Busca Busca anuncia expansão para o shopping Plaza Polo

Depois de três meses da inauguração como loja de rua, a “Shopee do Brás”, que virou fenômeno no TikTok causando filas de até 2 horas, amplia atuação a partir de abril

Cibele Gandolpho
13/Mar/2024
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Busca Busca anuncia expansão para o shopping Plaza Polo

“Olá ‘galela’, tudo bem? Eu sou Chefe do Benefício”. Com essa frase icônica, o chinês Alex Ye, de 36 anos, virou um fenômeno no TikTok em poucos dias com sua loja de importados Busca Busca, no Brás, inaugurada em dezembro passado. 

Com até duas horas de espera para entrar desde o terceiro dia de funcionamento, a Busca Busca recebe cerca de 5 mil clientes por dia atualmente, que ficam debaixo de sol e chuva para garimpar os melhores produtos. 

Nesta semana, Alex Ye anunciou mais uma novidade que vai agitar o mercado. Irá expandir a loja para o shopping Plaza Polo, também no Brás, porém, com vendas diretas de importadores. Será o Espaço Busca Busca, com previsão de inauguração em abril.

Com cinco pisos, o shopping conta com 30 mil metros de área construída, 400 lojas e 250 vagas para estacionamento de carros. A expectativa é de um fluxo diário de 20 mil pessoas. O Plaza Polo traz o modelo de atacarejo, com lojas pequenas, de cerca de 10 a 12 metros quadrados. 

“Quero abrir a maior loja de varejo da América Latina. Meu sonho é oferecer produtos de qualidade, com bons preços e, acima de tudo, um ambiente agradável e aconchegante para meus clientes. Sem calor, sem filas, sem caixas amontoadas. Tudo muito confortável para as pessoas comprarem sem sufoco”, promete o “Chefe”.

Ele garante que todos os importadores deverão seguir os padrões do Espaço Busca Busca. “Vou montar um SAC na entrada do shopping para atender aos clientes que precisarem de auxílio. O importador que não tiver um bom atendimento será convidado a sair do nosso espaço porque eu prezo pela qualidade no trato com os meus seguidores e consumidores.”

Ye ainda não pensa em fechar o primeiro endereço, onde ele vende diretamente para o consumidor, mas pode acontecer no futuro. “Lá no Plaza Polo, não serei eu vendendo, mas sim o importador diretamente.”

Por enquanto, o projeto prevê vendas no primeiro andar inteiro, já que o térreo já está ocupado por lojistas de roupas, e o objetivo de Ye é pegar os demais andares do shopping Plaza Polo. As obras de montagem das lojas já ocorrem a todo vapor. 

LIVE COMMERCE

Alex Ye cresceu muito rápido com a Busca Busca nas redes sociais, mas ele já era uma figura conhecida no Brás, onde atua no segmento de roupas. 

A Busca Busca nasceu como um negócio on-line, apostando na estratégia MCN (Multi Canal Networking), ainda não amplamente divulgada no Brasil. Ele enxerga os influencers como peças-chave na venda e a propaganda por meio das redes sociais, utilizando o live commerce - um evento virtual para maximizar vendas, com transmissão ao vivo.

O empresário começou no Tik Tok fazendo as lives e mostrava os detalhes de vários produtos. Abria, testava e dizia o preço. “Os importadores me pagam para fazer as lives, mas agora com essa loucura, estou um pouco sem tempo, mas vou retomar”, conta. 

Durante as lives e postagens dos vídeos gravados, Ye fez a campanha de que a Busca Busca vende mais barato que a Shopee. E não é que ele viralizou? Atualmente, as redes sociais do Chefe do Benefício somam quase 6 milhões de seguidores. 

A Busca Busca se diferencia um pouco das tradicionais lojas de itens importados porque oferece produtos de maior valor agregado, saindo das tradicionais “bugiganças”. Tem desde mini aquecedores, ventiladores, ferros, aspiradores de pó, secadores de cabelo até mini máquinas de lavar roupa. 

A variedade é grande e os itens somem das prateleiras antes mesmo da hora do almoço. Os clientes já começam a fazer fila na porta da loja por volta das 5h da manhã. O prédio conta com oito andares, mas apenas três, incluindo o térreo, estão ocupados por enquanto.

MELHORIAS

Enquanto realiza o projeto do Espaço Busca Busca, o comerciante faz melhorias na primeira loja da Rua Rodrigues dos Santos, como a instalação de ar condicionado, a contratação de mais caixas para atender a extensa fila e mais pessoal de reposição.

“Foi tudo muito rápido e eu não esperava essa demanda tão imediata. Estou me esforçando para atender aos clientes com qualidade. Não quero ninguém passando perrengue, calor e ficando na fila no sol e na chuva”, revela. 

É comum vê-lo circulando pela enorme fila que dá voltas no quarteirão distribuindo guarda-chuva para os clientes se protegerem. Outros o param frequentemente para tirar selfies. “Fiquei famoso”, conta. 

No entanto, ainda há uma pequena parcela de pessoas que reclamam do atendimento. “A maioria é compreensiva, mas há quem chegue querendo um lugar espaçoso como o Shopping Iguatemi, quer o atendimento de uma Louis Vuitton, a qualidade da Apple e, além de tudo, um preço de banana”, diz.

E ele completa: “Mas quem acha que eu não consigo? Eu preciso de tempo! A Apple tem 48 anos de história. A Louis Vuitton tem 170 anos. E o Busca Busca? Nem três meses, é um bebezinho recém-nascido. Preciso de tempo.”

MAIS NOVIDADES

Mas o Chefe do Benefício não para por aí. Ele tem outras metas. Afirma que está formatando um modelo de franquias em todo o Brasil ainda para este ano e irá montar uma plataforma para atacadistas para que eles possam comprar e revender, algo semelhante ao gigante Alibaba que, no Brasil, vende pelo site do AliExpress.

A empresa já adotou essa tendência por meio do Kwai, a única plataforma no Brasil com esse serviço, onde vendia produtos que hoje fazem parte das prateleiras da loja, desde eletrônicos até utensílios de casa.

Todavia, este movimento para o digital já é evidente, com a declarada intenção de lançar o maior site atacadista do Brasil. Ele diz que não procura apenas lucro, mas também qualidade, mantendo margens de lucro menores para tornar os produtos acessíveis aos clientes.

FÓRMULA DE SUCESSO

Mas qual o segredo do sucesso tão repentino da Busca Busca? O que fez este comerciante já experiente no ramo explodir e trazer uma legião de consumidores para a porta da sua loja? 

Além do trabalho duro, como ele define, e a experiência com varejo, Alex Ye aposta fortemente em marketing digital. Suas postagens apresentando os produtos abertos e funcionando têm uma média de 150 mil visualizações no Tik Tok, podendo chegar a 3 milhões.

Os vídeos mostram um Alex Ye extremamente carismático, sorrindo e com comentários sobre os produtos. “Nossa, gente, que coisa fofa isso, muito bonitinho”. “Olha, funciona mesmo, vou levar para a minha casa”. Ou, “que bacana isso, não entendo nada desse produto, mas apaixonei já”. 

Essas são algumas das frases comuns do Chefe. Apesar de falar português bem, os erros cometidos acabam tornando a narração engraçada.

Além disso, outra aposta para o sucesso, segundo ele, é negociar diretamente com os importadores, eliminando as camadas de atacadistas e varejistas. 

Como adquire grandes volumes, o empresário consegue mais descontos e atua com uma margem menor. “Preciso trazer benefício real para o cliente. Se não tem benefício dos dois lados, não há como ter um negócio vantajoso. Não quero vender porcaria”, garante.

Ele explica que essa estratégia de divulgação virtual é certeira, já que seu público, que varia de 22 a 50 anos, assiste seu conteúdo ou o acompanha nas redes, o que aumenta o potencial de compra.

Questionado se irá fechar o primeiro endereço depois que o espaço do shopping tomar fôlego, Ye comenta que é uma possibilidade, mas ainda não é nada confirmado. “Vamos avaliar o cenário.”

Uma atitude ousada também faz parte da estratégia da Busca Busca. Quem não fica satisfeito com o produto que adquire ao chegar em casa pode devolver e pegar o dinheiro de volta. “Isso eu garanto. Qual loja faz isso no Brasil? E nós temos pouquíssimas devoluções porque o cliente sai satisfeito”, diz Ye.

QUEM É O CHEFE?

Alex Ye nasceu em Wenzhou, na China, em 1988. Cresceu entre grandes lojistas, que foram sua inspiração para seguir na área. Chegou ao Brasil com 10 anos e, quando completou 20, já era dono de uma fábrica com mais de 300 funcionários e passou a investir em diversas áreas do comércio.  

Se tornou Mestre em Artes e Engenharia da Computação pela Tsinghua University,  em Pequim, de 2001 a 2004, mas voltou ao Brasil. Atualmente, além da Busca Busca, ele gerencia quatro lojas no Brás, focadas em roupas, e emprega  quase 200 funcionários. Já chegou a ter 7 lojas no bairro, entre elas a Bela Plus, de tamanhos grandes.

Com metas ambiciosas, Alex Ye ainda sonha grande. “Meu sonho já está se realizando, de ver tanta gente confiando na gente e comprando nossos produtos com qualidade. Mas ainda quero mais e vou conseguir, com calma”, promete. Quem duvida?

 

IMAGENS: Busca Busca/divulgação 

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