Aprovação a ciclovia cai, e para contribuinte o preço sobe

Além de desprezar planejamento, Prefeitura supera a média mundial gasta com as ciclovias, como a da Faria Lima (na foto)

Mariana Missiaggia
09/Fev/2015
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Aprovação a ciclovia cai, e para contribuinte o preço sobe

A instalação de ciclovias sempre foi um tema controvertido na gestão do prefeito Fernando Haddad (PT). À medida que as faixas para bicicletas se expandem, multiplicam-se os comentários de reprovação. Segundo a pesquisa Datafolha, divulgada no último dia 8, a popularidade das ciclovias caiu de 80%, em setembro, para 66%.

A reprovação a esse tipo de via também aumentou. Em 5 meses, a população contrária a ciclovia passou de 14%, para os atuais 27%. Até então, as críticas mais comuns alegavam que o espaço exclusivo passa boa parte do tempo ocioso, além de tirar o espaço dos carros. Reportagem publicada pela revista Veja São Paulo deve engrossar ainda mais os argumentos do bloco que se opõe às faixas.

A publicação revela que cada quilômetro de ciclovia construída custa R$ 650 mil. Um valor muito distante dos R$ 200 mil projetado por Haddad, na divulgação do projeto. O prefeito prometeu entregar 400 novos quilômetros de faixas exclusivas para bicicletas à capital – ainda faltam 244, com o aporte de R$ 80 milhões.

Até hoje, foram gastos R$ 39 milhões em 156 quilômetros. Este valor representa quase metade do orçamento previsto. Empresas ouvidas pela Veja São Paulo afirmaram que o serviço poderia ser feito com R$ 105 mil por quilômetro, incluindo a margem de lucro da empresa.

De acordo com a Prefeitura, 95% das obras entregues desde o ano passado se resumem basicamente à pintura no chão, sem qualquer outra modificação no entorno, como pavimentação, sinalização semafórica ou outras modificações. Até agora, o maior trecho em execução vai captar mais de R$ 77 milhões – 21 quilômetros que envolvem as regiões da Paulista e Faria Lima, nas regiões central e oeste, respectivamente.

Em uma avaliação nacional, a cidade de São Paulo ocupa o primeiro lugar em gastos. Porto Alegre (RS) tem 18 ciclovias, e cada quilômetro, dos 25 de vias exclusivas aos ciclistas, saiu a R$ 480 mil. Quase com o mesmo valor, Curitiba (PR) investe R$ 450 mil. Em Aracaju (SE), cada quilômetro da rede custa R$ 200 mil. Já em Campo Grande (MS), o valor cai para R$ 134 mil.

A ciclovia mais cara do país é também, segundo a Veja São Paulo, a mais cara do mundo. Os R$ 650 mil massacram a média mundial de R$ 300 mil por quilômetro. Todas as cidades estrangeiras, que se tornaram referência em investimentos nessa área, estão abaixo do montante gasto em São Paulo.

LEIA MAIS: Os dois lados das ciclofaixas paulistanas

Prefeitura desprezou o planejamento ao implantar ciclovias em São Paulo

Abaixo da capital, está Berlim, na Alemanha que a cada quilômetro construído gasta R$ 518 mil. Com quase os mesmos custos, Nova York, nos Estados Unidos, e Madri, na Espanha, também estão acima da média mundial – R$ 396 mil e R$ 390 mil. Considerada a capital mundial das bicicletas, Amsterdã, na Holanda, investe R$ 210 mil por trecho de 1 quilômetro. A cidade de Paris, na França, está entre as mais econômicas, com R$ 129 mil por quilômetro. 

Assim como ocorreu com as ciclovias, a administração de Haddad também não está agradando. A reprovação à gestão do prefeito cresceu 16%, entre setembro e fevereiro, segundo o Datafolha. Hoje, 44% dos eleitores consideram o governo paulistano ruim ou péssimo. Apenas 20 % da população consideram o trabalho de Haddad ótimo ou bom (houve queda de 2%), e outros 33% o classificam como regular (houve queda de 11%).

Para Antonio Carlos Pela, coordenador do CPU (Conselho de Política Urbana), da ACSP (Associação Comercial de São Paulo) e vice-presidente da ACSP, faltou planejamento e discussão para o projeto. “Desde o início insistimos que este não é o modelo que se espera, ou se quer. Creio que a Prefeitura deveria primeiro ver o que está sendo feito para depois ser implantado. Sem dúvida, uma pesquisa mais aprofundada sobre outros países teria indicado maneiras de instalação mais adequadas e que poupariam tamanha fortuna”, diz.

De acordo com Pela, a Prefeitura deveria divulgar um balanço apresentando números de utilização da ciclovia, além de explicar como estas faixas demandaram investimentos desse porte (R$ 650 mil), muito acima do que era previsto. "A questão principal no momento, é explicar e entender como saltamos de R$ 200 mil para R$ 650 mil", diz. 

A repercussão do caso levou a Prefeitura a publicar uma nota de esclarecimento. De acordo com o órgão, a revista somou projetos diferentes para obter o custo médio de cada quilômetro construído. “Teria sido necessário extrair o custo específico para a ciclovia para chegar ao cálculo desejado pela reportagem. Tirando as três obras citadas (Faria Lima, avenida Paulista e Amaral Gurgel), a implantação teve custo médio de R$ 180 mil por quilômetro, até o fim de 2014”.

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