Ex-ministro Mantega é preso pela Lava Jato
Guido Mantega foi delatado por Eike Batista, que relatou ao MPF ter sido solicitado a pagar R$ 5 milhões para o Partido dos Trabalhadores (PT)
O economista Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda dos governos Lula e Dilma, foi alvo de prisão temporária na manhã desta quinta-feira (22/09), em nova fase da Operação Lava Jato, batizada de Arquivo X. Mantega estava no hospital Albert Einstein, onde acompanhava a mulher em tratamento médico.
Segundo a Polícia Federal, Mantega teria atuado atuado diretamente junto ao comando de uma empresa de Eike Batista para negociar o repasse de recursos para pagamentos de dívidas de campanha do PT.
Estes valores teriam como destino pessoas já investigadas na operação e que atuavam no marketing e propaganda de campanhas políticas do partido.
"São apuradas as práticas, dentre outros crimes, de corrupção, fraude em licitações, associação criminosa e lavagem de dinheiro", diz, em nota, a Polícia Federal.
DELAÇÃO
Pela manhã, policiais federais fizeram busca e apreensão de documentos na OSX, empresa de Eike Batista, no centro da cidade do Rio de Janeiro.
De acordo com nota do Ministério Público Federal no Paraná, em julho de 2012, o Consórcio Integra Ofsshore, formado pelas empresas Mendes Júnior e OSX, firmou contrato com a Petrobras no valor de US$ 922 milhões, para a construção das plataformas P-67 e P-70.
Em depoimento ao Ministério Público, o empresário Eike Batista, ex-presidente do Conselho de Administração da OSX, disse que, em novembro de 2012, Guido Mantega, que à época era presidente do Conselho de Administração da Petrobras, teria pedido R$ 5 milhões para o Partido dos Trabalhadores (PT).
Para operacionalizar o repasse, Eike firmou contrato falso com empresa ligada a publicitários já denunciados na Operação Lava Jato por disponibilizarem seus serviços para a lavagem de dinheiro oriundo de crimes.
Após uma primeira tentativa frustrada de repasse em dezembro de 2012, em abril de 2013 constatou-se a transferência de US$ 2,350 milhões, no exterior, entre contas de Eike Batista e dos publicitários.
As consorciadas, que não tinham tradição no mercado específico de construção e integração de plataformas, viabilizaram a contratação mediante o repasse de valores a pessoas ligadas a agentes públicos e políticos.
O ex-ministro Mantega será levado ainda hoje para a sede da Polícia Federal em Curitiba. Os procuradores e delegados da Polícia Federal concedem entrevista coletiva ainda hoje para dar detalhes da operação.
ZELOTES
Em maio passado, o ex-ministro foi conduzido coercitivamente pela Operação Zelotes, que apura suspeitas de manipulação de julgamentos no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf).
O caso estava ligado à do empresário Victor Garcia Sandri, amigo de Mantega, que teria comprado o então conselheiro do Carf Valmar Fonseca de Menezes para anular seu débito.
O MPF sustenta que o ex-ministro Guido Mantega nomeou, em junho de 2011, Valmar e também o então conselheiro José Ricardo da Silva - já condenado na Zelotes - para a câmara que analisou o caso do seu amigo.
Com isso, a Cimento Penha conseguiu abater débito de R$ 106 milhões em julgamento no Carf. Na ocasião, Mantega teve seus sigilos bancário e fiscal quebrados.
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ARQUIVO X
Aproximadamente 180 policiais federais e 30 auditores fiscais estão cumprindo mandados judiciais em cidades nos estados de São Paulo, do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, de Minas Gerais, da Bahia e no Distrito Federal.
A Polícia Federal (PF), com o apoio da Receita Federal, deflagrou na manhã de hoje (19) a 34ª fase da Operação Lava Jato.
O nome Arquivo X dado à operação é uma referência a um dos grupos empresarias investigados e que tem como marca a colocação e repetição do “X” nos nomes das pessoas jurídicas integrantes do seu conglomerado empresarial.
As equipes policiais estão cumprindo 49 ordens judiciais, sendo 33 mandados de busca e apreensão, oito mandados de prisão temporária e oito mandados de condução coercitiva, quando a pessoa é levada para delegacia, preste depoimento e, em seguida, é liberada.
Nesta fase da Lava Jato são investigados fatos relacionados à contratação pela Petrobras de empresas para a construção de duas plataformas (P-67 e P-70) para a exploração de petróleo na camada pré-sal.
"Utilizando-se de expedientes já revelados no bojo da Operação Lava Jato, fraude do processo licitatório, corrupção de agentes públicos e repasses de recursos a agentes e partidos políticos responsáveis pelas indicações de cargos importantes da estatal, empresas se associaram na forma de consórcio para obter os contratos de construção das duas plataformas muito embora não possuíssem experiência, estrutura ou preparo para tanto", diz a nota da PF.
Aproximadamente 180 policiais federais e 30 auditores fiscais estão cumprindo mandados judiciais em cidades nos estados de São Paulo, do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, de Minas Gerais, da Bahia e no Distrito Federal.
*Com informações da Agência Brasil
FOTO: Fernando Bizerra/Agência Lusa