Queda nas vendas do Dia das Mães foi de 1,2% em todo o país
O número foi apurado pelo Boa Vista SCPC e pela Fecomércio. O varejo vendeu nacionalmente R$ 7 bilhões a menos, no primeiro recuo das vendas desde 2008, quando a pesquisa foi iniciada
Levantamento da Boa Vista SCPC em todo o país mostra que, este ano, as vendas do comércio para o Dia das Mães recuaram 1,2% em 2015 ante igual período de 2014. Esse é o primeiro recuo desde 2008, quando o indicador foi criado.
Em valores, o resultado representa uma perda para o varejo de R$ 7 bilhões em relação ao ano passado, segundo levantamento da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
Para a apuração do faturamento, foram consideradas não apenas as consultas à Boa Vista SCPC – aproximação para o número de vendas –, mas também a queda do valor médio do presente – de R$ 65 para R$ 57 entre 2014 e 2015.
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Houve um recuo nominal de 12% e, descontada a inflação, de 20%, segundo sondagem elaborada pela FecomercioSP, apurando-se um recuo de 19,1% no faturamento real do comércio brasileiro.
O ICV SAZ (Índice de Consumidores do Varejo Sazonal), da Virtual Gate, divulgado nesta segunda (11) pela SBVC (Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo) e que analisa o fluxo de pessoas em lojas, confirma esses dados.
A queda média no fluxo diário de pessoas nas lojas comparada ao Dia das Mães de 2014 foi de 9,4%. O período compreende 23 dias anteriores à data.
O baixo movimento de compra registrado pelo comércio se deve à presença menor do consumidor nas lojas. Ou seja, porque decidiu não comprar, ou então preferiu comprar em outros canais, afirma Caio Camargo, diretor de relações institucionais da Virtual Gate.
Outro indicador, o da Serasa Experian de Atividade do Comércio, que mediu as vendas na semana da data comemorativa de 2015, revela que de 4 a 10 de maio houve queda de 2,6% nas vendas em relação ao mesmo período do ano anterior (5 a 11 de maio).
O Dia das Mães é considerado pelo comércio como "o Natal do primeiro semestre. Mas o movimento das vendas na data segue a tendência de desaceleração do varejo como um todo, e antecipa um ano de menor crescimento para o comércio.
A perspectiva de vendas bastante inferiores à média já levavam a (FecomercioSP) a prever resultados tão decepcionantes quanto os que se seguiram, em 1990, o Plano Collor.
Na semana passada, 70% dos pesquisados entrevistados pela instituição disseram que pretendem presentear suas mães. No entanto, pretendiam gastar R$ 52, ou 20% a menos que no ano passado.
PLANTAR PARA COLHER (MAS SÓ DEPOIS)
O resultado é o que se espera em um ano com restrições muito fortes no que se refere à renda e ao poder de compra, afirma Nuno Fouto, diretor de pesquisas do Provar/FIA (Programa de Administração do Varejo da Fundação Instituto de Administração).
Só esses fatores, segundo o professor, já contribuiriam para que as vendas para a data não fossem como antes. Mas o que aumenta a expectativa negativa é a incerteza quanto ao emprego.
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“Dificilmente esperamos melhora para as próximas pesquisas de intenção de compras neste ano”, diz, lembrando que os presentes mais baratos darão o tom. “Quanto aos bens duráveis, o cenário é terrível”, afirma, lembrando ao varejista que, agora é o tempo certo de ser melhor que o concorrente.
"É ser um pouco mais consultor e ter a inteligência de conhecer o momento para ‘ajudar’ o consumidor que não quer gastar a comprar”, diz.
Para Emílio Alfieri, economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), o momento atual é o de “se empatar, está bom”. Como o consumo vinha em uma base muito forte desde 2004, essa acomodação nas vendas hoje é natural.
Segundo o economista, ela prognostica um ano de ajuste. Portanto, sinaliza que qualquer reação fica para o Natal ou o ano que vem. “É uma coisa quase bíblica: é um novo ciclo, um tempo de plantar para colher. Mas não tão cedo.”
CRITÉRIOS DA PESQUISA
O cálculo do volume de vendas para esta data é baseado em uma amostra das consultas realizadas no banco de dados da Boa Vista SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito), com abrangência nacional. Para este Dia das Mães foram consideradas as consultas realizadas no período de 4 a 10 de maio de 2015, comparadas às consultas realizadas entre 5 e 11 de maio de 2014.
A variação no faturamento, por sua vez, é estimada com base nos dados da Pesquisa Anual do Comércio (PAC) e da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), ambas divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
(COM ESTADÃO CONTEÚDO)