A receita de uma veterana para se manter competitiva

Rony Sato, gerente de inovação e tecnologia da Basf, eleita três vezes uma das cem empresas mais inovadoras do mundo, conta o que uma companhia deve fazer para se manter criativa

Italo Rufino
07/Dez/2016
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A receita de uma veterana para se manter competitiva

A cidade alemã Mannheim foi palco de grandes invenções ao longo de século 19. Em 1817, Karl Friedrich Drais, cidadão do povoado, criou a primeira bicicleta do mundo. Fabricada em madeira e sem pedais, a predecessora das magrelas atingia 15 quilômetros por hora. 

Décadas mais tarde, outra invenção sobre rodas surpreendeu ainda mais a população da região.

Em 1886, o engenheiro Karl Benz desenvolveu um triciclo com motor movido à gasolina. A invenção, que parecia uma charrete envenenada, representou a invenção do carro. 

Entre as invenções da bicicleta e do automóvel, Mannheim acolheu uma indústria de corantes em 1865. O negócio foi o embrião da Basf, hoje a maior indústria química do mundo, que fatura 70 bilhões de euros e emprega cerca de 112 mil pessoas. 

LEIA MAIS: Como eles posicionaram suas empresas no topo do pódio da inovação?

Atualmente, a operação brasileira da companhia é dividida em doze áreas de negócios e mantém um portfólio de oito mil famílias de produtos.

A companhia atende sete indústrias, como química, automotiva e agricultura. Uma das marcas mais conhecidas é a Suvinil, de tintas imobiliárias. 

Nos últimos cinco anos, a Basf figurou três vezes na lista das cem empresas mais inovadoras do mundo, realizada pela Thomsom Reuters. O slogan da empresa reflete a incessante busca por novidades – “nós transformamos a química”.

SAIBA MAIS: O que aprender com a Basf: boas práticas para inovar

E quais são os desafios para fomentar a inovação e aglutinar diferentes ideias dentro da estratégia de crescimento de uma companhia com estrutura complexa?

No Brasil, o homem que tem essa resposta é Rony Sato, gerente de Tecnologia e Inovação da Basf para América do Sul.

Sato acompanha todos os diferentes programas relacionados a inovação que são desenvolvidos pela empresa e tem como função conectar as diferentes áreas de negócio numa sinergia estratégica comum. 

A Basf utiliza práticas de inovação aberta, que consiste em criar relações de cooperação com universidades, institutos de pesquisa, fornecedores e clientes para encontrar novas oportunidades de negócios e solucionar desafios que podem ter impacto na empresa e em seu mercado. 

Na prática, o conceito se traduz em plataformas de interação com pesquisadores acadêmicos, programa de sugestões internas, aceleração de startups, cocriação com outras empresas e séries de workshops e debates que buscam melhorar a sustentabilidade do planeta. 

EQUIPE DA BASF DURANTE PREMIAÇÃO EM FEIRA DA INDÚSTRIA DE COSMÉTICOS/DIVULGAÇÃO 

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NECESSIDADE DO MERCADO VERSUS CAPACIDADE TECNOLÓGICA 

De acordo com Sato, para transformar todo o conhecimento que emerge das mais diferentes frentes em inovações relevantes, é necessário, previamente, elencar potenciais áreas de crescimento. 

Para isso, a Basf identifica novas demandas de mercado e segmentos que estão em busca de soluções dentro das áreas de atuação da companhia.

Depois, a Basf posiciona sua força de tecnologia para atender as carências com inovações. 

Um exemplo simples da metodologia da Basf tem relação com o uso de ar-condicionado na última década.

Com o pujante crescimento econômico brasileiro, entre 2004 e 2008, a venda de aparelhos de ar-condicionado – entre outros eletrodomésticos – aumentou consideravelmente. 

Nos últimos anos, com a escassez hídrica e a crise energética, a conta de energia elétrica ficou mais cara. Ar-condicionado deixou de ser uma alternativa de conforto térmico para os mais pobres. 

Neste intervalo, a Basf desenvolvendo uma série de materiais isotérmicos que, quando aplicados nas paredes e telhados da residência, diminuiem a variação térmica do ambiente.

A tecnologia reduz a necessidade de uso de ar-condicionado em até 50%, de acordo com um estudo encomendado pela Basf. 

NOVO COMPOSTO QUÍMICO FEITO A PARTIR DE ÓLEOS DE MICROALGAS

Outra inovação recente nasceu de uma parceria de cocriação entre a Basf e a empresa de biotecnologia norte-americana Solazyme, que mantém operação no Brasil.

O produto desenvolvido, o DEHYTON® AO 45, é uma betaína (composto químico) produzida com óleos de microalgas num processo de baixa emissão de carbono e que requer menos uso de água do que os processos até então existentes.

A matéria-prima pode ser utilizada em fórmulas de xampu, sabonetes líquidos e outros produtos de higiene pessoal. 

Em 2015, o produto foi o vencedor do 1º Prêmio ITEHPEC de Inovação, realizado pela Associação Brasileira das Indústrias de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos. 

EQUILÍBRIO ENTRE INVESTIMENTOS E RESULTADOS 

O principal indicador de desempenho em inovação utilizado pela BASF é o Índice de Vitalidade de Novos Produtos (Vitality Index), que mensura as receitas provenientes de produtos que estrearam no mercado nos últimos cinco anos.

No plano global, o índice é de 13%. No Brasil, a marca Suvinil tem índice de 60%. 

MARCA SUVINIL: INOVAÇÕES E RETORNO FINANCEIRO

Nos últimos anos, os investimentos em inovação têm crescido 6% ao ano. Atualmente, o dispêndio global é de cerca de 2 bilhões de euros.

A empresa não revela o investimento específico no mercado brasileiro devido ao fato de a região ser beneficiada por inovações criadas em outros países. 

Por conta da recessão econômica, a empresa tem revisitado os projetos de inovação. A regra têm sido alocar recursos em projetos que possuem maior probabilidade de serem implementados no futuro – e, consequentemente, gerar retorno financeiro. 

Um dos projetos priorizados é a marca Kixor, linha de moléculas para controle de plantas daninhas com grande potencial de crescimento na agricultura brasileira. 

“Estamos em busca do equilíbrio entre o esforço de investimentos e os resultados que poderemos alcançar com as inovações”, afirma Sato. “A busca por eficiência é constante.”

FOTOS: Divulgação

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