Carteiras digitais vão dominar meios de pagamento, mostra relatório
No ano passado, elas totalizaram US$ 14 trilhões no mundo, com potencial de crescimento de 78%, podendo chegar a US$ 25 trilhões até 2027
É, parece que o dinheiro ficou para trás mesmo. A 9ª edição do relatório The Global Payments Reports, da Worldpay, analisou o mercado global de meios de pagamento e reportou que as carteiras digitais já são metade dos pagamentos no e-commerce e 30% nos pontos de venda.
No ano passado, elas totalizaram US$ 14 trilhões, com potencial de crescimento de 78%, podendo chegar a US$ 25 trilhões até 2027. Enquanto isso, os pagamentos em dinheiro são apenas 2% no e-commerce (em ocasiões onde é realizado no ato da entrega) e 16% nos pontos de venda físico, com expectativa de queda para 5% até 2027.
“As carteiras digitais estão projetadas para liderar os pagamentos eletrônicos em todas as regiões globais até 2027”, afirmaram os autores no relatório.
As carteiras ganharam 32% de espaço no e-commerce entre 2017 e 2023 e 20% nos pontos de venda no mesmo período. Um dos pioneiros desse mercado foi o polêmico Elon Musk, que ajudou a fundar o PayPal em 1998.
O mercado cresceu e é dominado não somente pelas gigantes da tecnologia com as carteiras proprietárias de Apple, Google e Samsung, mas também com players da mobilidade como a 99, que lançou o 99 Pay em 2020. O varejo não demorou a colocar o pé nesse mercado, tendo players como Amazon, Mercado Pago e Shopee.
Segundo o relatório da Worldpay, as carteiras digitais são projetadas para se tornar o principal método de pagamento nos pontos de vendas na América Latina e na região de Oriente Médio e norte da África até 2027.
No e-commerce da América Latina, as carteiras ainda ficam atrás dos cartões de crédito (35% contra 21%), cenário que deve mudar até 2027, quando é previsto um crescimento para 28%, enquanto os cartões perdem parte da sua fatia, chegando a 26% de share.
No caso brasileiro, os cartões de crédito são o principal meio de pagamento (40%), seguido dos pagamentos A2A (de uma conta para outra, como o Pix, que têm share de 30%), carteiras digitais (16%), cartões de débito e pré pagos (9%), compre agora e pague depois, como o boleto bancário (<1%), dinheiro no ato da entrega (1%) e outros (cerca de 4%).
Já nos pontos de vendas físico, na América Latina, atualmente predominam empatados cartões de crédito e dinheiro (29%), seguido de cartões de débito (23%) e das carteiras digitais (15%). Porém, a perspectiva para 2027 aponta uma grande mudança nas fatias de mercado.
A nova liderança deve ser das carteiras digitais (29%), enquanto os cartões de crédito caem (para 26%), juntamente aos de débito (19%) e o dinheiro (22%).
Nas lojas físicas brasileiras, os cartões de crédito também lideram como o principal meio de pagamento (30%), seguido do dinheiro (22%), cartões de débito (20%), carteiras digitais (18%), financiamento ou parcelado (3%) e cartões pré-pagos (1%).
BRASIL
A WorldPay prevê aumento de 5% nos valores de transação das lojas físicas brasileiras até 2027, chegando a US$ 960 bilhões. No e-commerce, a expectativa é de um crescimento de 12% no mesmo período, chegando a US$ 150 bilhões.
As principais bandeiras atuantes no país são Mastercard (51%), Visa (31%), Elo (14%) e outras (3%). O relatório cita como os meios de pagamento mais populares, sem elencar porcentagens, o Pix, PicPay, o boleto bancário, Mercado Pago, Apple Pay, Google Wallet e o PayPal.
É claro que o crescimento do e-commerce de 18,7% no primeiro semestre de 2024 (Nielsen) ajuda na propagação de meios de pagamento como as wallets, como também são chamadas, mas, segundo o levantamento, o principal impulsionador deste crescimento são os códigos QR e a interoperabilidade dos sistemas.
O relatório aborda o cenário chinês de meios de pagamento, no qual o sucesso de players como o Alipay e do WeChat Pay estabeleceu a adoção em massa dos códigos QR. As duas empresas combinadas processam uma estimativa de mais de US$ 7,5 trilhões em transações de carteira digital em 2023 na China, correspondente a 90% do mercado local.
Os pagamentos por código QR se tornaram onipresentes no Sudeste Asiático devido à sua simplicidade, padronização, operação barata para comerciantes e suporte à infraestrutura subjacente de bancos centrais. “É uma economia para os comerciantes, pois não exige equipamentos. Precisam apenas gerar um código para aceitar pagamentos de várias carteiras.” A interoperabilidade, por outro lado, está presente na cooperação entre os bancos centrais do Sudeste Asiático. A Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) está ajudando a promover a interoperabilidade transfronteiriça, visando impulsionar a integração econômica regional e o crescimento.
PIX
A Worldpay indica um crescimento de 1% dos pagamentos diretos A2A (de uma conta para outra) no e-commerce global até 2027. Um dos impulsionadores, segundo a empresa, devem ser os mercados com forte suporte governamental para esses meios de pagamento, e um dos destaques é o Pix. O meio de pagamento brasileiro é projetado para totalizar 50% dos pagamentos feitos no e-commerce do país até 2027. Iniciativas parecidas na Índia, Polônia e Holanda buscam fatias de mercado parecidas, entre 50% e 73% em seus respectivos países.
O boleto bancário brasileiro também é um destaque dos pagamentos pós-compra, entre os mercados latino americanos, como forma de inclusão financeira. Segundo o relatório, o meio de pagamento foi responsável por aproximadamente 4% do valor das transações de e-commerce da região em 2023.
No Brasil representa atualmente 2,9% dos pagamentos da categoria, com expectativa de cair até 1% até 2027. “Essa queda segue a mesma trajetória do dinheiro, que reduziu pela metade sua participação nas transações nos últimos cinco anos.”
IMAGEM: BC/divulgação