Focus aponta nova queda do PIB e da inflação
Embora o Banco Central tenha mantido a projeção de crescimento de 0,5% para a economia brasileira em 2017, economistas do mercado financeiro seguem demonstrando maior pessimismo
A expectativa de alta para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano caiu de 0,40% para 0,39% no Relatório de Mercado Focus, divulgado nesta segunda-feira (26/06). Há um mês, a perspectiva era de avanço de 0,49%.
Para 2018, o mercado também mudou, para pior, a previsão de expansão do PIB, de 2,20% para 2,10%. Quatro semanas atrás, a expectativa estava em 2,48%.
Na última quinta-feira, 22, o BC informou em seu Relatório Trimestral de Inflação (RTI) a manutenção em 0,5% da estimativa para o PIB em 2017.
A agropecuária, com projeção de expansão de 9,6% no ano, é o principal fator de sustentação para a atividade. No RTI, o Banco Central também voltou a defender que os indicadores permanecem compatíveis com a estabilização da economia no curto prazo.
No relatório Focus desta segunda, as projeções para a produção industrial para este ano também voltaram a piorar. O avanço projetado para 2017 foi de 0,60% para 0,55%.
INFLAÇÃO
Sob influência do Relatório Trimestral de Inflação (RTI) e do IPCA-15 de junho, os economistas do mercado financeiro voltaram a reduzir suas projeções para a inflação neste e no próximo ano
O Relatório Focus mostra que a mediana para o IPCA - o índice oficial de inflação - em 2017 foi de 3,64% para 3,48%. Há um mês, estava em 3,95%. Já a projeção para o IPCA de 2018 foi de 4,33% para 4,30%, ante 4,40% de quatro semanas atrás.
Na prática, as projeções de mercado divulgadas hoje no Focus indicam que a expectativa é que a inflação fique abaixo do centro da meta, de 4,5%, em 2017 e 2018. A margem de tolerância para estes anos é de 1,5 ponto porcentual (inflação entre 3,0% e 6,0%).
Na última quinta-feira (22/06), o BC atualizou, por meio do RTI, suas projeções para a inflação em 2017 e 2018. No cenário de mercado, que utiliza valores para câmbio e juros apurados no Focus, a projeção para este ano foi de 4,0% para 3,8%. No caso do próximo ano, a expectativa passou de 4,6% para 4,5%.
Já o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou na sexta-feira (23) que o IPCA-15 - considerado uma espécie de prévia para a inflação oficial - subiu 0,16% em junho, acumulando taxa de 1,62% em 2017 e de 3,52% em 12 meses. Novamente, o resultado foi considerado favorável pelos economistas do mercado.
Câmbio
O Relatório de Mercado Focus mostrou que a projeção para a cotação da moeda americana no fim de 2017 passou de R$ 3,30 para R$ 3,32. Há um mês, estava em R$ 3,25. O câmbio médio de 2017 seguiu em R$ 3,24, ante R$ 3,19 de um mês antes.
No caso de 2018, a projeção para o câmbio no fim do ano seguiu em R$ 3,40. Quatro semanas antes, estava em R$ 3,37. Já a projeção para o câmbio médio no próximo ano permaneceu em R$ 3,38, ante R$ 3,33 de quatro semanas atrás.
SELIC
Os economistas do mercado financeiro decidiram manter suas projeções para a Selic no fim de 2017 e de 2018.
De acordo com o Focus, a mediana das previsões para a Selic este ano seguiu em 8,50% ao ano. Há um mês, estava no mesmo patamar.
O relatório indicou ainda que a mediana das projeções dos economistas para a Selic no fim de 2018 permaneceu em 8,50% ao ano, também igual ao verificado um mês atrás.
A manutenção das estimativas para a Selic ocorre após o Banco Central, no RTI deixar as portas abertas para a continuidade do ritmo de corte da Selic, de 1 ponto porcentual, na reunião de política monetária de julho.
No documento, o BC reiterou que o ritmo de cortes da Selic dependerá da atividade econômica, dos riscos para o cenário de inflação, das reavaliações sobre o ciclo e das expectativas para o IPCA.
No relatório Focus de hoje, a Selic média de 2017 seguiu em 10,28% ao ano. Há um mês, a mediana da taxa média projetada era a mesma. No caso de 2018, a Selic média seguiu em 8,50%, igual ao verificado há quatro semanas.
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