Empresas brasileiras na mira das estrangeiras
Mercado de fusões e aquisições deve continuar aquecido neste ano. No ano passado, operações somaram R$ 109,5 bilhões, segundo a Anbima
As aquisições de empresas brasileiras por companhias estrangeiras responderam pela maior fatia do volume total de operações do ano passado, com peso de 43% do total, o equivalente a R$ 47,1 bilhões.
Isso mostra que as empresas brasileiras continuam na mira do mercado internacional, apesar de uma redução no volume total de operações, segundo os dados foram divulgados pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
As fusões e aquisições, ofertas públicas de aquisições de ações (OPAs) e reestruturações societárias - no Brasil e exterior - somaram R$ 109,5 bilhões em 2015, uma queda de 43,2% em relação ao ano anterior e o menor valor dos últimos seis anos.
Ubiratan Machado, coordenador do subcomitê de Fusões e Aquisições da Anbima, avalia que o mercado de fusões e aquisições tende a ser aquecido em 2016, com a consolidação de setores como financeiro e de infraestrutura e o aumento do apetite dos investidores estrangeiros pelo Brasil, devido à desvalorização cambial.
Entre as estrangeiras, mereceu destaque a participação de empresas europeias e norte-americanas, com 38,4% e 37,7% desse total, respectivamente.
Já as empresas provenientes de Ásia e América Latina tiveram participação de 20,3% e 3,6%, respectivamente, nas aquisições.
"Os investidores asiáticos estão olhando oportunidades no longo prazo, especialmente no setor elétrico, e a tendência é que esse movimento se estenda para outros setores da economia. Não acredito em número recorde de operações, mas se o cenário macroeconômico ficar mais definido, poderemos ter surpresas positivas no segundo semestre", afirmou.
Em 2015, o volume médio das operações de fusões e aquisições foi de R$ 1 bilhão, inferior apenas ao volume médio observado nos anos de 2014 e 2010, ambos de R$ 1,3 bilhão.
Com isso, embora as dez maiores operações de 2015 tenham respondido por mais da metade do volume, com peso de 54,6%, a participação relativa desse grupo caiu em comparação a 2014, quando respondeu por 62,6% do total.
Além das operações envolvendo HSBC, comprado pelo Bradesco, e Souza Cruz, que fechou capital em 2015, destacaram-se no ano os anúncios de aquisição da Moy Park, da Eneva, a compra de ativos da Cargil pela JBS, Ecorodovias e a venda das Minerações Brasileiras Reunidas pela Vale, todas operações com volumes entre R$ 4 e R$ 4,6 bilhões.
Ainda com relação à origem do capital, também foram relevantes as compras de empresas estrangeiras por companhias brasileiras, que somaram R$ 32,1 bilhões, equivalentes a 29,3% do total.
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