BNDES financia compra de ativos de empresas em recuperação
Poderão ser adquiridas unidades industriais, estabelecimentos comerciais, participação societária, entre outros ativos
Após reunião com o presidente em exercício, Michel Temer, a presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Maria Sílvia Bastos, e o ministro interino do Planejamento, Dyogo Oliveira, anunciaram uma nova linha que permite o financiamento para compra de ativos de empresas em recuperação judicial.
O programa terá dotação orçamentária de R$ 5 bilhões e o prazo de vigência é 31 de agosto de 2017.
O apoio do BNDES, na modalidade direta, será destinado unicamente ao adquirente e se dará por meio de financiamentos de renda fixa, com a possibilidade também de introdução de mecanismos de subscrição de valores mobiliários.
Segundo o BNDES, o novo programa visa promover o aproveitamento, a utilização e a conservação de ativos existentes, evitando deterioração e prevenindo a formação de passivos socioambientais.
Os beneficiários do programa serão empresas e cooperativas, com sede e administração no Brasil, desde que sejam dotados de capacidade gerencial e situação econômica e financeira compatível com a aquisição e a exploração pretendida, bem como com o financiamento.
O ativo precisará ainda ser adquirido com o propósito de empreender atividades econômicas, ainda que diversa da exercida pela vendedora.
A taxa de juros será dada através de referenciais de mercado com spread básico de 1,5% ao ano e spread de risco de acordo com o adquirente.
O prazo total de carência e a amortização deverão ser compatíveis com o fluxo de caixa projetado, limitando o prazo total a 10 anos.
O comprador deverá possuir demonstrações financeiras por empresas de auditoria independente registrada na CVM e não poderá integrar o grupo econômico da vendedora, ser parte relacionada ou identificado como agente.
Segundo o BNDES, entre os itens financiáveis estão unidades industriais, estabelecimentos comerciais, participação societária representativa do controle ou integrante do bloco de controle.
Se vinculados aos objetivos do programa, também poderão ser financiados estudos, projetos, consultorias e auditorias e capital de giro associado à aquisição e operação inicial do ativo.
RECUPERAÇÃO JUDICIAL
Segundo Maria Silvia, no primeiro semestre deste ano, 923 empresas entraram em recuperação judicial, número 90% maior do que no mesmo período de 2015.
Ela afirmou que apenas 1,1% das empresas brasileiras que entram em recuperação judicial conseguem se restabelecer em um período de 6 a 10 anos.
Nos países desenvolvidos, a parcela das companhias que conseguem sair da recuperação judicial varia entre 20% e 30%, em um período menor, de 2 anos.
A presidente do banco disse que pode rever o volume destinado ao produto, R$ 5 bilhões, caso a demanda seja maior.
QUEDA NOS FINANCIAMENTOS
Muito atrelados à variação cambial, os financiamentos do BNDES para empresas já mostram um recuo de 7,2% no acumulado deste ano, na comparação com o mesmo período de 2015.
Apenas em julho, a queda foi de 0,2 ponto porcentual na margem, somando um total de R$ 587,686 bilhões, conforme dados do Banco Central apresentados nesta quinta-feira, 25/08. Em 12 meses, a queda está em 4,5%.
Em julho, as linhas de capital de giro (R$ 15,724 bilhões) dispararam 28,8% na margem. De acordo com o BC, esta modalidade de crédito está altamente ligada ao nível de atividade da economia. No ano, a alta é de 12% e, em 12 meses, de 10,1%.
No financiamento ao investimento, no entanto houve recuo de 0,9% de junho para julho, para um total de R$ 559,166 bilhões e alta de 0,6% nas modalidades para o setor rural (R$ 12,796 bilhões) por parte do banco de desenvolvimento.
O crédito do BNDES para pessoas físicas, que reúne operações contratadas diretamente com o banco de fomento ou realizadas por outras instituições financeiras por meio de repasses, avançou 0,2% em julho, para R$ 47,147 bilhões. A alta em 12 meses está em 5,0%.
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