Saiba quais são as últimas bombas das delações premiadas
Dilma é a maior prejudicada: perde votos no Senado e transforma em inevitável a confirmação do impeachment. Mas Henrique Alves (PMDB) e Aécio Neves (PSDB) também estão desconfortáveis
As delações premiadas e outras revelações da Lava Jato prometem provocar novos estragos até no mínimo o mês de agosto. Mesmo assim, aqui vai um balanço dos episódios que se traduzem nos últimos dias por efeitos devastadores.
DILMA – A presidente afastada chegou a acreditar que o Senado poderia reverter o processo de impeachment. Seus operadores estavam atrás de no mínimo três votos hesitantes, entre eles o do senador Romário (PSB-RJ).
O projeto está comprometido pela revelação de que Marcelo Odebrecht a implica diretamente – ela pediu um “por fora” de R$ 12 milhões durante a campanha de 2014 – e pela informação de que até seu cabelereiro tinha o trabalho remunerado pelo dinheiro da corrupção.
Dilma também foi atingida por Nestor Cerveró, o ex-diretor internacional da Petrobras, que reiterou ser ela responsável pela compra escandalosa da refinaria de Pasadena, que, segundo o Tribunal de Contas da União, provocou um prejuízo de US$ 792 milhões.
LULA – O ex-presidente continua muito enroscado. Cerveró disse que em 2009 ele determinou que o então senador José Eduardo Dutra (PT-SE) esvaziasse a CPI da Petrobras.
Leo Pinheiro, ex-presidente da OAS, disse que foi Lula quem pediu para que a empreiteira participasse da reforma do sítio em Atibaia, e que o tríplex do Guarujá era aceito dentro de sua empresa como propriedade do ex-presidente.
A delação de Marcelo Odebrecht e de executivos da empresa procuram comprovar as “operações casadas”, em que Lula intermediou financiamento do BNDES para obras no exterior. A informação surgiu em delação do ex-senador petista Delúbio Soares.
A Procuradoria Geral da República também investiga negócios com petróleo em Angola. O ex-presidente do PP, Pedro Corrêa, disse que Lula intercedeu para que Paulo Roberto Costa fosse nomeado à diretoria de Abastecimento da Petrobras, tornando-se um foco de corrupção.
Por fim, o pecuarista José Carlos Bumlai assumiu ter feito o empréstimo de R$ 12 milhões para, a pedido de Lula, pagar dívidas do PT e silenciar informações sobre o assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel.
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HENRIQUE ALVES – O ministro do Turismo, um dos primeiros a desembarcar do governo Dilma e que se aconchegou ao núcleo de decisões do presidente interino Michel Temer, é o último a ser abatido por denúncias.
O procurador geral da República, Rodrigo Janot, revela, entre falcatruas, que a OAS financiou com dinheiro desviado da Petrobras parte da campanha eleitoral em que ele procurou, sem sucesso, eleger-se em 2014 para o governo do Rio Grande do Norte.
SARNEY, RENAN E JUCÁ – O trio poderoso do comando do PMDB (há um quarto integrante, que é Michel Temer, mas dele nada se falou) foi acusado em delação pelo filho de Sérgio Machado, o ex-senador e ex-presidente da Transpetro.
Os três são acusados de receber R$ 70 milhões em propina. A Procuradoria Geral da República abriu inquérito por ordem do ministro Teori Zavascki, que investiga a Lava Jato no STF. É a instância reservada a suspeitos ou réus com foro privilegiado.
AÉCIO NEVES – Duas acusações foram arquivadas pelo ministro Teori Zavascki por falta de provas. Trata-se de irregularidades em Furnas e em obras da empreiteira UCT. Mas duas outras linhas de investigações ainda estão abertas.
A primeira é sobre a CPI dos Correios, em 2006, que, segundo Delcídio do Amaral, transformou o dirigente tucano em cúmplice para acobertar fatos do Mensalão, pela existência de esquema semelhante em Minas Gerais.
Furnas volta à tona com a segunda linha de investigação, pela qual Aécio indicou Dimas Toledo para a direção da estatal. O lobista Fernando Moura, que detalhou a história e está em regime de delação premiada, é também ligado ao ex-ministro e operador petista José Dirceu.
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FOTO: Agência Brasil