Com menos de R$ 100 no bolso, elas criaram negócios lucrativos de acessórios

No mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, conheça as histórias das empresárias Carollina Souza (esq.) e Nely Cardozo

Márcia Rodrigues
07/Mar/2025
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Com menos de R$ 100 no bolso, elas criaram negócios lucrativos de acessórios

Nely Cardozo, 54, começou a empreender há 13 anos, depois de ser demitida do banco no qual trabalhava. Carollina Souza, 36, abriu sua empresa há 10 anos após perceber que a atividade que fazia para complementar o salário era mais rentável. O que elas têm em comum? Nely fundou a Nelly Cardozzo (sim, com dois Ls e dois Zs!) com apenas R$ 50, enquanto Carollina criou a Mania de Pulseira investindo R$ 100.

Ex-bancária foi desafiada a investir nas peças por consultor

A pernambucana Nely Cardozo conta que decidiu empreender, quando foi demitida, com uma amiga que queria abrir um café. Porém, ela disse que não iria usar o dinheiro da rescisão no negócio, já que pensava no futuro dos filhos. Ela separou o dinheiro em três partes: educação dos filhos; despesas mínimas de casa; e despesas essenciais.

“Naquele momento eu só pensava em garantir o futuro dos meus filhos. Eu precisava preservar os recursos para sobrevivermos e assegurar a educação das crianças, que eu considero essencial. Por isso, eu entraria com a mão de obra, e minha amiga com o capital.”

Ela agendou uma consulta no Sebrae, levando seu plano de negócios, e acabou recebendo um comentário inesperado do consultor sobre as pulseiras que usava.

"Quando contei que eu mesma as havia produzido, ele me perguntou se eu já tinha pensado em transformar isso em um negócio. Falei que sim, mas que eu poderia investir apenas R$ 50. Ele me desafiou a produzir e levar para ele na próxima consulta.”

Nely, então, comprou o material e produziu exatamente 100 pulseiras, que foram vendidas muito rápido pela sua filha na escola. Com os R$ 50, ela faturou R$ 750, reinvestiu o lucro e seguiu crescendo. Atualmente, o faturamento anual da empresa é de R$ 60 mil.

A empresária diz que chegou a produzir 1.500 peças por mês, mas, estrategicamente, reduziu o portfólio de colares, brincos e pulseiras, focando em acessórios autorais, com mais valor agregado, e com a pegada sustentável.

Entre as matérias-primas utilizadas estão: sacola plástica, tampas e garrafas plásticas, recipientes de xampus, resíduo de madeira e fios de algodão e de cera. A pigmentação é feita com tingimento natural de folhas, raízes, flores e sementes.

Os preços vão de R$ 58 (brinco) a R$ 268 (colar). Além de comercializar suas peças pela rede social Instagram, ela exporta para os EUA e Europa.

“Minha produção é ecológica e sustentável. Afinal, dou um novo destino a sacolas e garrafas plásticas, além de resíduos de madeira, evitando que acabem nos lixões.”

O próximo passo da empresária é entrar no mercado de vestuário.

Pulseiras garantiam renda maior do que emprego fixo

Carollina Souza, 36, começou a vender as pulseiras que fazia na faculdade, como forma de complementar a renda. Com o tempo, viu que o dinheiro era maior do que o seu salário como estagiária. Decidiu deixar o emprego e investir os únicos R$ 100 que tinha na criação da Mania de Pulseira.

“Comecei fazendo 20 pulseiras. Hoje, nem sei calcular quantas faço! Só para um dos modelos mais vendidos, utilizo, por mês, cerca de 2 kg de cristais e 300 metros de silicone. É muita coisa!”

Inicialmente, ela vendia as peças em feiras. Hoje mantém um quiosque no Shopping do Meier, no Rio de Janeiro, e já tem planos de formatar o negócio para virar franquia em breve. As peças também são comercializadas pelo Instagram e site da empresa, mas em menor fatia.

Além de pulseiras, a loja vende anéis, tornozeleiras, cordões e lenços. 70% da produção é feita pela Carollina. O produto mais barato é um brinco de R$ 10 e o mais caro é uma pulseira de aço de R$ 100.

Mulheres são um terço dos empreendedores no Brasil

No Brasil, das 30 milhões de pessoas que empreendem, 10 milhões são mulheres, segundo Renata Malheiros, analista de empreendedorismo feminino do Sebrae.

Os principais setores liderados por elas são alimentação e bebidas, moda e beleza. “Há um predomínio feminino nessas áreas, mas é importante destacar que, apesar de terem mais anos de estudo que os homens, as mulheres ainda faturam menos, até mesmo nesses segmentos”, ressalta Renata.

Para a especialista, um dos principais motivos dessa diferença é a menor adoção de tecnologia, inovação e automação por empresas comandadas por mulheres — fatores essenciais para aumentar a competitividade e os lucros.

“Isso vem de uma construção cultural. Desde cedo, meninas são desencorajadas a se interessar por matemática e áreas exatas. Ainda há um número muito maior de homens nos cursos de engenharia, por exemplo. E sabemos que tecnologia, inovação e automação são pilares fundamentais para o crescimento dos negócios”, explica.

Empreender possibilita independência financeira das mulheres

Apesar dos desafios, o empreendedorismo tem sido um caminho fundamental para que mulheres conquistem renda, autonomia financeira e criem mais oportunidades para seus filhos, afirma Renata Malheiros.

“Hoje, no Brasil, em muitos estados, as mulheres já são chefes de família em 50% a 51% dos lares, sendo responsáveis pela maior parte da renda da casa. Mesmo diante das barreiras, elas têm feito um excelente trabalho no empreendedorismo. Agora, imagine o impacto que teríamos em um país mais justo, com menos obstáculos para essas mulheres? Seríamos uma nação ainda mais rica e próspera”, reflete Renata.

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IMAGENS: divulgação

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