Pequenas Inovadoras | Agência produz identidade visual para pequenas empresas
Como o designer gráfico abriu um negócio de sucesso para atender a microempreendedores
Leitor assíduo de Chris Anderson, CEO da 3D Robotics e ex-editor da revista Wired, Gustavo Mota, 32 anos, designer gráfico e fundador da We Do Logos encontrou no livro Free, do mesmo autor, a sua fórmula de sucesso. Mota criou uma plataforma de funcionamento bem particular, que conecta o trabalho de designers a empresários de todo o Brasil, que procuram preço baixo e criatividade.
A dinâmica toda é envolvida por um conceito chamado Concorrência Criativa – muito usado em processos de contratação pelas Prefeituras, e permite que todo o processo seja feito online.
A prática é simples. Os 55 mil designers autônomos cadastrados na We Do Logos têm acesso as solicitações dos clientes que procuram a agência para criar a identidade visual para as suas empresas - logos, web site e papelaria - e estabelecem um valor máximo a ser pago pelo serviço. Os profissionais que se interessarem encaminham uma proposta, e a mais atraente é escolhida diretamente pelo cliente.
Hoje, o site tem mil projetos para serem executados – um valor total de no mínimo R$ 350 mil, direcionado para os profissionais contratados. Desde o início R$ 5,5 milhões já foram repassados para estes profissionais, e a agência fica com 30%.
“Optei por essa modalidade para poder atender a um público completamente desabastecido, além de gigantesco – o micro e pequeno empresário. Ninguém procura um designer barato porque todo mundo sabe que este tipo de serviço é caro”, diz.
Segundo Mota, o estilo home office é o que verdadeiramente barateia o processo, aumenta o lucro e o permite trabalhar com preços atraentes. Na We Do Logos, o valor dos serviços oferecidos parte de R$450 – são 21 mil clientes em todo o Brasil.
COMO TUDO COMEÇOU
Ainda adolescente, Mota já sabia o que queria para a sua vida. “Meu irmão e minha prima são designers. Foi minha prima, inclusive, que conseguiu meu primeiro estágio aos 16 anos, e que durou um ano”, diz.
Depois disso, Mota partiu para a sua primeira empreitada. Foi em um cômodo, que ele e um amigo criaram uma agência digital de comunicação que produzia sites, panfletos e cartões de visita. “A agência cresceu muito e tínhamos grandes clientes. Chegamos a atender a ONU (Organização das Nações Unidas)”, diz.
“O produto que oferecíamos era caro para o microempresário, e eu ficava incomodado de não conseguir atingir esse público”, diz. No Brasil, 99% das empresas são micro ou pequenas.
A parceria durou 12 anos, quando Mota decidiu inovar e criou a We Do Logos, que faz parte do grupo de empreendedores apoiados pela Endeavor. Na antiga agência, o valor inicial dos logos era de R$ 2 mil. A inspiração surgiu durante uma das leituras em um curso de pós-graduação em marketing. "Lendo o livro do Chris Anderson descobri o caminho certo", diz.
Foram três meses para fechar a ideia e três semanas para colocá-la em prática. Mota investiu em divulgação em redes sociais, propaganda online e assessoria de imprensa. Mas, o grande impulso da empresa veio de uma crítica, da revista ABC Design, uma semana após o lançamento da empresa.
A publicação criticava o modelo estabelecido pelo empresário – Concorrência Criativa - e teve um efeito contrário, fazendo o negócio deslanchar. De 80 profissionais cadastrados, houve um salto para 800 designers de um dia para o outro.
EXPANSÃO
Há 20 dias, a We Do Logos entrou para o franchising e já possui uma lista de 1.400 interessados. Deste total, apenas 30 serão selecionados por Mota para abrir as novas unidades. O critério para escolha é ter afinidade com a área de atendimento, gestão e vendas, e “gostar de gente”.
Os futuros franqueados da empresa poderão trabalhar em casa, irão atrás de novos clientes e terão uma atuação mais próxima na intermediação entre empreendedores e designers. "Eles farão o que nossa equipe, atualmente, faz", afirma.
O investimento pode variar entre R$ 15 mil e R$ 19 mil. A franqueadora ainda sugere que o interessado tenha um capital de giro entre R$ 2 mil e R$ 5 mil.
De acordo com Mota, os franqueados não serão concorrentes entre si. Cada um deles poderá atuar em uma determinada região, com uma população aproximada de 100 mil habitantes. O ideal é que cada um deles também tenha um funcionário, que trabalhe no mesmo ambiete. "Enquanto uma pessoa faz a gestão administrativa da empresa, a outra fica trabalhando nas vendas", diz Mota. A remuneração dos franqueados será composta por um porcentual sobre cada trabalho intermediado.
Além do modelo de franquias, este ano a startup está focada em outro tipo de expansão, a internacional. “Queremos vender este sistema para outras pessoas. E investir na possibilidade de abrir uma base no México, Estados Unidos e Japão”, diz.
“Temos parceiros que nos contatam de outros países, por isso o interessante seria criar uma base local, pois além de ter profissionais é importante que estes falem literalmente a mesma língua que os clientes."
Vídeo: Endeavor