Apesar das férias escolares, serviços tiveram receita fraca
O faturamento do setor subiu apenas 2,1% em julho, bem abaixo da inflação, na comparação com igual mês de 2014

A receita do setor de serviços subiu 2,1% em julho deste ano ante igual mês de 2014, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Essa variação não desconta a inflação. Para ter uma ideia, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulou alta 9,56% em 12 meses até julho.
Segundo o IBGE, foi o pior desempenho para um mês de julho em toda a série, iniciada em janeiro de 2012. Em junho de 2015, o crescimento também foi de 2,1% no mesmo tipo de confronto.
Com o resultado de julho, a receita bruta do setor acumulou alta de 2,2% no ano. Já em 12 meses, o avanço foi de 3,3%, o menor desde o início da série, que começou em janeiro de 2013 neste tipo de comparação.
A exceção foi o segmento de serviços prestados às famílias, que teve ligeira melhora, com alta de 2,5% no mês de férias escolares sobre igual período do ano passado.
"Os serviços estão acompanhando o processo de desaquecimento que temos observado em outros setores, principalmente indústria e comércio", disse Roberto Saldanha, técnico da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE.
Ele avalia que o ajuste fiscal dos governos também tem afetado a demanda por serviços. "A indústria é o principal demandante (de serviços), seguida do próprio governo. Na medida em que a indústria está passando por fase de desaquecimento e o governo por contenção de gastos, isso se reflete em menos contratações de serviços. São serviços de transportes, de consultoria, serviços que normalmente são terceirizados. Todos eles sofrem uma retração em função dessa demanda desaquecida", explicou Saldanha.
A retração no poder de compra das famílias também afeta a receita dos serviços, segundo o técnico.
Em julho, o rendimento médio dos trabalhadores caiu 2,57% em relação a igual mês do ano passado, enquanto a massa de rendimentos habitual encolheu 3,48% no período, de acordo com dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), que investiga o mercado de trabalho nas seis principais regiões metropolitanas do país.
NAS FÉRIAS, SERVIÇOS ÀS FAMÍLIAS
Os serviços prestados às famílias tiveram uma ligeira melhora em julho devido às férias escolares. A receita nominal do setor, sem descontar a inflação, teve alta de 2,5% em relação a julho do ano passado, após estabilidade em junho e queda em maio, sempre nesse tipo de comparação.
"No caso dos serviços prestados às famílias, apesar de ser uma taxa (de crescimento) ainda baixa, é um mês de férias, então tem certo aquecimento, em que pese a retração no poder de compra das famílias", disse Saldanha.
Segundo ele, mais pessoas viajaram e demandaram serviços de alimentação e alojamento em relação a meses anteriores. Houve ainda um evento de games em São Paulo, que ajudou a movimentar os serviços na região.
O turismo de lazer também beneficiou o transporte aéreo, cuja receita nominal avançou 4,4% em julho ante igual mês do ano passado, o melhor resultado neste tipo de confronto desde setembro de 2014. "Houve certa retomada no turismo de lazer por causa das férias", afirmou Saldanha.
Foto: Estadão Conteúdo