Rotos e esfarrapados
PT e PSDB estão na lista de Janot e inspiram cuidados éticos, já que são os mais posicionados para a sucessão de Dilma
Seis partidos são citados na lista que o Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, enviou ao STF para abertura de inquérito contra políticos que se envolveram no rumoroso escândalo das propinas da Petrobrás e, como era esperado, estão entre eles, PT, PSDB e PMDB, que, via de regra, são os que mais elegem prefeitos, governadores e presidente da República.
Os outros três são menos encorpados: PP, PTB e PSB. Foi pedida a abertura de inquérito contra cerca de 60 pessoas, 30 das quais deputados e senadores. A informação preliminar é que também um governador está entre a casta das chamadas “aves de rapina”.
A inclusão de petistas, tucanos e peemedebistas na linha de frente da lista de políticos que mamaram – e ainda mamam - nas tetas expostas da Petrobrás é a prova concreta de que corruptos e corruptores procuram se abrigar e estar sempre numa boa nos partidos que ganham eleições e estão sempre no Poder.
É mais fácil para eles roubarem o Estado e os contribuintes que pagam pesados impostos quando se está em perfeita sintonia com quem comanda prefeituras, governos estaduais e presidência da República.
Foi dito e repetido que não existe uma única obra pública no País que não seja irrigada pela propina. Devido às circunstâncias que envolvem o episódio, o que não deixou de chamar a atenção é a presença do PSDB na lista de partidos que têm políticos implicados com a corrupção, que serviu também de desalento para a parcela da mídia representada por conhecidos comentaristas de rádio e televisão e colunistas de jornais e revistas que, levados pela boa fé e canto da seria, apostaram na lisura do projeto de Poder dos tucanos.
O desencanto atingiu ainda aqueles que acreditaram em outro partido de expressão, o PT, pensando que se tratava de uma agremiação diferente dos tradicionais partidos que dominaram o cenário da política brasileira por muitos e muitos anos. O homem comum costuma dizer que “é tudo faria do mesmo saco”.
Nas próximas campanhas eleitorais, principalmente as de presidente da República e governadores, em 2018, o roto não vai poder falar do esfarrapado, e vice-versa. E, o seleto grupo dos engajados no projeto do PSDB, que há meses faz menção à presença predominante de petistas no escândalo da estatal do petróleo, não se decepcionou apenas com a participação de tucanos no processo espúrio de recebimento de propinas.
O grupo que esperava encontrar no PSDB apenas seguidores da madre de Calcutá, da irmã Dulce e do frei Galvão infelizmente se danou e quebrou o bico. Nesse barco, enfim, que ancorou no porto das desilusões, tem até historiadores e passageiro imortal.
O envolvimento de petistas e tucanos nos dois maiores escândalos do momento, como os da Petrobrás e Metrô de São Paulo, pode servir de alento aos eleitores que sonham com futuras campanhas de melhor nível.
Como PT e PSDB vão concorrer na próxima eleição presidencial com candidatos favoritos para suceder a Dilma Rousseff, os eleitores esperam que propostas de governo superem os ataques de lado a lado e que possam resolver os verdadeiros problemas da população em áreas mais sensíveis, como as da educação, moradias, segurança, transporte e saúde.