O que vale é o placar do plenário, diz Rodrigo Maia
Levantamento mostra que, se a votação fosse hoje, o governo não teria votos suficientes para aprovar a proposta
Parlamentares da base aliada do presidente Michel Temer minimizaram o levantamento feito pelo jornal "O Estado de S. Paulo" sobre a reforma da Previdência. Por enquanto, o Placar da Previdência mostra que, se a votação fosse hoje, o governo não teria votos suficientes para aprovar a proposta.
"O que vale é o placar do plenário. O placar do Estadão é bom para vender jornal; o placar que é bom para o Brasil é o do plenário", disse o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR) afirmou, em nota, que a proposta ainda está em fase de consolidação. Para ele, o governo terá os votos necessários para aprovar as mudanças no sistema previdenciário. "A construção da proposta está sendo feita em conjunto com deputados e senadores. Este entendimento está sendo feito não só para espelhar a posição técnica, mas também a expressão política da base do governo", disse.
Parlamentares da oposição comemoraram o placar. Para eles, mostra que o governo Temer enfrenta dificuldades para aprovar as mudanças no sistema previdenciário, considerada primordial para colocar as finanças do País em ordem.
"Essa reforma não passa na Câmara e também não passa aqui no Senado", disse o líder da minoria no Senado, Humberto Costa (PT-PE). Para ele, "há uma enorme rejeição da sociedade à proposta enviada ao Congresso para a reforma da Previdência e os parlamentares não querem tomar posições que os coloquem contra os eleitores."
Segundo o Placar da Previdência, até agora apenas 95 deputados se manifestaram a favor da reforma da Previdência. Até o fechamento desta matéria, 251 deputados haviam se posicionado contra, mesmo com a opção de suavizar o texto.
MOVIMENTO
Com a reforma da Previdência chegando a um momento decisivo, os grupos que se contrapõem às mudanças, até agora hegemônicos, deverão enfrentar resistências daqui para a frente.
Na semana passada, foi lançado um novo movimento favorável à mudança, batizado de "Apoie a reforma", cujo objetivo é esclarecer a população sobre a questão e pressionar os parlamentares a aprovarem a medida.
"A voz das pessoas que são favoráveis à reforma não reverbera no Congresso", diz Luiz Felipe d?Avila, articulador do movimento e presidente do Centro de Liderança Pública, organização voltada para a formação de líderes governamentais. "Hoje, o foco da comunicação tem de ser em cima dos parlamentares."
O site do movimento - apoieareforma.com - traz vídeos para traduzir o economês que costuma acompanhar os discussões sobre a reforma da Previdência, além de um texto pró-reforma a ser assinado pelos usuários e enviado para cada deputado e senador. O canal do Apoie a Reforma no YouTube tem sete vídeos de curta duração.
Eles abordam pontos da proposta de reforma do governo, questionam as diferentes regras de aposentadoria para servidores públicos e trabalhadores da iniciativa privada e mostram que a Previdência tira recursos de áreas como Saúde e Educação.
"O que a gente está querendo fazer é sensibilizar os parlamentares", afirma D?Avila. "A Previdência é uma bomba-relógio que precisa ser desarmada ou não haverá dinheiro para pagar a aposentadoria."
O movimento não recebeu o apoio formal dos grupos que organizaram as manifestações pelo impeachment e em defesa da Lava Jato, mas conta com a participação de alguns de seus integrantes. Eles deverão ajudar a impulsionar a divulgação do abaixo-assinado e dos vídeos nas redes sociais.
"A gente está tentando fazer a contrapartida aos materiais de quem é contra, como o vídeo com o ator Wagner Moura, no qual ele critica duramente a reforma", diz o ativista Maurício Chaves, que trabalha como administrador de empresas.
Segundo ele, os vídeos do movimento são bancados por financiamento coletivo pela internet. "Recolhemos alguns números e transformamos esses dados em uma forma de comunicação mais simples e mais fácil de ser compreendida.
FOTO: Agência Brasil