varejo, diz que, com a melhor de humor do mercado, podem ter “ótimas oportunidades para ganhos elevados no mercado financeiro” nos próximos 90 dias.

“De uma forma ou de outra, o humor do mercado vai mudar e isso pode ensejar, um pouco mais à frente, um ambiente favorável para negócios que hoje estão parados.”

Novas quedas do PIB, a partir do 2017, na avaliação de Barrizzelli, são improváveis. “Portanto, mesmo que as expectativas favoráveis não se concretizem, como dizia o Tiririca, pior não fica”, diz.

Como o desemprego não parou de cair, é possível que ainda mais pessoas ficarão desempregadas nos próximos seis meses. Isso coloca em alerta quem está empregado e diminui a demanda por bens e serviços, diz Barrizzelli.

O fato é que o empresário e o consumidor vivem de expectativas. “E, neste momento, temos a expectativa de um país melhor, assim como de ânimo novo à população”, diz Fauze Yunes, sócio-diretor da Dinho´s, com confecção e loja no Brás.

É notório que a crise política, diz ele, afetou a economia de maneira geral. “Talvez tenhamos chegado ao fundo poço, o que é ruim, porém do fundo não passa, portanto, devemos começar a recuperar a economia’’, diz.

Uma vez realizadas as ações para ajustar as contas públicas e fazer a economia rodar, de acordo com Yunes, o brasileiro deve voltar a consumir, as empresas devem passar a vender mais, necessitando, por sua vez, de mais funcionários, que faz com que as empresas recolham mais tributos e diminua a taxa de desemprego.

“Acredito que o varejo deve voltar a aquecer. E digo mais, se as ações forem bem feitas, não deve demorar muito para que isso ocorra”, diz

Para Romeu Zema, sócio diretor da rede mineira Eletro Zema, especializada em eletroeletrônicos, a economia deve parar de piorar, “mas continuará fraca, com alguma melhoria tímida em 2017. Há boas perspectivas para 2018. Isso se o novo governo conseguir fazer as reformas que tem prometido”.

LEIA MAIS: Consumo no Brasil cai um terço e volta ao nível de 2010

Foto: Fátima Fernandes

 

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