Com apelo de alimentos saudáveis, a Superbom atravessa as fronteiras
A quase centenária empresa, fundada pela Igreja Adventista, projeta aumentar em 8% seu faturamento exportando para novos mercados
A Superbom é uma empresa quase centenária. Fundada em 1925, a companhia teve origem como uma pequena indústria de suco de uva ligada à Igreja Adventista do Sétimo Dia. A unidade, instalada na zona sul da capital paulista, então, cresceu e prosperou.
Os alimentos e bebidas que eram produzidos para suprir as demandas nutricionais da dieta restritiva dos membros da instituição religiosa se tornaram referência em alimentação saudável – e uma tradição entre as famílias paulistanas.
A criança estava com tosse ou dor de garganta? A sabedoria popular recomendava mel com limão. E é bem provável que o mel escolhido tenha sido o de embalagem redonda de vidro com tampa dourada – o da Superbom.
Atualmente, a Superbom possui uma gestão de alto nível, emprega cerca de 250 funcionários possui duas fábricas – uma em São Paulo e outra em Santa Catarina.
A produção das 11 linhas de produtos funciona a todo vapor.
Anualmente, são produzidos mais de 150 toneladas de mel, 3 milhões de litros de suco e 1,1 milhão de toneladas de cevada – substituto saudável do café.
LEIA MAIS: Pequenas e médias empresas ganham força no jogo global
Parte da produção da Superbom atravessa as fronteiras e é vendida mundo afora. Em 2012, a empresa iniciou um plano de expansão com investimentos de 13 milhões de reais – o que aumentou a capacidade produtiva em quatro vezes.
Um dos mercados prioritários foi a China. Prateleiras de redes de supermercados, empórios e lojas de Xangai, Guangzhou e Shenzen, ricas cidades chinesas, expõem o suco de uva da Superbom.
Em 2014, foi a vez de desembarcar na Alemanha. Após a análise de um estudo da Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), a Superbom constatou que o mercado alemão possuía carência de produtos provenientes de cana-de-açúcar e com alto teor de ferro em sua composição.
“Enxergamos uma oportunidade para vender o melado de cana tradicional do Brasil”, diz Ivan Márcio de Souza, gerente de vendas da Superbom.
Hoje, as vendas na Alemanha são responsáveis por 3% do faturamento da Superbom. A empresa não detalha o valor das receitas. Apenas informa que é de médio porte, com faturamento inferior a 90 milhões de reais.
ATUAÇÃO NO MERCOSUL
A mais recente missão internacional da Superbom foi no Paraguai. Durante dois anos, a empresa analisou as prateleiras dos mercados e o perfil do consumidor no país vizinho.
Houve duas constatações. Primeiro, muitas marcas brasileiras atuam na região e são respeitadas pelo consumidor.
Segundo, e mais importante, havia poucos produtos vegetarianos e veganos processados no varejo paraguaio.
De acordo com Souza, o paraguaio vegetariano se alimenta, basicamente, de produtos in natura por falta de mais opções de produtos.
Após dois anos de estudos, visitas técnicas, escolha de centro de distribuição e mapeamento de pontos de venda, a Superbom estará no mercado paraguaio a partir de junho.
De acordo com estimativas, a exportação para o país do outro lado da Ponte da Amizade deverá somar 8% ao faturamento nos próximos anos.
Não foi fácil estabelecer negócios no Paraguai devido à burocracia. Para iniciar as vendas, foi preciso traduzir e registrar no consulado paraguaio inúmeros documentos, como fichas técnicas de produtos e certificados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
Para evitar a bitributação – pagar o mesmo imposto mais de uma vez – a empresa teve de apresentar a Recetia Federal e outros orgãos governamentais uma série de documentos que comprovavam que parte da produção seria vendida fora do país.
Neste caso, o produto é isento de alguns impostos, como o ICMS, pois tributos similares serão cobrados no país onde o produto será vendido.
Além do Paraguai, a empresa atende outros países da América do Sul, como Chile e Colômbia.
VEJA MAIS: Pequena empresa paulista ganha o mundo com itens inusitados
SEM CRISE À VISTA
A recessão econômica brasileira quase causou impacto negativo na Superbom. Quase, pois a empresa adotou a estratégia inovação para superar os tempos conturbados na economia brasileira.
Para oferecer produtos mais competitivos no mercado interno e externo, a empresa investiu em pesquisa e desenvolvimento.
Todos os itens passaram por uma revisão de composição. Houve diminuição nos teores de sódio, açúcar e gordura. Ao mesmo tempo, fibra e proteína ganharam mais espaço nas fórmulas.
A empresa também lançou novos produtos, como o Vegan Chesse, um queijo feito a partir de óleo de palma, amido de batata, cenoura e abóbora.
Há no mercado Vegan Chesse nos tipos provolone, prato e muçarela. Outra novidade é a linha de latinhas de néctar com menos calorias, batizado de Fit.
A venda dessas novidades ajudou a empresa a equilibrar as receitas, uma vez que os produtos tradicionais registraram uma ligeira queda.
“O foco é desenvolver novos produtos e manter a empresa como referência em alimentação saudável”, afirma Souza.
A Superbom também protegeu suas margens de exportação quando considerou um dólar mais baixo que a cotação atual para precificar os produtos no exterior e estabelecer o retorno sobre investimento.
“Durante a fase de planejamento, nossas estimativas de receita para 2015, 2016 e 2017 não consideraram o valor especulativo da moeda”, diz Souza. “O dólar poderá recuar ao patamar de três anos atrás e, mesmo assim, nossa margem estará protegida.”
SAIBA TAMBÉM: Chocolate com gostinho brasileiro pelo mundo