Bem-vindo ao Campo Belo, onde o comércio agora refloresce
Liberado pela nova Lei de Zoneamento, o bairro paulistano da Zona Sul começa a ganhar novos pontos comerciais e de serviços
A liberação de maior diversidade de estabelecimentos comerciais e de serviços em vias próximas de bairros residenciais é apontada pelos varejistas como uma das principais conquistas da nova Lei de Zoneamento.
Com acesso fácil a outras regiões da cidade pelas avenidas dos Bandeirantes, Washington Luís e Jornalista Roberto Marinho e distante 13 quilômetros do Centro de São Paulo, o Campo Belo era um dos bairros classificados, até então, como zona exclusivamente residencial (ZER).
Apesar disso, especialistas afirmavam que é o tipo de região com vocação para uso misto. Mas por conta da legislação, grande número de comerciantes foram compelidos a fechar as portas ou prosseguiram operando de forma irregular.
Por anos, os moradores do Campo Belo reivindicavam a alteração da nomenclatura (ZER) para os corredores de comércio já estabelecidos no bairro, por meio do Movimento Zer Legal e da Associação Pró Campo Belo.
"Além de preservar os negócios já existentes, queríamos cessar a informalidade que começava a crescer por conta da proibição", afirma Christian de Moraes Suppo Bojlesen, membros dessas associações.
Com a revisão e aprovação de um novo zoneamento, em 2016, o bairro foi “descongelado” - termo utilizado por urbanistas para definir áreas que deixaram de ter uma única demarcação.
Agora considerado uma Zona Mista, a maior parte das ruas do Campo Belo podem contar com atividades de comércio e serviços, além de poder ter novos edifícios com até oito andares.
Desde que a nova legislação entrou em vigor, há quase um ano, despontaram no bairro novos pontos comerciais.
Aberto em dezembro, o restaurante Glück Tartelette Gourmet, de Gilberto e Ana Luísa Kugelmann, já é um dos estabelecimentos mais procurados da região. O cardápio oferece receitas alemãs do casal, em um bairro que é considerado um dos redutos da colônia germânica na cidade.
O endereço escolhido foi a rua Conde de Porto Alegre. Desocupado há alguns anos, o imóvel alugado ganhou nova pintura e uma vitrine repleta de doces típicos coloridos.
Na mesma rua, surgiu também uma nova clínica de estética. Vizinha da Glück, a Fives Stars Festas - loja de artigos para festas - abriu as portas há dois meses.
A 700 metros dali, os sócios Anton Montanaro e Danilo Ávila também inauguraram o restaurante Parm, em agosto do ano passado.
Para Érico Pasquini, consultor imobiliário na região, a presença de pequenos comércios e serviços explica porque muita gente quer morar no bairro.
"Tudo pode ser feito tranquilamente a pé", diz. "Os imóveis são vendidos sem dificuldade porque tudo o que você precisa está a 200 metros de casa."
Foi mirando nesse púbico que Wagner de Oliveira Guedes, 37 anos, aproveitou a permissão e o novo impulso à região para abrir a segunda unidade de seu negócio, a Barbearia Capital.
Com três funcionários, cada um deles atende dez clientes por dia -a maioria de moradores do bairro.
Ao contrário do que possa parecer, não foi tarefa fácil encontrar um lugar disponível. A barbearia, que fica na rua Brás de Arzão, tem apenas 20 metros quadrados e esses imóveis menores estão entre os mais procurados .
"Há uma grande oferta de imóveis maiores e com o novo zoneamento, muita demanda", diz.
Mesmo com as modificações na lei, Guedes afirma que ainda há quem confunda o que pode ou não ser aberto na região.
Para sanar dúvidas como a apontada pelo barbeiro Guedes, a Associação Comercial de São Paulo (ACSP), por meio de seu Conselho de Política Urbana (CPU), desenvolveu um serviço que descomplica o processo de instalação de uma empresa e a obtenção da licença de funcionamento –um dos documentos necessários para a formalização dos negócios.
Batizado de ACFormaliza, o serviço funciona como uma espécie de consultoria eletrônica com informações necessárias para que o empreendedor saiba, antecipadamente, se conseguirá obter a Licença de Funcionamento.
O resultado da consultoria é uma ficha contendo as informações necessárias para que o empreendedor saiba quais as condições para funcionar naquele imóvel.
A ficha indicará se a atividade é permitida no local, se o imóvel está regular, se existem restrições de horários de funcionamento, vagas de estacionamento necessárias, parâmetros de uso e ocupação do solo, entre outros quesitos.