Simpatia e cortesia são trunfos de quem quer ser campeão de vendas
30 de agosto é o dia do Vendedor Lojista. Aqui, eles contam como fazem para atrair mais e mais clientes. Na foto, Willians Inácio da Silva, um dos campeões de vendas da Honda Daitan
A simpatia é um dos requisitos básicos do bom vendedor. Paciência, responsabilidade, honestidade, facilidade de se relacionar com as pessoas, capacidade de comunicação e observação, agilidade e raciocínio rápido, são outras qualidades que podem transformar um iniciante na arte de atender o cliente em um campeão de vendas.
O sorriso franco, sinal evidente de simpatia, e a disposição incansável de resolver as maiores dúvidas do consumidor, são os traços em comum nos vendedores entrevistados pelo Diário do Comércio para esta reportagem do Dia do Vendedor Lojista, comemorado nesta quarta-feira (30/08).
Pouco importa o produto oferecido. Seja ele o carrão, o mais moderno e caro dos celulares, a roupa de grife, para jovens executivos, ou o sapato e acessórios femininos, vendidos a preços promocionais, com até 50% de descontos, na Rua Direita, no centro de São Paulo.
Willians Inácio da Silva, 39 anos, nascido em Osasco, Grande São Paulo, há dois anos é vendedor de veículos da Honda Daitan, na loja da Pompéia, na Zona Oeste de São Paulo.
Não tem salário fixo. Seus ganhos são originários das vendas que faz mensalmente. É um dos campeões de venda da concessionária, onde obtém de R$ 12 mil a R$ 15 mil mensais. “Antes da crise econômica, chegava a faturar R$ 30 mil por mês”, afirma.
Na Honda Daitan, o carro mais barato é o Honda Fit, que sai por R$ 64 mil. O mais caro, o Honda Civic, custa R$ 126 mil.
E qual o segredo do sucesso do Willians? Ele mesmo responde: “Disponibilidade, cortesia e cordialidade”. Willians se define como um altruísta.
O conceito do altruísta, ou seja, o indivíduo que se dedica aos outros, se encaixa perfeitamente ao que ele faz.
“Eu gosto de estar à disposição do cliente para resolver seus problemas. O bom vendedor de carros participa do processo todo da compra. Do começo ao fim. Se o cliente me liga fora do meu horário comercial, não posso considerar isto uma invasão de privacidade. Eu tenho de estar à disposição dele para tirar suas dúvidas. E gosto de fazer isso”, afirma.
Willians cursou Administração de Empresas na Universidade Paulista – Unip, até o quarto semestre. Por enquanto, ele diz, não tem tempo para voltar às aulas. “Mas quero voltar à faculdade para concluir o curso”.
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Manter o sorriso aberto depois de ter de enfrentar duas conduções para chegar ao trabalho não é fácil. É o caso de Jéssica Rocha, 26 anos, solteira, baiana de Macaúba.
Ela mora em Guaianazes, no extremo da Zona Leste de São Paulo, e trabalha na filial da rede Fast Shop, no Shopping Frei Caneca, no bairro da Consolação. Percorre diariamente 62 quilômetros de distância, ida e volta.
Mora nos fundos da casa de uma amiga. Só de aluguel paga R$ 1 mil mensais. Está no quarto semestre do curso de Administração de Empresas da Universidade Paulista – Unip -, no Tatuapé. Deixou a família na Bahia para tentar melhorar de vida em São Paulo.
A loja da Fast Shop do Shopping Frei Caneca é especializada na venda de aparelhos de celular. Lá, os preços variam de R$ 650,00 – um Zenfone - o mais barato, a R$ 4.899,00, o mais caro – um IPhone 6s Plus. O movimento de consumidores é grande. Jéssica foi a campeã de vendas do primeiro semestre.
“Não posso falar qual foi a cota que atingi. A empresa pede sigilo”, diz, com um sorriso estampado no rosto. Jéssica recebe um salário fixo e mais comissões que, segundo ela, chega a atingir R$ 2,5 mil, em mês de boas vendas.
A clientela do Frei Caneca é formada, basicamente, por jovens. Mas como há no local um espaço reservado para feiras e congressos, no sexto andar, é comum o shopping receber clientes de outros estados, de todas as idades e perfis sociais.
Eles chegam à loja da Fast Shop ávidos por novidades tecnológicas no que refere à telefonia celular.
“Muitas vezes a loja fica repleta de consumidores. Aí leva vantagem o vendedor que souber entender melhor e mais rápido as dúvidas dos clientes”, afirma ela.
Nenhum vendedor começa a trabalhar na Fast Shop sem antes passar pelo curso de vendas que a empresa oferece. São três meses de aprendizado.
“A Fast Shop tem uma política diferenciada para atender os consumidores. Partimos do princípio de que podemos seguir o cliente durante sua vida. Ou seja, o pai que entra na loja, amanhã pode trazer o filho, a mulher, a família toda para comprar”, diz ela.
‘TÍMIDO E CATIVANTE’
A Ellus, uma rede de lojas de roupas masculinas e femininas, tem os jovens como foco principal. Lá, o cliente pode encontrar artigos cujos preços variam de R$ 99,00 a R$ 4 mil. A rede aceita todos os cartões de crédito, em até cinco parcelas, e débito.
Lucas Almeida, 34 anos, paulista de Cotia, é vendedor da unidade do Shopping Frei Caneca há três anos. Ele se define como um vendedor “tímido e cativante”.
Diz que procura ouvir mais do que falar. Ele conta suas estratégias para se sair bem nas vendas e ser um dos melhores vendedores da loja.
“Quando o cliente entra na loja e diz que quer uma roupa para ir a um casamento, procuro saber como será a cerimônia, quem irá casar, o lugar. Desta forma, sei que tipo de roupa posso oferecer para ele. Se o cliente conta que quer comprar roupa para viajar, procuro saber para onde ele vai, com quem, quanto tempo vai ficar”, afirma Lucas, que se declara um observador nato.
“Observo o jeito de a pessoa sorrir, andar, falar. Tudo isso é importante para oferecer uma roupa que se ajuste ao jeito do ser do cliente”, ensina.
DESCONTÃO
Douglas José Oliveira da Silva, 25 anos, foi vendedor ambulante durante cinco anos. Vendia acessórios para aparelhos de celular na região do Brás. Hoje é um dos vendedores de sapatos da loja Oitenta, da Rua Direita, no centro.
Mora em Itaquera, na Zona Leste. Também não tem vida fácil. Para chegar ao trabalho, às nove horas da manhã, toma duas conduções, uma lotação e um trem, de São Miguel Paulista até o Brás. O percurso até o centro de São Paulo é feito a pé.
A Oitenta está sempre repleta de clientes. As promoções, de até 50% de descontos nos preços, são o chamariz que a loja utiliza para atrai-los. Douglas já ganhou o prêmio de melhor vendedor da unidade.
“Perdi minha mãe recentemente e isto fez com que a minha produção caísse. Mas tive o apoio do meu gerente e em breve vou voltar a ser o melhor vendedor da loja”, diz, sorridente. “Não tenho pai, nem mãe. Mas os clientes não têm culpa disso. E entram aqui para ser bem atendidos.”
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FOTOS: Wladimir Miranda/Diário do Comércio e Arquivo Pessoal