Prefeitura aposta em quiosques para reurbanizar Vale do Anhangabaú
Projeto da SPUrbanismo quer atender diferentes demandas e dinâmicas que acontecem no Vale, como lazer, manifestação, simbologia e comércio
Polêmico, o projeto de reurbanização do Vale do Anhangabaú, no Centro, pretende transformar o espaço em uma esplanada para receber grandes eventos. A proposta vem de encontro com o programa Centro Aberto, que tem como objetivo a construção de novos espaços e sobretudo a transformação de estruturas preexistentes renovando suas formas de uso. A proposta está em operação a pouco mais de um ano.
Foi a partir dessas ações nos Largos do Passaindu e São Francisco, que Gustavo Partezani, diretor de desenvolvimento da SPUrbanismo, desenvolveu uma pesquisa sobre atividades e permanências no Centro.
“Há um ano, 62% do público total diário do Centro apenas passava pelo endereço. Hoje, esse número foi reduzido a 19%. Ou seja, as pessoas passaram a utilizar, passear e consumir no Centro”, disse.
A afirmação foi feita durante reunião do CPU (Conselho de Política Urbana), da ACSP (Associação Comercial de São Paulo), coordenada por Antonio Carlos Pela, coordendor do CPU e vice-presidente da ACSP, para discutir o projeto de reurbanização do Vale do Anhangabaú. A proposta de criar uma grande “área molhada”, com fontes cercadas por quiosques de comércio e prédios com fachada ativa, além da substituição completa do projeto paisagístico do Vale do Anhangabaú, tem dividido opiniões.
Marco Antônio Ramos de Almeida, superintendente da Associação Viva o Centro, não concorda com a forma como a administração municipal tem tratado o tema. Para ele, outros espaços públicos da cidade apresentam carências maiores. “Ao longo dos anos, a municipalidade não fez a gestão e a manutenção que seriam desejáveis para o Vale do Anhangabaú”, diz.
“Trocar todo o calçamento do espaço e implantar espelhos d’água que há muitos anos já não funcionam não me parece a melhor saída. Além disso, não está sobrando dinheiro na Prefeitura para gastarmos com invenções, enquanto outros lugares estão com problemas maiores”, diz.
Pertezani argumenta que o projeto foi alinhado com base na própria população e atenderá às demandas vindas das pesquisas feitas no local.
“A gestão quis, primeiramente, ouvir a população que usará o Vale.” Ele afirma que o processo teve início em abril de 2013, em um procedimento chamado Diálogo Aberto. “Tivemos workshops, em que foram ouvidos diversos representantes de entidades, e especialistas”, diz.
Para Partezani, falta vida para o Vale do Anhangabaú, que terá seu cenário modificado com a presença de comércio e novas opções de lazer, como pista de skate. Segundo o diretor, a laje construída sobre os dois túneis, na década de 1990, cortou o caminho das pessoas que atravessam o vale pelo Anhangabaú. “A ideia é realinhar a avenida São João, e garantir um ambiente agradável, e seguro para moradores, trabalhadores, comerciantes e transeuntes como um local de conexão entre o centro velho e o centro novo."
As obras estão estimadas em R$ 100 milhões e há previsão de que comecem no ano que vem. O dinheiro virá de recursos da Operação Urbana Centro.
*Foto: Alf Ribeiro/Estadão Conteúdo