Mercado imobiliário mostra sinais de recuperação
Mas os investidores ainda permanecem cautelosos ao analisar oportunidades de negócios, dizem especialistas no setor
O mercado imobiliário deu os primeiros sinais de recuperação das atividades após anos seguidos de deterioração, mas isso só deverá se converter em um volume mais relevante de investimentos e rentabilidade dos ativos no médio a longo prazo.
Essas são as estimativas de consultores e analistas do setor. Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, observa que o cenário macroeconômico brasileiro dá sinais de melhora, caso do avanço nos índices de confiança dos consumidores e dos empresários, e a queda da inflação e da taxa básica de juros.
Agostini chama a atenção para a necessidade de diversificação das fontes de financiamento para a compra e a produção de imóveis.
No último ano, houve uma saída líquida de aproximadamente R$ 100 bilhões da caderneta de poupança - principal fonte de crédito imobiliário, ao lado do FGTS -, situação que gerou restrição e encarecimento nos empréstimos bancários.
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Para o economista, a diversificação dos instrumentos de captação ainda deve levar em conta a transição no perfil comportamental dos investidores.
"Há uma nova geração de jovens sem memória inflacionária, que busca novos investimentos. A tendência é o dinheiro não ir mais tanto para a poupança quanto no passado", diz Agostini.
INVESTIDORES
Daniel Cherman, presidente da consultoria Tishman Speyer no Brasil, diz que o País ainda precisa cumprir algumas etapas para atrair novamente um fluxo relevante de capital estrangeiro para o mercado imobiliário.
Embora os ativos - prédios corporativos, galpões logísticos, hotéis e shopping centers, entre outros - tenham ficado mais baratos no Brasil em meio à crise nacional e à desvalorização do real frente ao dólar, os investidores ainda permanecem cautelosos ao analisar oportunidades de negócios.
A volta em massa depende da confirmação da segurança institucional, tema que ficou parcialmente conturbado com o impeachment no ano passado, segundo Cherman.
"Quando houver conforto maior dos estrangeiros com a parte institucional, os investidores vão voltar. Talvez isso possa demorar um pouco, possivelmente até a reforma da Previdência ou as próximas eleições", afirmou Cherman.
O executivo citou também que muitas empresas, fundos e gestores só voltarão ao Brasil depois que o País reaver o grau de investimento.
Assim também pensa Enrico Trotta, analista da corretora Itaú BBA. Ele previu um ano de recuperação lenta para o desempenho operacional das incorporadoras listadas na bolsa e para o retorno dos investidores que atuam nesse setor.
Trotta observa que o capital das companhias está amplamente empregado em terrenos e estoques de imóveis - na planta, em obras ou recém-construídos -, mas esses ativos têm encarado baixa liquidez e negociações com descontos, o que afetou a sua rentabilidade.
"Não acho que a velocidade de venda dos estoques de imóveis das incorporadoras vai melhorar tanto, mesmo com a queda da Selic, porque ainda faltará a melhora da renda da população. Para efetivar uma compra, a família precisa ter confiança de que continuará empregada, além de uma poupança de 20% a 30% do valor do imóvel", afirmou Trotta.
Gustavo Garcia, líder de Inteligência de Mercado para América do Sul da consultoria Cushman & Wakefield, diz que, no setor de prédios corporativos, a tendência é que o mercado continue sem o lançamento de novos projetos nos próximos anos, dado o volume grande de obras que foram concluídas recentemente e a quantidade elevada de áreas não alugadas.
"Há um novo equilíbrio em andamento. Não esperamos lançamentos nos próximos anos", diz Garcia.
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